Matt Simmons : "O petróleo pode chegar a US$ 600"
LEONARDO ATTUCH
Isto é Dinheiro num. 0566
Se o assunto é petróleo, poucas pessoas têm tanto conhecimento de causa – prático e teórico – como o empresário Matthew Simmons. Sócio da Simmons & Company, um banco de investimentos focado na área energética, ele já assessorou fusões e aquisições que somam US$ 134 bilhões. Além disso, Simmons publicou em 2006 um livro que previa o atual choque do petróleo, em função da queda de produtividade dos campos do Oriente Médio (Twilight in the desert – the coming Saudi oil shock and the world economy). O livro se tornou uma espécie de bíblia dos pessimistas, que apostam que a cotação do petróleo ainda poderá ir muito mais longe. “Os campos remanescentes não são tão bons e a demanda dos emergentes cresce de forma acelerada”, diz ele. Nem mesmo uma recessão americana seria capaz de conter os preços por muito tempo, garante. “Isso reduziria em apenas 2% o consumo mundial”. Leia a entrevista exclusiva concedida à DINHEIRO, acessando:
Matt Simmons : "O petróleo pode chegar a US$ 600"
SOBRE O ASSUNTO, LEIA TAMBÉM:
Para além da era do petróleo
Por Michael T. Klare [*]
Em Maio último, num movimento pouco noticiado e que passou quase desapercebido, o Departamento da Energia [dos EUA] efetuou uma viragem fundamental que quase significa uma mudança de época nos EUA e até na história mundial: aproximamo-nos do fim da Era do Petróleo e entramos na Era da Insuficiência. O departamento deixou de falar em "petróleo" nas suas projeções das disponibilidades futuras e passou a falar em "líquidos". A produção global de "líquidos", indicou o departamento, ascenderá dos 84 milhões de barris de equivalentes do petróleo (mbep) por dia em 2005 para uns projetados 117,7 mbep em 2030 — o que mal chega para satisfazer a procura mundial prevista de 117,6 mbep. Para além de sugerir até que grau as companhias petrolíferas cessaram de ser meras fornecedoras de petróleo e passaram a ser fornecedoras de uma grande variedade de produtos líquidos – incluindo combustíveis sintéticos derivados do gás natural, milho, carvão e outras substâncias – esta mudança dá uma pista para algo mais fundamental: entramos numa nova era de competição energética intensificada e de dependência crescente da utilização da força para proteger fontes de petróleo. Para apreciar a natureza desta mudança, é útil sondar um pouco mais profundamente a curiosa terminologia do Departamento da Energia. "Líquidos", explica o departamento no seu International Energy Outlook for 2007, abrange o petróleo "convencional" bem como líquidos "não convencionais" – nomeadamente areias betuminosas, xistos oleosos, biocombustíveis, carvão-para-líquidos e gás-para-líquidos. Outrora um componente relativamente insignificante do negócio da energia, estes combustíveis assumem muito maior importância quando a produção do petróleo convencional fraqueja. Na verdade, o Departamento da Energia prevê que a produção de líquidos não convencionais saltará de uns meros 2,4 mbpe por dia em 2005 para 10,5 em 2030, ou seja, o quádruplo. Mas a verdadeira notícia não é o crescimento impressionante nos combustíveis não convencionais e sim a estagnação na produção do petróleo convencional. Visto desta perspectiva, é difícil fugir à conclusão de que a substituição de "petróleo" para "líquidos" na terminologia do departamento é uma tentativa não muito subtil de disfarçar o fato de que a produção mundial de petróleo está na sua capacidade pico ou próxima dele e que dentro em breve podemos esperar uma retração na disponibilidade global de petróleo convencional. (...)
Leia o artigo completo, acessando:
http://resistir.info/peak_oil/klare_25out07_p.html
[*] Autor de Blood and Oil: The Dangers and Consequences of America's Growing
O original encontra-se em http://www.thenation.com/doc/20071112/klare
Tradução de Margarida Ferreira.
Veja também:
As guerras que lubrificam a máquina do Pentágono
O ocaso da era do petróleo
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