Dhu Moraes evoca um Brasil romântico ao falar de musical sobre a vida da cantora
Daniel Schenker Wajnberg
Elizeth Cardoso não era uma referência absoluta na vida de Dhu Moraes, mas integrava o seleto time de cantoras - formado por Angela Maria, Dalva de Oliveira e Maysa - que a atriz escutava no rádio em décadas passadas. "Há cerca de 20 anos fazia o espetáculo `Cristal' e, desde então, dizem que eu lembro a Elizeth", destaca Dhu. A atriz está se apresentando em "Divina Elizeth", espetáculo atualmente em cartaz no Teatro Sesc Ginástico, no qual divide a cena com Beatriz Faria, Carol Bezerra, Janaína Azevedo e Ana Pessoa. Todas as atrizes interpretam Elizeth em fases diferentes da vida. "Sou a mais velha do elenco, mas também faço Elizeth aos 16 anos", conta. O musical, que encerrou recentemente temporada em São Paulo, contava com direção de João Falcão, que, porém, se afastou do projeto, assinado agora pela Pequena Companhia de Musicais. Elizeth é evocada por meio de 40 canções (ver relação abaixo), todas cantadas e tocadas ao vivo. O diretor musical Josimar Carneiro se preocupou em abranger a sonoridade dos tradicionais conjuntos regionais, bem como o som "piano, baixo e bateria", caso do Zimbo Trio, que acompanhou Elizeth em momentos marcantes de sua carreira. Ao se aproximar do universo musical de Elizeth Cardoso, Dhu Moraes acabou evocando um Brasil bem diferente do de hoje. A atriz não esconde o sopro nostálgico. "Sou canceriana, como Elizeth. Dizem que as pessoas deste signo são nostálgicas. Sinto saudade de correr pelos laranjais de Vila Nova de Itambi, de ter toda a minha família reunida, de uma época mais romântica. Acho maravilhoso ouvir pessoas que consideram que as coisas estão bem melhores hoje em dia, mas não é o que percebo. Não por acaso, Gonzaguinha fala na `estranha saudade'. Sinto saudade até do que não vivi", afirma Dhu, trazendo à tona imagens dos anos 60. "Resolvi que queria ser artista assistindo ao programa da Angela Maria. O que me impulsionava não era o dinheiro, mas a vibração do aplauso. Minha família foi contra, em especial meu pai", conta Dhu, que acabou se tornando a principal vocalista do grupo As Frenéticas.
Daniel Schenker Wajnberg
Elizeth Cardoso não era uma referência absoluta na vida de Dhu Moraes, mas integrava o seleto time de cantoras - formado por Angela Maria, Dalva de Oliveira e Maysa - que a atriz escutava no rádio em décadas passadas. "Há cerca de 20 anos fazia o espetáculo `Cristal' e, desde então, dizem que eu lembro a Elizeth", destaca Dhu. A atriz está se apresentando em "Divina Elizeth", espetáculo atualmente em cartaz no Teatro Sesc Ginástico, no qual divide a cena com Beatriz Faria, Carol Bezerra, Janaína Azevedo e Ana Pessoa. Todas as atrizes interpretam Elizeth em fases diferentes da vida. "Sou a mais velha do elenco, mas também faço Elizeth aos 16 anos", conta. O musical, que encerrou recentemente temporada em São Paulo, contava com direção de João Falcão, que, porém, se afastou do projeto, assinado agora pela Pequena Companhia de Musicais. Elizeth é evocada por meio de 40 canções (ver relação abaixo), todas cantadas e tocadas ao vivo. O diretor musical Josimar Carneiro se preocupou em abranger a sonoridade dos tradicionais conjuntos regionais, bem como o som "piano, baixo e bateria", caso do Zimbo Trio, que acompanhou Elizeth em momentos marcantes de sua carreira. Ao se aproximar do universo musical de Elizeth Cardoso, Dhu Moraes acabou evocando um Brasil bem diferente do de hoje. A atriz não esconde o sopro nostálgico. "Sou canceriana, como Elizeth. Dizem que as pessoas deste signo são nostálgicas. Sinto saudade de correr pelos laranjais de Vila Nova de Itambi, de ter toda a minha família reunida, de uma época mais romântica. Acho maravilhoso ouvir pessoas que consideram que as coisas estão bem melhores hoje em dia, mas não é o que percebo. Não por acaso, Gonzaguinha fala na `estranha saudade'. Sinto saudade até do que não vivi", afirma Dhu, trazendo à tona imagens dos anos 60. "Resolvi que queria ser artista assistindo ao programa da Angela Maria. O que me impulsionava não era o dinheiro, mas a vibração do aplauso. Minha família foi contra, em especial meu pai", conta Dhu, que acabou se tornando a principal vocalista do grupo As Frenéticas.
Trajetória de sucessos
A carreira de Elizeth Cardoso começa em sua casa no Centro do Rio de Janeiro em 1936, quando conhece Jacob do Bandolim, que a leva para a Rádio Guanabara. A partir daí, Elizeth passou a gravar discos e se apresentou em rádio, shows, cinema e televisão com os mais talentosos músicos, cantores e compositores do País. O "Programa suburbano", que marcou a estréia de Elizeth na rádio, apresentava nomes consagrados como Araci de Almeida, Noel Rosa, Moreira da Silva e Dircinha Batista. O primeiro sucesso veio em 1950 com a gravação de "Canção de amor" (Chocolate e Elano de Paula). Ao longo de sua carreira a cantora gravou músicas de grandes compositores, entre eles, como Ary Barroso, Dorival Caymmi, Noel Rosa, Villa-Lobos, Moacir Santos, Chico Buarque, Gilberto Gil e João Bosco. Elizeth Cardoso grava o marco inicial da bossa nova, "Canção do amor demais", em 1958, com 13 músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes - acompanhada pelo violão de João Gilberto. Sete anos depois, em "Elizeth sobe o morro", reúne composições de Cartola, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, Zé Kéti, Elton Medeiros, Guilherme de Brito, Candeia e dos jovens Hermínio Bello de Carvalho e Paulinho da Viola, pela primeira vez gravado. No final de 1964, tornou-se a primeira cantora de samba a se apresentar no Theatro Municipal de São Paulo e no do Rio de Janeiro, interpretando a "Bachianas brasileiras nº 5", de Villa-Lobos, em ousado projeto do Maestro Diogo Pacheco.
Músicas
"Consolação" (Baden Powell/Vinicius de Moraes); "Se todos fossem iguais a você" (Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes); "Zizinha" (Freitinhas/Carlos Bittencourt/Cardoso de Menezes); "Coração" (Synval Silva); "Falta um zero no meu ordenado" (Ary Barroso/Benedito Lacerda); "Linda flor" (Henrique Vogeler/ Luís Peixoto/Marques Porto); "Triste fiquei" (Lauro Paiva/Hannibal Cruz); "Provei" (Vadico/Noel Rosa); "Pela décima vez" (Noel Rosa); "Inocência" (Jacob do Bandolim/Luís Bittencourt); "Tem que rebolar" (Magno Oliveira/José Batista); "Luz e esplendor" (Válter Queiroz); "Melodia sentimental" (Heitor Villa-Lobos/Dora Vasconcellos); "Carinhoso" (Pixinguinha/João de Barro); "Eu preciso aprender a ser só" (Marcos/Paulo Sérgio Valle); "Sim" (Cartola/Oswaldo Martins); "Saia do meu caminho" (Custódio Mesquita/Evaldo Rui); "Canção da volta" (Ismael Neto/Antônio Maria); "É luxo só" (Ary Barroso/Luís Peixoto); "Chega de saudade" (Tom e Vinicius); "Deixa a nega gingar" (Luís Cláudio); "O bem do mar" (Dorival Caymmi); "Deixa" (Baden e Vinicius); "Refém da solidão" (Baden/Paulo César Pinheiro); "Pressentimento" (Elton Medeiros/Hermínio Bello da Carvalho); "Na cadência do samba (Que bonito é)" (Luiz Bandeira); "Marcha da quarta-feira de cinzas" (Carlos Lyra/Vinicius de Moraes); "Canção de amor" (Chocolate/Elano de Paula); "Feitiço da Vila" (Vadico/Noel Rosa); "E daí?" (Miguel Gustavo); "Rosa de Maio" (Custódio Mesquita/Evaldo Rui); "Derradeira primavera" (Tom e Vinicius); "Andorinha" (Sílvio Caldas); "Sei lá, Mangueira" (Paulinho da Viola/Hermínio Bello da Carvalho); "Bachianas brasileiras nº 5 I Aria (Cantilena)" (Heitor Villa-Lobos); "Tempo feliz" (Baden e Vinicius); "Samba em prelúdio" (Baden e Vinicius); "Acontece" (Cartola); "Modinha" (Tom e Vinicius); "Camarim" (Cartola/Hermínio Bello de Carvalho); "Barracão" (Luís Antônio); "Até amanhã" (Noel Rosa)
DIVINA ELIZETH - Criação da Pequena Companhia de Musicais. Com Dhu Moraes, Beatriz Faria, Carol Bezerra, Janaína Azevedo, Ana Pessoa, Claudio Galvan, Pedro Lima, Daniel Fontes. Teatro Sesc Ginástico (Av. Graça Aranha, s/n). De qui. à dom. às 19h. Ingressos a R$ 40 e R$ 20 (meia).
Esta matéria está no TRIBUNA DA IMPRENSA
Nenhum comentário:
Postar um comentário