História de crises
Presidente que convocou Constituinte reclama da carta
Denise Rothenburg e Izabelle Torres / equipe do Correio Braziliense
Presidente que convocou Constituinte reclama da carta
Denise Rothenburg e Izabelle Torres / equipe do Correio Braziliense
"Quantidade de emendas mostra fragilidade do texto", diz José Sarney
Há vinte anos, quando convocou a Assembléia Nacional Constituinte, o então presidente José Sarney não escondia seu temores sobre os rumos dos trabalhos e nem sobre o texto aprovado, cheio de direitos e conquistas corporativas. Hoje, diz que a Carta iniciou um ciclo de crises políticas.
Há vinte anos, quando convocou a Assembléia Nacional Constituinte, o então presidente José Sarney não escondia seu temores sobre os rumos dos trabalhos e nem sobre o texto aprovado, cheio de direitos e conquistas corporativas. Hoje, diz que a Carta iniciou um ciclo de crises políticas.
Na época da aprovação da Constituição o senhor declarou que o país ficaria ingovernável. A profecia se cumpriu?
Por certo. Uma vez que a Constituição já tem 56 emendas aprovadas e outras três mil já transitaram pelo Congresso nestes 20 anos, não há dúvida de que há uma insatisfação quanto ao texto e um entendimento de que é preciso mudar. Estamos em crise desde que a Constituição foi votada. E todo esforço ao longo dos anos tem sido para consertar o texto.
O senhor acredita que é possível reformar a Constituição?
Em algum momento vamos ter de reformá-la. Mas não vejo nenhuma condição política no presente. Os Congressistas são eleitos por um sistema. Eles temem que se esse sistema mudar, possam não ser eleitos. Por isso eles resistem em modificar a natureza política do sistema. É essa natureza a responsável pelas principais crises que estamos vivendo. Um exemplo disso é o voto proporcional uninominal, que só existe no Brasil. Ele faz com que depois de uma eleição, as pessoas não possam se reunir porque a luta passa a ser entre um e outro dentro da própria legenda. Creio que um dos principais problemas é o voto proporcional. Enquanto ele existir, não teremos partidos políticos.
Há algo no texto constitucional que o senhor pense que se não existisse o país estaria perdido?
Não. O Brasil não ficará perdido nunca. Eu, por exemplo, fui contra a Constituição. No entanto, jurei respeitá-la e fui o primeiro a pegar a missão de viabilizá-la. Quando a Constituição foi votada, a carga tributária era de 22%. Hoje é de 32%. Esse custo foi imposto pela Constituição. Quem teve de pagar o preço foi o povo brasileiro e os presidentes tiveram de se adaptar a isso.
Como era a sua convivência com Ulysses Guimarães?
Sempre tivemos uma boa relação. Éramos amigos pessoais. Os problemas começaram depois que ele foi candidato à Presidência da República. Ele achou que se saísse junto ao atual presidente teria problemas. Estava errado. Se tivesse ficado comigo ele teria sido eleito. O Lula foi para o segundo turno com 16%. O Ulysses, se tivesse o apoio do governo, teria ficado com no mínimo 20%. Qualquer governo tem pelo menos 15% de apoio. Se tivéssemos somado esse apoio com os 5% que ele recebeu, teria ido para o segundo turno e ganhado do Collor. Foi um erro que nem debito tanto a ele. Debito a alguns amigos que ele tinha.
Por certo. Uma vez que a Constituição já tem 56 emendas aprovadas e outras três mil já transitaram pelo Congresso nestes 20 anos, não há dúvida de que há uma insatisfação quanto ao texto e um entendimento de que é preciso mudar. Estamos em crise desde que a Constituição foi votada. E todo esforço ao longo dos anos tem sido para consertar o texto.
O senhor acredita que é possível reformar a Constituição?
Em algum momento vamos ter de reformá-la. Mas não vejo nenhuma condição política no presente. Os Congressistas são eleitos por um sistema. Eles temem que se esse sistema mudar, possam não ser eleitos. Por isso eles resistem em modificar a natureza política do sistema. É essa natureza a responsável pelas principais crises que estamos vivendo. Um exemplo disso é o voto proporcional uninominal, que só existe no Brasil. Ele faz com que depois de uma eleição, as pessoas não possam se reunir porque a luta passa a ser entre um e outro dentro da própria legenda. Creio que um dos principais problemas é o voto proporcional. Enquanto ele existir, não teremos partidos políticos.
Há algo no texto constitucional que o senhor pense que se não existisse o país estaria perdido?
Não. O Brasil não ficará perdido nunca. Eu, por exemplo, fui contra a Constituição. No entanto, jurei respeitá-la e fui o primeiro a pegar a missão de viabilizá-la. Quando a Constituição foi votada, a carga tributária era de 22%. Hoje é de 32%. Esse custo foi imposto pela Constituição. Quem teve de pagar o preço foi o povo brasileiro e os presidentes tiveram de se adaptar a isso.
Como era a sua convivência com Ulysses Guimarães?
Sempre tivemos uma boa relação. Éramos amigos pessoais. Os problemas começaram depois que ele foi candidato à Presidência da República. Ele achou que se saísse junto ao atual presidente teria problemas. Estava errado. Se tivesse ficado comigo ele teria sido eleito. O Lula foi para o segundo turno com 16%. O Ulysses, se tivesse o apoio do governo, teria ficado com no mínimo 20%. Qualquer governo tem pelo menos 15% de apoio. Se tivéssemos somado esse apoio com os 5% que ele recebeu, teria ido para o segundo turno e ganhado do Collor. Foi um erro que nem debito tanto a ele. Debito a alguns amigos que ele tinha.
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