sexta-feira, 7 de maio de 2010

Na Mira do Belmiro

“Temos loja, não temos banca!”

Já está grafado nos anais da História do varejo no Amazonas, e na luta pela conservação do patrimônio público, o evento cívico da lavagem da Rua Marechal Deodoro, ocorrido na manhã do último domingo, 2 de maio de 2010. Enquanto funcionários da prefeitura, lojistas e servidores do Estado empunhavam a vassoura da solidariedade e espalhavam o sabão da dignidade, numa alegria frenética e contagiante, um selo de cidadania era afixado no frontão das lojas daquela artéria que guarda a memória do glamour e do crescimento econômico, expansão arquitetônica e os indicadores da prosperidade geral. “Temos loja, não temos banca!” , gritava o certificado de patrimônio histórico exarado pela Secretaria de Estado da Cultura, parceiro de primeira hora e grandeza na empreitada de revitalizaç� �o do Centro e melhoria dos serviços da atividade comercial da Rua Marechal Deodoro, de onde, com certeza, vai irradiar um novo padrão de relacionamento entre empresários, o poder público, a cidadania e a memória de Manaus.
E aqui cabe um reconhecimento digno e justo dos lojistas envolvidos na iniciativa cidadã ao secretário Robério Braga, que empunhou a vassoura do compromisso público e veio nos ajudar – com a autoridade de sua experiência e gosto refinado - a limpar as impurezas do descaso coletivo que transformou em escombros os traços emblemáticos da civilização da borracha. “Nada acontece por acaso...” sentenciou José Alves Pacífico, representante do município, ao relembrar a tragédia do incêndio e reconhecer que a união dos diversos segmentos é a condição sagrada e essencial para inaugurar um novo tempo. Pacífico, que começou sua vida profissional na Marechal Deodoro, se juntou pela prefeitura a João Thomé Mestrinho, cujo pai Gilberto Mestrinho é referência de interatividade cívica em favor do Amazonas, neste mutirão de cidadania pela revitalização do Centro histórico.
Desde segunda-feira os bancos de descanso para os usuários e os jarros com palmeiras tropicais já estão adornando os quarteirões da Rua ("praça"?) Marechal Deodoro, os postes recebem pintura e as calçadas novo piso e cores, alegres e civilizadas. A fiação elétrica será trocada para evitar tragédias, reduzir consumo e propiciar nova iluminação, moderna e sustentável, para espantar a escuridão do caos urbano. E para gerenciar tantas ações, um Condomínio, nos moldes do Largo São Sebastião, começa a ser debatido e será implantado por todos os que estão mobilizados no desafio de assegurar zelo e guarda dessas conquistas. Por isso é vital insistir na ampliação deste pacto de cidadania, surgido nas cinzas da tragédia e motivada pela certeza e pela força da cumplicidade em nome do interesse geral. “Temos loja, não te mos banca!” sinaliza, portanto, nosso compromisso com os tributos que permitem a ação pública, a geração de emprego e defesa do bem comum. E é assim que iremos avançar!

Zoom-zoom

Mercado Adolpho Lisboa – Neste clima de avanços movidos pela cumplicidade cívica cabe perguntar pela retomada da recuperação do mercado Adolpho Lisboa, a âncora da atividade comercial na zona portuária de Manaus e sua relação com a economia do interior. O que poderia ser feito para mobilizar todos os atores já que a situação atual equivale ao rescaldo de um grande incêndio?

Banda larga - Com 7 anos de atraso o governo Lula lança o programa nacional da banda larga com R$ 3,2 bilhões de investimento e uma demanda de negócios e prioridades educacionais e tecnológicas incalculáveis. Aqui no Amazonas a internet é a mais lenta e mais cara do país. Podemos ter expectativas?

Estatização – Resta saber se a iniciativa de enfrentamento deste desafio tão emergencial e promissor não vai padecer do empreguismo e protecionismo político da temporada eleitoral com a retomada da Telebras. Estamos diante de uma encruzilhada vital para consolidarmos um patamar de modernidade, jamais de imediatismo eleitoreiro.

Apagão logístico – o senador Artur Neto tornou público e repercutiu nacionalmente os riscos de estrangulamento da economia regional com o apagão logístico-portuário de Manaus. Mais de 40 empresas paradas, 30 mil funcionários em casa e um prejuízo estimado em mais de meio bilhão de reais... Tem empresa do varejo com contêiner de mercadoria retido irregularmente pelo poder público há seis meses.

Belmiro Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
belmirofilho@belmiros.com.br

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