Destaques da Revista Época:Ele quer voltarComo o ex-tesoureiro do mensalão Delúbio Soares, em seu velho estilo subterrâneo, está articulando seu retorno ao PT e à políticaRodrigo Rangel, de Goiânia SORRISO NOVO Delúbio nos tempos da CPI dos Correios (detalhe) e hoje (foto maior). As roupas de grife são as mesmas de 2005, mas a boca melhorou: os dentes separados foram corrigidos com o uso de aparelho. A barba está mais branca e ele mais gordo. A pose de novo-rico, porém, se mantém a mesma. A capacidade de articulação também. A diferença é que a clausura imposta pelo escândalo do mensalão ficou para trás. Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT acusado de participar de um esquema de compra de apoio para o governo Lula, está de volta à política. Subterrâneo, como é seu estilo, mas tão desenvolto quanto antes do escândalo. Sua mais nova bandeira está na rua. Delúbio, expulso das fileiras petistas no rastro do mensalão, quer voltar ao partido. O retorno ao PT faz parte de outro projeto: eleger-se deputado federal em 2010 por Goiás. Abrigo partidário não lhe falta. O PMDB já abriu suas portas. Mas, aos petistas com quem conversa, Delúbio tem dito que pretende mesmo é ser candidato pelo PT e que, em 2009, vai apresentar seu pedido de refiliação. (...)
RÉU
Foi acusado de montar um esquema de pagamento para parlamentares que votavam projetos de interesse do governo, conhecido como mensalão. Foi expulso do PT. É processado no Supremo Tribunal Federal por formação de quadrilha, peculato e corrupção ativa.
A nova dona do cofre
Mãe do humorista Mução, a primeira mulher a chefiar a Receita Federal tem fama de durona
Andrei Meireles e Murilo Ramos
A LEOA
Lina Vieira fez carreira no Nordeste. Sua nomeação para o lugar de Jorge Rachid foi inesperada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma aposta de risco na semana passada. Atendendo ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, ele bancou a demissão de Jorge Rachid – no comando da Receita Federal desde que Lula chegou ao Planalto e responsável por sucessivos recordes de arrecadação. Em seu lugar, Mantega nomeou a advogada Lina Maria Vieira, de 57 anos, uma auditora fiscal que fez quase toda a carreira no Rio Grande do Norte. O maior desafio de Lina será manter o desempenho da máquina que consegue o dinheiro para financiar as crescentes despesas do governo Lula. No Nordeste, seu trabalho fez sucesso. Lina conquistou fama de durona com sonegadores e de ferrenha opositora à concessão de benefícios fiscais para empresas. “Ela é correta, firme e séria. Como secretária da Receita, terão de se acostumar com alguém realmente inflexível quando toma uma decisão”, afirma o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB). Lina foi secretária da Fazenda numa das vezes em que Garibaldi foi governador do Rio Grande do Norte. (...)
Quem decide o voto é o crime
Traficantes e milicianos do Rio resolveram entrar para a política. Seus métodos são a violência, a intimidação e a criação de currais eleitorais
Rafael Pereira
ARMADILHAFaixa no Complexo do Alemão, no Rio, dá boas-vindas aos políticos. Quem apareceu, porém, não foi muito bem recebido. Há dois anos, um grampo captou uma conversa entre um policial civil corrupto do Rio de Janeiro e o chefe do tráfico na Favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. A conversa de 2006 mostra com clareza como os bandidos começam a fazer uso da política para fortalecer seu poder. Ela está sendo investigada agora pela Corregedoria da polícia:
Policial: “A Rocinha é a maior favela da América Latina e todo mundo quer entrar. Se tu tiver os votos dominados, vale mais do que qualquer bico (fuzil), que qualquer quilo de pó (cocaína)”.
Nem: “Quem manda é a política, né?”.
Policial: “Tu tem de mudar tua mentalidade. Tu é o cara. Tem de se politizar”.
Nem: “Na próxima eleição de vereador já dá pra encaixar”.
(...)
Sombras do passado
A Justiça começa a decidir se Carlos Alberto Ustra terá de responder por torturas na ditadura
Matheus Leitão e Mariana Sanches
DISCÓRDIAO coronel Ustra em Brasília: a abertura de processo contra acusados de tortura divide o governo e o STF e levou o presidente Lula a pedir conselhos sobre o assunto. Engana-se quem imagina que o debate sobre o possível julgamento de oficiais acusados de tortura e assassinato durante o regime militar seja um assunto de interesse exclusivo de presos políticos, familiares e autoridades implicadas na violência do passado. O Palácio do Planalto já discute o tema. No vôo que o trouxe de volta a Brasília após o funeral de Ruth Cardoso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu perguntar a Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), sua opinião sobre a possibilidade de abertura de processos que, conforme se entendia até há pouco, estavam cobertos pela Lei de Anistia, de 1979. “Esse caminho não me parece seguro”, disse Gilmar, na presença de alguns ministros.
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