Porque o Brasil caiu e os asiáticos subiram
Por Adriano Benayon*
Publicado em A Nova Democracia, nº 33, fevereiro de 2007
Publicado no Monitor Mercantil, em duas partes, em janeiro de 2007
I. TRANSNACIONAIS E POLÍTICA ECONÔMICA
Por que o Brasil foi ultrapassado, na maior parte das atividades econômicas que incorporam valor agregado, por países como Coréia do Sul, Taiwan, China e Índia, que, nos anos 50 e 60 do Século XX, estavam em penosas condições econômicas e sociais? Brasil, Argentina e México tinham diversificação econômica apreciável e rendas por habitante muitíssimo superiores às deles.
Há uma única causa direta: as políticas econômicas distintas. Os asiáticos apóiam, por todos os meios, o crescimento das empresas de capital nacional (estatais ou privadas), enquanto que, no Brasil, apesar de, até os anos 70, se terem criado poderosas empresas estatais, os governos não só permitem, mas subsidiam a ocupação e a dominação de seu mercado por empresas transnacionais (ETNs). Com isso, dirigentes dessas empresas tornaram-se a classe dominante no Brasil, a qual concentra os recursos e determina o resultado das eleições e a orientação dos “eleitos”.
II – CONSCIÊNCIA E CULTURA
Por que o imperialismo não logrou o mesmo resultado nos países asiáticos? A causa principal é o grau, mais baixo no Brasil do que naqueles países, de consciência nacional nas camadas dirigentes, nos estamentos capazes de influir politicamente e no próprio povo. A abertura a tudo que vem da Europa Ocidental e dos EUA fez tomar o caminho da submissão à oligarquia mundial.
É prioridade dessa oligarquia a predação dos fantásticos recursos naturais do Brasil, facilitada pela baixa densidade demográfica. Ao contrário, as sociedades asiáticas eram densas, demográfica, cultural e economicamente, antes da brutal ocupação colonial militar. Tudo isso forjou nelas o sentimento de resistência. Ademais, por ter diminutos mercados de consumo, Taiwan e Coréia tiveram a sorte de não atrair investimentos diretos estrangeiros.
Não me venham com as habituais explicações, como salários baixos. Isso só funciona - e temporariamente - em países paupérrimos e de escassos recursos naturais. Com a acumulação de capital e de tecnologia, os salários cresceram muito em Taiwan e na Coréia. Em 1975, a hora trabalhada na indústria na Coréia custava 5% da remuneração nos EUA, ou 10%, corrigida pela paridade do poder de compra. Em 2004, esses percentuais se elevaram para 50% e 70%. No México, este corrigido caiu de 30% em 1975 para 15% em 2004.
II.1. Imigração
No Brasil, quase desabitado até o final do Século XIX, os imigrantes deram grande contribuição ao desenvolvimento agrário e industrial, principalmente em São Paulo. Como exponho no livro “Globalização versus Desenvolvimento”, a imigração é um dos mais importantes determinantes do progresso. Demonstro também serem inversos e perversos os efeitos da produção, no País, controlada de fora dele, pelas matrizes das empresas “multinacionais” ou transnacionais, tendência que ganhou corpo na 2ª metade do Século XX.
II.3. Cultura invadida antes de se formar
Por ter a população brasileira ganho dimensão só no Século XX e descendendo de imigrantes a maioria das classes média e alta, não houve tempo de se consolidar a cultura própria, que já se esboçava nos anos 1920. Antes mesmo da 2ª Guerra Mundial, o País foi levado a permitir bases norte-americanas no Nordeste e a enviar à Itália força militar no âmbito de uma divisão norte-americana.
A “Política da Boa Vizinhança” ensejou o quase-monopólio do cinema de Hollywood nas salas brasileiras e a penetração de arranjos e ritmos que foram desfigurando a música nacional. Oficiais da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que, em 1945 e 1954, tiveram papel importante nos golpes contra o Presidente Vargas, foram, na campanha na Itália, envolvidos pela “amizade” de oficiais de ligação dos EUA.
Os brasileiros, abertos e amantes das viagens ao exterior, têm forte atração por países europeus e pelos EUA, em função da intensa publicidade e marketing voltados para o consumismo, outro fator da erradicação dos valores e da cultura. No início dos anos 70 começou a decadência do ensino, com o acordo MEC/USAID, a agência de “ajuda” externa dos EUA. Desde os anos 60, sob as TVs e as telecomunicações, os padrões morais e culturais deterioraram-se a passos largos. Indústrias sinérgicas como rock, contracultura e drogas, além de sexo promíscuo, HIV etc., foram programadas para despolitizar e desestruturar as nações. Ao contrário de regimes fortes na Ásia, no Brasil não se barrou a devastação cultural, sem falar na ainda maior permissividade após a pseudodemocratização.
II.4. Visão da camada dirigente
A riqueza natural (sol, água, solos e subsolo) permite à camada dirigente desfrutar de condições de vida mais opulentas, sob certos aspectos, que as das elites dos países “desenvolvidos”. A aristocracia paulista exportadora de café, como a do Nordeste açucareiro, ficou muito rica, como a que hoje se ceva com o agronegócio (mas a parte do leão dos ganhos toca às tradings transnacionais). Como a aristocracia do Sul dos EUA, são satélites dos centros financeiros e comerciais dos países centrais e em nada se interessam, a não ser contra, pelas indústrias de capital nacional.
Essa é a linha da “revolução” de 1932 e a do jornal “O Estado de São Paulo”, acompanhado pelos outros diários e revistas principais, bem como pelas TVs, seja porque têm conexões semelhantes, seja porque receberam aportes de capital do exterior (não obstante ter sido isso, até há pouco, proibido pela Constituição). Ademais, dependem da publicidade, cuja quase totalidade provém dos bancos e das transnacionais, donas dos mercados no País.
Apesar de terem formado núcleos de resistência, os industriais brasileiros perderam influência e foram dizimados, acossados pelo poder do Estado a serviço de transnacionais, já de si poderosas em âmbito mundial. Uma vez admitidas tais empresas, e com vantagens e subsídios de todo tipo, não há como sobreviverem empresas nacionais, nem há possibilidade de se desenvolver tecnologia própria e nem sequer de absorver tecnologia no País.
Contribuiu também para o predomínio da visão alienada da realidade nacional, a doutrinação sofrida por militares e por quadros civis, através de cursos e missões no exterior, bem como vagas e bolsas em universidades do exterior para graduandos e pós-graduandos. Mais ainda, o poder econômico e político das ETNs conduz a que manifestar críticas a respeito delas custe caro a quem quer que pretenda fazer carreira nelas e no serviço público.
IV. GOLPES E PSEUDODEMOCRACIA NO BRASIL
Potentados estrangeiros deram passos decisivos para controlar a economia brasileira por meio de movimentos militares, em 1945, 1954 e 1964, movidos por propaganda “democrática” com a colaboração de jornais e emissoras de rádio e, mais tarde, da televisão, mediante corrupção. Investiram, ademais, na penetração cultural e ideológica.
Mesmo sob Getúlio Vargas, único presidente dos últimos 80 anos dotado de visão razoável da realidade nacional, faltaram ao Brasil anticorpos para deter aquela penetração. Criticado como ditador, entre 1937 e 1945, Vargas manobrava, com dificuldade, em meio ao poder de chefes militares como Góes Monteiro e Dutra, simpáticos ao Eixo fascista (depois, filo-norte-americanos), e à presença econômica e ideológica anglo-americana.
Eleito pelo povo em 1950, Vargas foi novamente derrubado em 1954. Não era nem ditador nem aliado aos comunistas, que lhe faziam oposição. Os serviços secretos anglo-americanos forjaram uma conspiração, o crime de Toneleros, imputado à guarda pessoal do presidente. Pretexto diferente do de 1945, mas o mesmo o motivo: escancarar a porta para a ocupação econômica do País.
Enquanto Vargas, e depois sua memória, tinham êxito eleitoral, o sistema de poder mundial recorreu a golpes de Estado. Nos anos 80, orientou a pseudodemocratização, recrutando inclusive ex-esquerdistas para servir ao projeto de dominação.
Ao contrário dos brasileiros, guiados em 1964 pelo anticomunismo, os militares de Taiwan e da Coréia do Sul perceberam não ser o comunismo o único perigo, embora ele estivesse às suas portas. Mas houve e há nacionalistas nas FFAA brasileiras. Em 1968, majoritários em unidades-chave do Exército no Rio, perderam oportunidade de se impor.
Por Adriano Benayon*
Publicado em A Nova Democracia, nº 33, fevereiro de 2007
Publicado no Monitor Mercantil, em duas partes, em janeiro de 2007
I. TRANSNACIONAIS E POLÍTICA ECONÔMICA
Por que o Brasil foi ultrapassado, na maior parte das atividades econômicas que incorporam valor agregado, por países como Coréia do Sul, Taiwan, China e Índia, que, nos anos 50 e 60 do Século XX, estavam em penosas condições econômicas e sociais? Brasil, Argentina e México tinham diversificação econômica apreciável e rendas por habitante muitíssimo superiores às deles.
Há uma única causa direta: as políticas econômicas distintas. Os asiáticos apóiam, por todos os meios, o crescimento das empresas de capital nacional (estatais ou privadas), enquanto que, no Brasil, apesar de, até os anos 70, se terem criado poderosas empresas estatais, os governos não só permitem, mas subsidiam a ocupação e a dominação de seu mercado por empresas transnacionais (ETNs). Com isso, dirigentes dessas empresas tornaram-se a classe dominante no Brasil, a qual concentra os recursos e determina o resultado das eleições e a orientação dos “eleitos”.
II – CONSCIÊNCIA E CULTURA
Por que o imperialismo não logrou o mesmo resultado nos países asiáticos? A causa principal é o grau, mais baixo no Brasil do que naqueles países, de consciência nacional nas camadas dirigentes, nos estamentos capazes de influir politicamente e no próprio povo. A abertura a tudo que vem da Europa Ocidental e dos EUA fez tomar o caminho da submissão à oligarquia mundial.
É prioridade dessa oligarquia a predação dos fantásticos recursos naturais do Brasil, facilitada pela baixa densidade demográfica. Ao contrário, as sociedades asiáticas eram densas, demográfica, cultural e economicamente, antes da brutal ocupação colonial militar. Tudo isso forjou nelas o sentimento de resistência. Ademais, por ter diminutos mercados de consumo, Taiwan e Coréia tiveram a sorte de não atrair investimentos diretos estrangeiros.
Não me venham com as habituais explicações, como salários baixos. Isso só funciona - e temporariamente - em países paupérrimos e de escassos recursos naturais. Com a acumulação de capital e de tecnologia, os salários cresceram muito em Taiwan e na Coréia. Em 1975, a hora trabalhada na indústria na Coréia custava 5% da remuneração nos EUA, ou 10%, corrigida pela paridade do poder de compra. Em 2004, esses percentuais se elevaram para 50% e 70%. No México, este corrigido caiu de 30% em 1975 para 15% em 2004.
II.1. Imigração
No Brasil, quase desabitado até o final do Século XIX, os imigrantes deram grande contribuição ao desenvolvimento agrário e industrial, principalmente em São Paulo. Como exponho no livro “Globalização versus Desenvolvimento”, a imigração é um dos mais importantes determinantes do progresso. Demonstro também serem inversos e perversos os efeitos da produção, no País, controlada de fora dele, pelas matrizes das empresas “multinacionais” ou transnacionais, tendência que ganhou corpo na 2ª metade do Século XX.
II.2. Ilusões sobre o capital estrangeiro
Com o enfraquecimento cultural e a desinformação, poucos no Brasil percebem as implicações econômicas e políticas dos investimentos diretos estrangeiros (IDEs). Ignora-se que eles se transformam em base para a transferência de recursos para o exterior, descapitalizando o País “receptor”. Crê-se que incorporam tecnologia ao País, quando apenas a usam, evitando, de todos os modos, transferi-la.
Muitas vezes nem há investimento algum do “IDE”, pois este tem sido feito com: a) equipamento sucatado no país de origem, registrado aqui como se fosse ingresso de capital em moeda; b) tecnologia paga e amortizada com as vendas da transnacional em mercados no exterior; c) incentivos e subsídios fiscais; d) subsídios creditícios; e) doações de terrenos e obras de infra-estrutura; f) empréstimos do BNDES; g) recursos da comercialização de partes importadas montadas no País; h) reinvestimento dos ganhos locais, registrado como se fosse ingresso de capital do exterior; i) ingressos posteriores provenientes de recursos formados com as transferências fraudulentas ao exterior, por meio de mecanismos descritos em meu livro, a começar por exportações subfaturadas e importações subfaturadas.
Além disso, nas privatizações, empresas locais são adquiridas com: a) pagamento em títulos de dívidas desvalorizados; b) créditos fiscais; c) eliminação, custeada pela União, de dívidas fiscais e trabalhistas; d) empréstimos oficiais subsidiados; e) redução do preço a fração ínfima do valor da empresa, nas avaliações irreais; f) aporte majoritário de capital por fundos de pensões de estatais, sem controlarem a empresa.
Sendo a opinião da mídia, das universidades e de outros centros de formação de opinião grandemente determinada pelo sistema de poder mundial, essas realidades são pouco estudadas e ainda menos difundidas. Assim se pode entender porque a produção transnacional é considerada, por muitos, positiva e necessária, embora cause prejuízos de centenas de bilhões de dólares por ano ao Brasil.
Com o enfraquecimento cultural e a desinformação, poucos no Brasil percebem as implicações econômicas e políticas dos investimentos diretos estrangeiros (IDEs). Ignora-se que eles se transformam em base para a transferência de recursos para o exterior, descapitalizando o País “receptor”. Crê-se que incorporam tecnologia ao País, quando apenas a usam, evitando, de todos os modos, transferi-la.
Muitas vezes nem há investimento algum do “IDE”, pois este tem sido feito com: a) equipamento sucatado no país de origem, registrado aqui como se fosse ingresso de capital em moeda; b) tecnologia paga e amortizada com as vendas da transnacional em mercados no exterior; c) incentivos e subsídios fiscais; d) subsídios creditícios; e) doações de terrenos e obras de infra-estrutura; f) empréstimos do BNDES; g) recursos da comercialização de partes importadas montadas no País; h) reinvestimento dos ganhos locais, registrado como se fosse ingresso de capital do exterior; i) ingressos posteriores provenientes de recursos formados com as transferências fraudulentas ao exterior, por meio de mecanismos descritos em meu livro, a começar por exportações subfaturadas e importações subfaturadas.
Além disso, nas privatizações, empresas locais são adquiridas com: a) pagamento em títulos de dívidas desvalorizados; b) créditos fiscais; c) eliminação, custeada pela União, de dívidas fiscais e trabalhistas; d) empréstimos oficiais subsidiados; e) redução do preço a fração ínfima do valor da empresa, nas avaliações irreais; f) aporte majoritário de capital por fundos de pensões de estatais, sem controlarem a empresa.
Sendo a opinião da mídia, das universidades e de outros centros de formação de opinião grandemente determinada pelo sistema de poder mundial, essas realidades são pouco estudadas e ainda menos difundidas. Assim se pode entender porque a produção transnacional é considerada, por muitos, positiva e necessária, embora cause prejuízos de centenas de bilhões de dólares por ano ao Brasil.
II.3. Cultura invadida antes de se formar
Por ter a população brasileira ganho dimensão só no Século XX e descendendo de imigrantes a maioria das classes média e alta, não houve tempo de se consolidar a cultura própria, que já se esboçava nos anos 1920. Antes mesmo da 2ª Guerra Mundial, o País foi levado a permitir bases norte-americanas no Nordeste e a enviar à Itália força militar no âmbito de uma divisão norte-americana.
A “Política da Boa Vizinhança” ensejou o quase-monopólio do cinema de Hollywood nas salas brasileiras e a penetração de arranjos e ritmos que foram desfigurando a música nacional. Oficiais da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que, em 1945 e 1954, tiveram papel importante nos golpes contra o Presidente Vargas, foram, na campanha na Itália, envolvidos pela “amizade” de oficiais de ligação dos EUA.
Os brasileiros, abertos e amantes das viagens ao exterior, têm forte atração por países europeus e pelos EUA, em função da intensa publicidade e marketing voltados para o consumismo, outro fator da erradicação dos valores e da cultura. No início dos anos 70 começou a decadência do ensino, com o acordo MEC/USAID, a agência de “ajuda” externa dos EUA. Desde os anos 60, sob as TVs e as telecomunicações, os padrões morais e culturais deterioraram-se a passos largos. Indústrias sinérgicas como rock, contracultura e drogas, além de sexo promíscuo, HIV etc., foram programadas para despolitizar e desestruturar as nações. Ao contrário de regimes fortes na Ásia, no Brasil não se barrou a devastação cultural, sem falar na ainda maior permissividade após a pseudodemocratização.
II.4. Visão da camada dirigente
A riqueza natural (sol, água, solos e subsolo) permite à camada dirigente desfrutar de condições de vida mais opulentas, sob certos aspectos, que as das elites dos países “desenvolvidos”. A aristocracia paulista exportadora de café, como a do Nordeste açucareiro, ficou muito rica, como a que hoje se ceva com o agronegócio (mas a parte do leão dos ganhos toca às tradings transnacionais). Como a aristocracia do Sul dos EUA, são satélites dos centros financeiros e comerciais dos países centrais e em nada se interessam, a não ser contra, pelas indústrias de capital nacional.
Essa é a linha da “revolução” de 1932 e a do jornal “O Estado de São Paulo”, acompanhado pelos outros diários e revistas principais, bem como pelas TVs, seja porque têm conexões semelhantes, seja porque receberam aportes de capital do exterior (não obstante ter sido isso, até há pouco, proibido pela Constituição). Ademais, dependem da publicidade, cuja quase totalidade provém dos bancos e das transnacionais, donas dos mercados no País.
Apesar de terem formado núcleos de resistência, os industriais brasileiros perderam influência e foram dizimados, acossados pelo poder do Estado a serviço de transnacionais, já de si poderosas em âmbito mundial. Uma vez admitidas tais empresas, e com vantagens e subsídios de todo tipo, não há como sobreviverem empresas nacionais, nem há possibilidade de se desenvolver tecnologia própria e nem sequer de absorver tecnologia no País.
Contribuiu também para o predomínio da visão alienada da realidade nacional, a doutrinação sofrida por militares e por quadros civis, através de cursos e missões no exterior, bem como vagas e bolsas em universidades do exterior para graduandos e pós-graduandos. Mais ainda, o poder econômico e político das ETNs conduz a que manifestar críticas a respeito delas custe caro a quem quer que pretenda fazer carreira nelas e no serviço público.
III. FATORES HISTÓRICOS NA ÁSIA
A Índia contemporânea nasceu de lutas pela independência do país que sofreu a maior desestruturação de uma economia, antes próspera, e a maior pilhagem de que se tem notícia na História Mundial. A liderança de Ghandi e de Neru mantém-se viva na memória nacional.
China: 1840: Guerra do Ópio, pela qual a Inglaterra forçou a China a admitir essa droga, logo utilizada pelos capitalistas britânicos para substituir o ouro como pagamento pelas manufaturas chinesas. Por cima, os ingleses apossaram-se de Hong Kong e cobraram pesada indenização (sic) de guerra. Ocupação de províncias por potências européias e guerras decorrentes. 1894-1895: invasão japonesa e perda da Manchúria e Taiwan. Anos 1920: conflito entre nacionalistas e comunistas. 1934 ao fim da 2ª Guerra Mundial: ocupação japonesa. 1949: guerra civil e vitória comunista.
Taiwan: 1ª metade do Século XX, colônia do Japão. Transposição dos nacionalistas chineses, em seqüência à sua derrota no Continente.
Coréia. Durante séculos, resistência a invasões, até ter sido transformada em protetorado em 1905 e anexada pelo Japão em 1910. Após a 2ª Guerra Mundial, divisão do País. De 1950 a 1953, Guerra da Coréia, com 3,5 milhões de mortos.
Com tal experiência, é natural que esses países dêem mais atenção aos interesses nacionais que a ideologias, e que seus dirigentes não se tenham deixado envolver pelo discurso “democrático”, porta aberta ao controle de quem distribui mais pecúnia, especialmente se a economia for aberta ao capital estrangeiro. Tampouco usaram o anticomunismo como viseira que faz fechar os olhos à predação imperial capitalista.
Se a China foi comunista, Taiwan e Coréia do Sul tiveram regimes fechados de direita e anticomunistas. Seguiram à risca o modelo japonês, o qual, copiara o norte-americano e o alemão: 1) nada de livre-comércio durante a fase de desenvolvimento; 2) capital só nacional.
A China começou a construir sua infra-estrutura e tornou-se potência militar e nuclear sob Mao-Tse-Tung. A abertura às transnacionais, a partir de Deng, foi circunscrita a zonas determinadas e ainda não levou à queda dos investimentos públicos, o grande motor da economia.
A Índia contemporânea nasceu de lutas pela independência do país que sofreu a maior desestruturação de uma economia, antes próspera, e a maior pilhagem de que se tem notícia na História Mundial. A liderança de Ghandi e de Neru mantém-se viva na memória nacional.
China: 1840: Guerra do Ópio, pela qual a Inglaterra forçou a China a admitir essa droga, logo utilizada pelos capitalistas britânicos para substituir o ouro como pagamento pelas manufaturas chinesas. Por cima, os ingleses apossaram-se de Hong Kong e cobraram pesada indenização (sic) de guerra. Ocupação de províncias por potências européias e guerras decorrentes. 1894-1895: invasão japonesa e perda da Manchúria e Taiwan. Anos 1920: conflito entre nacionalistas e comunistas. 1934 ao fim da 2ª Guerra Mundial: ocupação japonesa. 1949: guerra civil e vitória comunista.
Taiwan: 1ª metade do Século XX, colônia do Japão. Transposição dos nacionalistas chineses, em seqüência à sua derrota no Continente.
Coréia. Durante séculos, resistência a invasões, até ter sido transformada em protetorado em 1905 e anexada pelo Japão em 1910. Após a 2ª Guerra Mundial, divisão do País. De 1950 a 1953, Guerra da Coréia, com 3,5 milhões de mortos.
Com tal experiência, é natural que esses países dêem mais atenção aos interesses nacionais que a ideologias, e que seus dirigentes não se tenham deixado envolver pelo discurso “democrático”, porta aberta ao controle de quem distribui mais pecúnia, especialmente se a economia for aberta ao capital estrangeiro. Tampouco usaram o anticomunismo como viseira que faz fechar os olhos à predação imperial capitalista.
Se a China foi comunista, Taiwan e Coréia do Sul tiveram regimes fechados de direita e anticomunistas. Seguiram à risca o modelo japonês, o qual, copiara o norte-americano e o alemão: 1) nada de livre-comércio durante a fase de desenvolvimento; 2) capital só nacional.
A China começou a construir sua infra-estrutura e tornou-se potência militar e nuclear sob Mao-Tse-Tung. A abertura às transnacionais, a partir de Deng, foi circunscrita a zonas determinadas e ainda não levou à queda dos investimentos públicos, o grande motor da economia.
IV. GOLPES E PSEUDODEMOCRACIA NO BRASIL
Potentados estrangeiros deram passos decisivos para controlar a economia brasileira por meio de movimentos militares, em 1945, 1954 e 1964, movidos por propaganda “democrática” com a colaboração de jornais e emissoras de rádio e, mais tarde, da televisão, mediante corrupção. Investiram, ademais, na penetração cultural e ideológica.
Mesmo sob Getúlio Vargas, único presidente dos últimos 80 anos dotado de visão razoável da realidade nacional, faltaram ao Brasil anticorpos para deter aquela penetração. Criticado como ditador, entre 1937 e 1945, Vargas manobrava, com dificuldade, em meio ao poder de chefes militares como Góes Monteiro e Dutra, simpáticos ao Eixo fascista (depois, filo-norte-americanos), e à presença econômica e ideológica anglo-americana.
Eleito pelo povo em 1950, Vargas foi novamente derrubado em 1954. Não era nem ditador nem aliado aos comunistas, que lhe faziam oposição. Os serviços secretos anglo-americanos forjaram uma conspiração, o crime de Toneleros, imputado à guarda pessoal do presidente. Pretexto diferente do de 1945, mas o mesmo o motivo: escancarar a porta para a ocupação econômica do País.
Enquanto Vargas, e depois sua memória, tinham êxito eleitoral, o sistema de poder mundial recorreu a golpes de Estado. Nos anos 80, orientou a pseudodemocratização, recrutando inclusive ex-esquerdistas para servir ao projeto de dominação.
Ao contrário dos brasileiros, guiados em 1964 pelo anticomunismo, os militares de Taiwan e da Coréia do Sul perceberam não ser o comunismo o único perigo, embora ele estivesse às suas portas. Mas houve e há nacionalistas nas FFAA brasileiras. Em 1968, majoritários em unidades-chave do Exército no Rio, perderam oportunidade de se impor.
*Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”. Editora Escrituras: www.escrituras.com.br
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