segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Observatório

Segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Destaques dos jornais de hoje. O que merece ser lido. Se você não tem paciência ou não teve tempo para ler as notícias nos principais jornais de hoje, clique nos links logo abaixo das matérias para lê-las no clipping do Ministério do Planejamento, sem que seja necessário que se cadastre. Publicaremos esta seleção todos os dias entre 19h00 e 21h00. Nos finais de semana os links com as matérias completas serão da Radiobras, que exige cadastro

Inadimplência já é a maior em 2 anos
Monitor Mercantil

A taxa de inadimplência das famílias chegou a 7,5% em agosto, a mais elevada desde dezembro de 2006 (7,6%). O cheque especial (9%) e a compra de bens financiados (13,8%) tiveram as taxas mais altas. Para a compra de carros, a inadimplência está em 3,7% e para o crédito pessoal, em 5,3%. Os dados são do Banco Central, que considera como inadimplência atrasos superiores a 90 dias. No caso do cheque especial, é considerada inadimplência quando o cliente bancário continua usando o crédito e não cobre o valor financiado por mais de 90 dias. Mas, para o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, o crescimento da taxa de inadimplência reflete o aumento do custo do crédito. "A taxa de captação subiu e o custo final ao tomador subiu. Isso leva a um certo aumento na inadimplência, o que não é nada preocupante", disse Lopes.
"DOU" publica isenções para o pão
A edição desta sexta-feira do Diário Oficial da União traz publicada a isenção do PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes na importação e comercialização de trigo, farinha de trigo e para a venda do pão comum até 31 de dezembro. A Lei n.º 11.787 isenta ainda do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) as cargas de trigo e de farinha de trigo.
Inadimplência

Valorização do dólar faz proteção virar prejuízo
Monitor Mercantil

A reviravolta provocada pela crise financeira mundial no comportamento do dólar vem causando grandes prejuízos nas operações de tesouraria de empresas, principalmente exportadoras, que buscaram se proteger da desvalorização da moeda frente ao real, em setembro, quando alta chegou a ficar próxima de 18%, acarretando prejuízo para as suas posições. As primeiras companhias a admitirem prejuízos foram a Sadia e a Aracruz, mas a Marcopolo e outras exportadoras também admitiram problemas neste sentido. "Não é a primeira vez que as empresas perdem dinheiro no mercado por conta de operações com tesouraria em busca de hedge, ou seja, proteger o capital", ressalta a presidente da Apimec São Paulo, Lucy Souza. A Sadia reconheceu uma perda de R$ 760 milhões, gerada principalmente por posições em contratos de futuros e opções cambiais. A perda da Sadia superou o lucro líquido da empresa em 2007, de R$ 689 milhões. Ao longo desta sexta-feira foram distribuídos comunicados com o propósito de acalmar analistas e investidores, preocupados com a exposição das empresas brasileiras a esta modalidade de negócio. Monitor Financeiro, página 1
Valorização do dólar...
CARLOS CHAGAS
Tribuna da Imprensa

A onça e a vara curta de nossos vizinhos
Amanhã, entre outros presidentes, Lula, Chávez, Evo e Correa estarão frente a frente, em Manaus, na reunião dos países da Bacia Amazônica. Oportunidade melhor não haveria para o chefe do governo brasileiro, com toda educação, avisar os companheiros de que acabou a temporada de tiro ao Brasil. A partir de agora, Lula poderia dizer, toda e qualquer agressão aos nossos interesses e à nossa imagem serão respondidos à altura. Reagiremos, tanto política quanto comercialmente. Sem esquecer o campo militar, se necessário. É claro que o presidente Lula jamais se disporá a essa manifestação digna dos anteriores generais-presidentes, mas bem que um pouco de virilidade serviria para reduzir a farra dos "hermanos". Porque não dá mais para aceitar que em função de suas crises internas os presidentes da Bolívia e do Equador, estimulados pelo presidente da Venezuela, continuem acutilando a onça com vara curta. É em função de um comentário do tonitruante Ernesto Geisel, nos anos setenta, que nos referimos acima aos generais-presidentes. Esperemos que nunca mais eles retornem ao Palácio do Planalto, mas não deixou de ser significativo o comentário do "alemão" quando a Petrobras sugeriu investimentos brasileiros para a extração do gás na Bolívia: "Nem me falem nisso, será questão de tempo precisarmos mandar o Exército atravessar a fronteira". Referia-se, o general Geisel, à instabilidade política e econômica do país vizinho, com uma sucessão de governos passageiros incapazes de garantir continuidade e seriedade aos seus atos. O tempo passou, graças a Deus viramos uma democracia e nem como piada se poderá supor o emprego das forças armadas na solução de questões continentais. O diabo é que a recíproca não parece verdadeira. Os irmãos mais novos, como diz Lula, andam impossíveis. Ainda mais se inserirmos o Paraguai no rol daqueles que para resolver questões internas criam a ficção de um inimigo externo. Como estamos mais perto, o Brasil tem sido o alvo escolhido. Essa história de agir primeiro, inclusive mobilizando soldados, para admitir conversar depois, é própria de frágeis republiquetas. Só que elas incomodam e nos enfraquecem se não reagirmos. Como? Pressionando comercialmente aqueles que nos provocam. Apertando créditos, retirando grupos de ajuda, interrompendo a cessão de tecnologias, dificultando importações de seus produtos e até convocando embaixadores. Em quinze minutos eles aprenderiam e retornariam ao seio da unidade sul-americana ansiada por todos. De qualquer forma, haverá que aguardar a reunião de amanhã, na capital do Amazonas, ficando de olho em Hugo Chávez, produtor e diretor dessa pantomima infeliz.
Desistam logo
Fluía nos corredores do Palácio do Planalto o comentário de que o presidente Lula mandou sustar a preparação e proibiu o envio de projeto de lei ao Congresso restringindo a liberdade de imprensa. Se antes autorizou o ministro da Justiça a elaborar textos suprimindo o sigilo constitucional da fonte como um direito dos jornalistas, de uns dias para cá o chefe do governo parece haver refluído. A reação foi grande, tanto das empresas de comunicação quanto dos profissionais de imprensa e das diversas entidades de classe. O governo tem o direito de lamentar e até de investigar de onde partem informações sigilosas divulgadas pela mídia. Jamais, no entanto, cabe-lhe demolir prerrogativas essenciais ao funcionamento da democracia. Porque se um jornal ou um jornalista puderem ser punidos por divulgar denúncias ou "notícias ruins", como diz o presidente Lula, será natural que hesitem e se autocensurem. Prejudicada será a população, para a qual as informações boas ou más se dirigem. Já vivemos tempos bicudos, durante a ditadura militar, em que os meios de comunicação, antes de divulgar, indagavam "se determinada notícia agradará ou irritará Suas Excelências". A situação piorou tanto que até cabos-corneteiros julgavam-se em condições de ameaçar e até de censurar jornais, revistas, rádios e televisões. Seria isso o que o governo pretendia com seu agora abandonado projeto? Ou vão insistir?
A onça e a vara curta de nossos vizinhos

McCain não sabe o que fazer com Palin
Argemiro Ferreira
Tribuna da Imprensa

Ao invés de diminuir, o esforço da campanha republicana para "proteger" Sarah Palin da mídia torna-se mais rigoroso e sofisticado. A esta altura, as dúvidas já parecem a ponto de forçar a revisão da chapa. Se ficar claro que o desempenho de Palin até agora reflete as qualificações dela, escreveu ontem Bob Herbert no "New York Times", McCain e seu partido têm de pensar no país e substituí-la. A oposição à permanência na chapa da governadora do Alasca passou a vir também de colunistas conservadores - como Kathleen Parker, que antes refutava as críticas à escolha de Palin mas agora, escrevendo no website da também conservadora "National Review", foi contundente ao explicar que as circunstâncias mudaram, com a crise financeira e o surgimento "de um quadro mais complicado". "O que vimos e ouvimos, depois, da companheira de chapa de John McCain, deixa cada vez mais claro que Palin é um problema. Tenha ela feito seus estudos de forma apressada demais ou não, o fato é que não sabe o suficiente sobre economia e política externa para deixar os americanos despreocupados com uma presidente Palin, caso venha a ocorrer a eventualidade da promoção dela", escreveu Parker.
Argemiro Ferreira

Como se não estivéssemos à beira de umafesta cívica
Pedro Porfírio
Tribuna da Imprensa

"A democracia é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes."
(Bernard Shaw, escritor irlandês - 1856/1950)

Esse frio que faz na alvorada de um domingo primaveril sugere um estado de ânimo letárgico diante de um momento que deveria ser apoteótico para esse que dizem ser um regime democrático. É como se a natureza sofresse a influência de uma civilização emasculada, sob o espectro de uma inércia de laboratório. É como se da estação das flores não brotassem mais as rosas, hoje tristonhas pelo pouco caso dos seres humanos, estes mergulhados no próprio tédio, na absoluta ausência da mais simples vontade do exercício crítico, como se todos estivessem acometidos de uma vexatória morte cerebral. Estamos a menos de uma semana do dia em que as cidades conhecerão os titulares dos poderes locais - novos ou não - e não se pode dizer que a cidadania está ocupada na tarefa de estudar criteriosamente os valores que presidirão o seu direito de escolha, prerrogativa tida e havida como a certeza de que desfrutamos da mais frutífera relação entre governantes e governados. A forja da manipulação é quem dá as cartas, determinando o que cada um deverá fazer na hora da verdade nada verdadeira.
Pedro Porfírio
Vista grossa
Mauro Braga/ Fato do Dia
Tribuna da Imprensa

A exemplo dos outros anos, os discursos políticos durante as campanhas nas ruas se inflamaram pelo tom da necessidade de se eleger pessoas sérias, dispostas a mudar com a bagunça atual e com projetos maravilhosos capazes de dar um basta à desordem. Tudo igual ao que já foi visto. E a julgar pelo comportamento de muito partido por aí, o interesse em ocupar as cadeiras da Câmara Municipal do Rio é o único que rege as condutas das suas lideranças. Durante todo o processo eleitoral deste ano no Rio, vários candidatos foram apontados como suspeitos de envolvimento com a criminalidade. E muitos estão, de fato, enrolados até o pescoço com a lama. Basta visitar seus redutos e perguntar a qualquer criança quem manda no pedaço. Mas a política da vista grossa impera. Claro que a desculpa é de que "se não foi comprovado, o cara está limpo". Bons samaritanos? Que nada. O olho grande em abocanhar mais oportunidades e garantir uma forte bancada faz com que as legendas passem por cima de seus princípios, se é que ainda os têm, e lutem pelos votos das comunidades coagidas por esses mesmos suspeitos. Cadê que alguém até agora foi expulso de algum partido? Entre a moralidade e a conquista dos currais, a segunda opção se faz primazia. Na cara dura mesmo. Sem pudor.
Fato do Dia

Burocracia atrasou obra em cinco anos
Lúcio Vaz
Correio Braziliense
Fábrica anunciada em 2003 para garantir auto-suficiência na produção de hemoderivados e gerar economia de R$ 400 milhões ao ano ainda não existe. Terraplanagem foi iniciada, mas a atividade plena é prevista para 2015

Anunciada em 2003 como uma medida para reduzir a dependência a empresas multinacionais no setor de hemoderivados, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) foi criada em março de 2005. Orçada em R$ 327 milhões, a fábrica da Hemobrás vai produzir cerca de 500 mil litros de plasma por ano, gerando economia anual em torno de R$ 400 milhões. O objetivo do empreendimento é tornar o Brasil auto-suficiente na produção de albumina, imunoglobulina e dos fatores de coagulação 8 e 9. Nesse último caso, a autonomia alcançará 35%. Cinco anos após o anúncio, porém, a fábrica ainda está no papel. Na semana passada, foram iniciadas as obras de terraplanagem em área de Goiana (PE). A estatal afirma que o cronograma está sendo “rigorosamente” cumprido. As obras serão concluídas no final de 2010 e a fábrica atingirá capacidade plena de funcionamento em 2015.
Hemobrás só depois de 2010

Enfim,o socorro de Us$ 700 bilhões

Isabel Fleck
Correio Braziliense

Foram necessários dois dias de negociações, mas Congresso e governo fecharam pacote de salvação dos mercados

Após uma reunião que se estendeu por todo o final de semana no Capitólio, líderes do Congresso e do governo norte-americano deram um importante passo em direção à aprovação do plano de socorro a Wall Street, o coração financeiro do mundo. Os representantes do Parlamento e do Executivo chegaram a um acordo parcial sobre o texto que destinará US$ 700 bilhões do Tesouro americano para comprar títulos podres de instituições que se atolaram em empréstimos de péssima qualidade no mercado imobiliário. Trata-se de uma das maiores intervenções da história feitas pelo Estado na maior economia do planeta. Todos os esforços foram concentrados para se chegar a um acordo antes da abertura das bolsas de valores da Ásia e dar tranqüilidade aos investidores de todo o planeta. Hoje, a proposta será enviada à Câmara dos Deputados e, em seguida, para o Senado. A expectativa é de que, apesar de enfrentar uma difícil discussão, o pacote seja aprovado rapidamente.
Enfim,o socorro de Us$ 700 bilhões

A lei da raposa
Artigo - Rubem Azevedo Lima
Correio Braziliense

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e Lula, presidente, querem relativizar o direito dos jornalistas de protegerem as fontes de suas matérias baseadas em grampos telefônicos, não se sabe se para humilhá-los na delação, para punir o informante e não o autor do crime grampeado. Para muitos juristas, esse crime sobreleva a regra do direito à informação, atendido pelo dever jornalístico de informar. Mas, no caso, o zelo de Lula e Jobim pelos direitos individuais não se coaduna com a violação da cláusula pétrea constitucional, que ambos apoiaram, em nome do interesse social, para sobretaxar as pensões dos aposentados. Na revisão da Constituição de 1988, em 1993, cujo relator foi Jobim, não lhe ocorreu, como na elaboração daquela — em que incluíra regra não aprovada pelos constituintes —, relativizar o princípio democrático e social da garantia do sigilo protetor das fontes jornalísticas.
A lei da raposa
Ética e magistratura
João Oreste Dalazen
Correio Braziliense

O padre Antônio Vieira, cujo quarto centenário de nascimento celebramos em 2008, em um de seus célebres sermões, afirmou que “Deus há de nos pedir contas de tudo que fizemos, mas muito mais estreita conta do que deixamos de fazer”. Justamente para não incidirem nessa terrível prestação de contas, a Deus e à posteridade, os membros do Conselho Nacional de Justiça vêm de aprovar o aguardado Código de Ética da Magistratura Nacional. Sabemos que, há muito, na sociedade brasileira, vislumbrava-se uma demanda difusa, ainda não atendida, pelo cultivo da ética no exercício da judicatura. A adoção de um Código de Ética Judicial tem o propósito de servir de guia para melhorar o serviço público de administração da Justiça, ao erigir um conjunto de valores e princípios por que devam orientar-se os magistrados. Sólidas razões o justificam.
Ética e magistratura

Muitíssimo municipal
Coluna - Nas Entrelinhas
Correio Braziliense

O lulismo não existe. O que há é um governo com bons resultados, comandado por um presidente com boa capacidade de comunicar as realizações e admirado por sua trajetória

“Eleições muito municipais” foi o título da coluna no primeiro dia deste ano. O “olho”, textinho que vem logo abaixo do título, dizia: “O governo Lula tem tudo para alcançar bem o terço final de 2008. O que deve levar a oposição a trabalhar duro para fugir da federalização do pleito.” E concluía: “Ela [a oposição] tem boa chance de conseguir. O eleitor médio costuma estar bem mais preocupado com a própria vida do que com as brigas dos políticos em Brasília. Vêm aí eleições muito municipais.” Hora de checar. O primeiro turno acontece só no domingo, mas é possível antever que não haverá onda tsunâmica favorável a tal ou qual partido. Não veremos a canonização em massa do petismo ou dos aliados do Palácio do Planalto, nem a extinção da oposição. Os partidos da base do governo federal devem sair das urnas com maior expressão numérica simplesmente porque já são mais fortes hoje, estão no poder e não há motivo no país para um terremoto. E a oposição vai se mostrar algo competitiva, mesmo num cenário nacional amplamente favorável ao situacionismo. É o que vem sendo escrito aqui desde janeiro e retomado em colunas nas últimas semanas. O eleitor é pragmático na essência. Decidirá principalmente com base na realidade local ou regional. Vai chancelar boas administrações e trocar as más. Alguns bons prefeitos poderão sofrer, por causa de circunstâncias políticas locais.
Muitíssimo municipal

Uma angustiante conjunção subordinativa condicional
ALFRIED KARL PLÖGER
Correio Braziliense

A possibilidade concreta de o mercado consumidor brasileiro tornar-se o quinto maior do mundo em 2030, apontada em novo estudo da Ernst & Young e FGV Projetos, implica imensa responsabilidade para os atuais e os próximos gestores da política econômica. Afinal, dependendo de sua performance, nas próximas duas décadas podemos ultrapassar potências como Alemanha, Reino Unido e França, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Japão, China e Índia. Esse grande avanço da economia nacional seria concretizado se, nos 22 anos daqui até 2030, nosso PIB crescesse 4% por exercício, acumulando expansão de 150%, o que o alçaria a US$ 2,5 trilhões. O melhor é que esses números expressam um Brasil com melhor distribuição de renda, menos desemprego, classe média mais consistente e consumo de bens de valor agregado mais alto. Ou seja, vale muito a pena um grande esforço no sentido de tornar reais as projeções feitas pelo estudo.
Uma angustiante conjunção subordinativa condicional

Entrevista - Eduardo Giannetti: Mundo financeiro passa da embriaguez à ressaca moral
Toni Sciarretta
Folha de S. Paulo

Economista aponta "colapso da confiança" e prevê período de forte regulamentação

O economista Eduardo Giannetti vê uma ressaca moral nos mercados, que segue a embriaguez que estimulou a tomada de risco sem precedentes pelos investidores. Diz que há um problema ético na "arrumação da casa" porque a euforia trouxe lucros privados para poucos, mas a conta será socializada para todos. Ele não acredita que, mais pobres, as pessoas fiquem menos felizes e afirma que a "angústia" maior é não saber o tamanho dos prejuízos e das privações que virão. Giannetti diz que o mundo financeiro ganhou uma "musculatura irreal" na economia e passa hoje por um "colapso da confiança". Ele prevê um período de forte regulamentação, até que, mais uma vez, a criatividade do mercado crie novos produtos, que traga riscos maiores e desconhecidos. Leia trechos de entrevista.

FOLHA - Os bancos perderam a confiança e pararam de emprestar entre si. A confiança é muito tênue?
EDUARDO GIANNETTI - Todo o sistema financeiro do mundo hoje está baseado em crenças e confiança. A nota de real que eu e você temos no bolso não passa de uma promessa sem lastro. Se a gente perder a confiança nesse papel, ele desaparece. Tudo está baseado em crenças, promessas e expectativas. A confiança custa para ser construída, mas é muito rápida de ser destruída, principalmente quando se vê o colapso sucessivo de bancos.
Entrevista - Eduardo Giannetti: Mundo financeiro passa da embriaguez à ressaca moral

Entrevista Luiz Fernando Corrêa: "Querem minar imagem que a PF tem", diz diretor-geral
Lucas Ferraz
Folha de S. Paulo

Corrêa rebate presidente do STF e diz que país não está em um Estado policialesco


Para diretor-geral, quem tem medo de uma polícia forte "tem algum interesse criminoso, não importa quem seja ou aonde esteja" . Querem me colocar no campo da bandalheira, tentam minar a boa imagem que a PF tem com a sociedade", diz Luiz Fernando Corrêa, 50, que completou um ano como diretor-geral da PF. "Não estamos num Estado policialesco", disse, rebatendo o presidente do STF, Gilmar Mendes. Há 28 anos na corporação, ele dirige o órgão em um de seus momentos mais conturbados. Criticada por membros do Judiciário e do governo, a PF tem sua atuação questionada por supostos excessos, como os que teriam ocorrido na Operação Satiagraha, que prendeu, entre outros, o banqueiro Daniel Dantas. "Temos uma polícia que passou a ser discutida quando prendeu determinados tipos de pessoas. (...) Estamos apanhando por trabalhar bem", rebateu ele, em entrevista à Folha, na última quinta, na sede do órgão, em Brasília.

FOLHA - Que momento vive a Polícia Federal, levando-se em consideração todas as críticas à atuação do órgão, os supostos excessos e a alegação, como fez o presidente do STF, Gilmar Mendes, de que há no Brasil um Estado policialesco?
LUIZ FERNANDO CORRÊA - Falta uma boa análise da mídia, que está simplesmente reproduzindo essas discussões. Não estamos em um Estado policialesco, porque senão não estaríamos discutindo isso. Num Estado policial não há liberdade. É salutar os atos da polícia, que é profissional, serem questionados no âmbito da legalidade. O que não pode é alguém constatar um crime e atribuí-lo à polícia. Aí não interessa quem fale, essa pessoa está errada. Temos como discutir os excessos, nossos atos são todos documentados. Não temos medo do controle. Não quero que me joguem no campo da ilegalidade nem que me tragam ilegalidades. Nossa escuta é toda auditável. Pode haver desvio de conduta? Pode, mas deixa rastro. Não nos misturem com quem não trabalha na legalidade. Temos uma polícia que passou a ser discutida quando passou a prender determinados tipos de pessoas.
Entrevista Luiz Fernando Corrêa: "Querem minar imagem que a PF tem", diz diretor-geral

Mercado Aberto - Avanço industrial esconde distorções, diz Iedi
Folha de S. Paulo

Apesar do crescimento expressivo da indústria anunciado pelo IBGE neste mês, o avanço deve ser interpretado com cautela, segundo o Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial). Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi, diz que o avanço da indústria brasileira deve ser comemorado, mas esconde, em um crescimento acumulado muito bom, o fato de que há setores que ainda vão muito mal na economia brasileira. "Quando a indústria começa a crescer, é normal que alguns setores despontem, mas, com o tempo, deve haver mais homogeneidade -o que não aconteceu conosco", diz o consultor. Dos 27 setores pesquisados pelo IBGE, 11 tiveram queda ou avançaram pouco no trimestre encerrado em julho deste ano, em relação aos mesmos meses do ano passado.
Mercado Aberto - Avanço industrial esconde distorções, diz Iedi

Mónica Bérgamo - Perfil
Folha de S. Paulo

Aumentou o número de estrangeiros presos no Brasil por pedofilia: foram seis detidos contra apenas um no ano passado. Para Jorge Pontes, da Interpol, que coordena o trabalho de investigação, "é um novo tipo de criminoso que tem buscado refúgio no país", que antes abrigava homicidas, fraudadores e traficantes internacionais.
PERFIL 2
No total, 30 estrangeiros foram presos neste ano -entre outros, uruguaios, chilenos, israelenses, portugueses e americanos. O número deve superar o do ano passado, em que 31 estrangeiros foram detidos em território nacional.
DE PERTO
A Receita Federal examina com lupa franquias de escolas de idiomas que pedem para seus alunos efetuarem seus pagamentos com cartão para as matrizes, fugindo do pagamento de impostos no Brasil.
EM VÃO
Orestes Quércia (PMDB-SP) bem que tentou um armistício com Geraldo Alckmin (PSDB-SP) antes de chamar o ex-governador de "traidor frio e mesquinho". Ele procurou o deputado José Aníbal (PSDB-SP), do grupo de Alckmin, pedindo que a campanha tucana retirasse do ar anúncio em que dizia, em tom pejorativo, que Gilberto Kassab é "ligado a Quércia". "O sujeito "tá" exagerando", disse Quércia. Em vão.
SENHOR PRESIDENTE
Depois de passar por Teresina (Piauí), São Luís (Maranhão), Campina Grande (Paraíba), Gravatá, Limoeiro, Carpina e Recife (Pernambuco) e Fortaleza (Ceará) na semana passada, o governador Aécio Neves, de Minas, visita Niterói e Macaé nos próximos dias.
Mónica Bérgamo - Perfil

Painel - De olho no Sul
Folha de S. Paulo

Com estréia prevista para janeiro, a segunda fase do Territórios da Cidadania, programa do governo para regiões pobres, incluirá mais 850 cidades e dará atenção especial ao Sul, onde Lula, mesmo no atual céu de brigadeiro, não desfruta da mesma aprovação de outras regiões. Na primeira fase, o Sul respondeu por 8% das cidades do programa. Agora, serão 18%. No Paraná, o salto é de 27 para 44 municípios. No Rio Grande do Sul, de 25 para 100. Neste ano, o governo despejará R$ 12,6 bilhões no Territórios, que reúne sob seu guarda-chuva ações de 19 ministérios. Com a segunda fase, serão 41 milhões de pessoas vivendo em municípios alcançados pelo plano.
Mantra 1
Na tentativa de reverter a desvantagem para Gilberto Kassab (DEM), Geraldo Alckmin (PSDB) martelará, nesta semana final, a tecla do "mais preparado" -seja para "administrar São Paulo", seja para "vencer o PT" no segundo turno.
Mantra 2
A campanha de Alckmin admite como fragilidade a percepção de parcela significativa do eleitorado de que o tucano, se eleito, não ficará na prefeitura. Mas avalia que não há mais tempo para se concentrar nesta questão.
Voto de fé
Disputado por Kassab e Alckmin, padre Marcelo deixou-se fotografar para o material de campanha de um único candidato: Gabriel Chalita, que disputa vaga na Câmara Municipal. A mensagem que acompanha a foto é pródiga em elogios ao tucano, amigo do religioso e ligado à rede católica Canção Nova.
Ponte
Kassab e Chalita estiveram sábado na festa dos 130 anos do Colégio Porto Seguro.
Ao discursar, o prefeito rasgou seda para o candidato a vereador, uma das pessoas mais próximas a Alckmin.
Painel - De olho no Sul

0,0001% de royalties
Ruy Castro
Folha de S. Paulo

Morreu na semana passada, em Los Angeles, um baterista chamado Earl Palmer. Tinha 84 anos e era considerado o inventor da batida do rock and roll na bateria. Quando se escutam as gravações originais de "Tutti Frutti" ou "Good Golly, Miss Molly", com Little Richard, e "The Fat Man" e "I"m Ready", com Fats Domino, todas dos anos 50, a bateria é ele. Palmer inventou a batida do rock and roll, veja bem, não o infame pancadão ou bate-estaca a que ela seria reduzida no futuro. Na verdade, apenas adaptou o "back beat" -em que, no compasso 4/4, o primeiro e o terceiro tempos são fortes e o segundo e o quarto, fracos- àquela variação de rhythm and blues que se cozinhava em sua cidade, Nova Orleans.
0,0001% de royalties

As eleições de domingo
Marcos Cintra
Folha de S. Paulo

A política está repelindo o cidadão, quando deveria convidá-lo para participar do atual processo eleitoral. Não fossem os estímulos da imprensa, as eleições do próximo domingo passariam quase despercebidas em São Paulo. Na cidade que produz 12% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, 36% do PIB estadual, e onde estão sendo jogados os lances estratégicos da sucessão presidencial de 2010, o andamento da campanha dá a impressão de que se está numa pequena cidade do interior do país. Estamos longe da excitação democrática que marcou as eleições anteriores. O processo de escolha dos governantes municipais neste ano ocorre como se fosse um mero exercício de reflexão pessoal, destituída da presença visual, sonora e midiática dos candidatos. O único instrumento eleitoral de massa que sobrevive é o horário eleitoral gratuito, ameaçado pelo crescimento da TV por assinatura. Isso é bom ou é ruim? Avanço ou retrocesso?
Ambas as coisas.
As eleições de domingo

Relações EUA-Brasil continuam a ganhar força

Clifford Sobel
Folha de S. Paulo

As relações EUA-Brasil serão aprofundadas e fortalecidas, independentemente de quem vença as eleições para presidente dos EUA

O inverno no Brasil coincide com o verão nos Estados Unidos, tempo de férias e lazer, quando o ritmo agitado da vida diminui para muitas pessoas. Mas, em termos de relações EUA-Brasil, neste ano aconteceu o contrário, pois nossas excelentes relações bilaterais continuaram a ganhar impulso com um fluxo constante de visitantes. Nossa temporada "calma" começou em julho, com a visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim, aos Estados Unidos para reuniões produtivas com as autoridades de Defesa americanas. O tema das discussões foi a cooperação cada vez mais estreita do Brasil com os EUA em segurança e incluiu reuniões com o secretário da Defesa, a secretária de Estado e o assessor de Segurança Nacional. Agosto teve a visita da administradora da Usaid (agência dos EUA para desenvolvimento internacional), Henrietta Fore, ao Brasil para enfatizar a importância de nossa parceria forte e crescente. Em São Paulo, ela se encontrou com mais de 50 empresas americanas que participam do Grupo +Unidos, aliança de responsabilidade social corporativa apoiada pela Embaixada dos EUA, para destacar a importância de parcerias público-privadas no tratamento de questões de desenvolvimento global e na promoção da prosperidade econômica.
Relações EUA-Brasil continuam a ganhar força

Governo vai à Justiça para tentar reaver jazida de silvinita no AM
Gazeta Mercantil

Vendida numa licitação pela Petrobras há pouco mais de dois meses por R$ 151 milhões para a empresa canadense Falcon, a jazida de silvinita de Nova Olinda do Norte, na Amazônia, vai ser alvo de uma nova tentativa do governo para recuperar a concessão. "Estamos preparando medidas jurídicas para que a área volte a pertencer à estatal", disse ontem o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. O Brasil importa 90% do potássio que consome - 7 milhões de toneladas anuais - e somente esta jazida teria condições de produzir pelo menos 2 milhões de toneladas anuais, com um investimento de R$ 3 bilhões. O potássio e outros ingredientes, como nitrogenados e fósforo para produzir fertilizantes agrícolas na fórmulação conhecida como NPK, subiram de preço em mais de 110% no prazo de um ano. A Petrobras detinha a concessão há mais de uma década e já havia tentado vendê-la várias vezes nos últimos anos.
Governo vai à Justiça para tentar reaver jazida de silvinita no AM

A realidade do setor de GLP hoje no Brasil
Ueze Zahran
Gazeta Mercantil

Um poema intitulado "No caminho, com Maiakovski", do poeta fluminense Eduardo Alves da Costa, tem pautado algumas atitudes em minha vida. Nele, o autor nos exorta a não silenciarmos frente ao que julgamos injusto ou incorreto. É o que me leva agora a esclarecer alguns pontos sobre o mercado de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) no País. Popularmente conhecido como gás de cozinha e presente em milhões de lares, o GLP faz parte de um setor cujo funcionamento é pouco conhecido. No Brasil, cinco grandes distribuidoras são responsáveis por 97% do abastecimento. Em 2003, eram nove companhias, além de outras de menor porte. O que vem ocorrendo para haver essa concentração? A resposta está, principalmente, no alto custo operacional aliado à margem reduzida que cabe às distribuidoras. O comércio do GLP é atípico. A embalagem - o botijão - vale mais que o produto. Cada vasilhame novo custa cerca de R$ 100 na fábrica. Em 2003, o preço era de R$ 30. O aumento da demanda por aço tanto na construção civil como na indústria elevou seu preço.
A realidade do setor de GLP hoje no Brasil

O Brasil se acostumou a ser um país muito caro
Ozires Silva
Gazeta Mercantil

Graças às comunicações internacionais e instantâneas o mundo se globalizou. Sabemos o que está acontecendo no outro lado do planeta de forma imediata e cada evento pode ser divulgado, atingindo todos os países, num quadro real de democratização das notícias e informações. Thomas Friedman, em seu livro "O mundo é plano", analisa isso, privilegiando o ângulo das oportunidades para gerar novos negócios e iniciativas! Do mesmo modo, e pelos modernos sistemas de conexão eletrônica, podemos acompanhar o quanto um país é caro ou barato, como vivem suas populações e, em função da remuneração típica que recebem o quanto um cidadão pode comprar e transferir para sua família o melhor em qualidade de vida.
O Brasil se acostumou a ser um país muito caro

Ribamar Oliveira - Os sinais da arrecadação

O Estado de S. Paulo

Os dados da Receita Federal do Brasil (RFB), divulgados na semana passada, mostram uma desaceleração do ritmo de crescimento da arrecadação de impostos e contribuições. No acumulado de janeiro a agosto, a receita tributária cresceu 9,49% em termos reais, ou seja, descontada a inflação do período medida pelo IPCA. Não é pouca coisa, mas o crescimento vem desacelerando em relação aos meses anteriores. É importante observar que essa desaceleração está ocorrendo antes da economia brasileira sofrer qualquer efeito da crise financeira dos Estados Unidos. Até maio, o crescimento real da arrecadação esteve sempre na casa dos dois dígitos - acima dos 10% - quando se analisa o resultado acumulado do ano em relação ao mesmo período de 2007. Em junho, a receita tributária acumulada nos primeiros seis meses apresentou um aumento real de 9,93%. Em julho, voltou a ficar acima de 10% (10,36%). Agora, em agosto, caiu para 9,49%.
Ribamar Oliveira - Os sinais da arrecadação

A febre demarcatória

editorial
O Estado de S. Paulo

Determina a Constituição que no prazo de cinco anos após a sua promulgação, em 5 de outubro de 1988, fossem demarcadas por seu proprietário - a União - as terras públicas tradicionalmente ocupadas pelos índios, as chamadas terras indígenas. E o artigo 231, inciso I da Carta Magna define o que são as terras indígenas: “São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.” Terras “tradicionalmente ocupadas” são aquelas nas quais os índios estão desde os tempos passados e continuam no presente. Não se referem, portanto, àquelas que já foram ocupadas em alguma época e deixaram de o ser - pois, se assim fosse, até as áreas urbanas de São Paulo, Rio de Janeiro e de todas as cidades brasileiras poderiam ser “demarcáveis” em favor dos índios que já as habitaram. De acordo com o dispositivo constitucional, além de ocupadas, as terras, para serem “indígenas”, precisam ser “utilizadas para suas atividades produtivas”, “imprescindíveis” à preservação dos recursos ambientais e “necessárias” à sua reprodução física e cultural. Estará o processo demarcatório, conduzido pela Funai em vários pontos do território nacional, obedecendo a estas delimitações constitucionais? A resposta é um definitivo não!
A febre demarcatória

Imóveis e ações - grande futuro, muito a aprender
João Crestana e Romeu Chap Chap
O Estado de S. Paulo

A instabilidade caracteriza o mercado de ações. Para investir nele é preciso sangue-frio. Sem isso, a qualquer oscilação (o que tem sido recorrente, em especial após a crise do subprime norte-americano) o investidor corre o risco de prejuízos. Aliás, isso também pode ocorrer em momentos de euforia: vai-se no estouro da manada e depois se descobre que, houvesse um pouco mais de cuidado e observação, seria possível fazer um negócio melhor. Quando, em 2006, empresas do setor imobiliário tiveram sua estréia no mercado de ações - os IPOs no Novo Mercado da Bovespa -, a sensação era extremamente positiva. Graças à estabilidade monetária e às medidas governamentais que resultaram num novo marco regulatório (que ampliou as garantias a compradores e agentes financiadores), o mercado de imóveis renasceu. O crédito imobiliário voltou a ser oferecido e a demanda reprimida começou a ser atendida. Para se ter uma idéia da proporção desse “renascimento”, na década de 90 e no início da atual, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) - que reúne bancos que concedem empréstimos com recursos da poupança - financiava 50 mil unidades/ano. Em 2006 o total foi de 114 mil unidades; em 2007, 192 mil (um crescimento de 72%); e para este ano a previsão é de pelo menos 280 mil imóveis.
Imóveis e ações - grande futuro, muito a aprender

Inovação tecnológica, ousadia e estratégia
Roberto Nicolsky e André Korottchenko de Oliveira
O Estado de S. Paulo

O Brasil vem caindo no ranking mundial do escritório norte-americano de registro de patentes (USPTO, na sigla em inglês), superado por outros emergentes nas últimas três décadas. Fato pior é a matriz tecnológica nacional não ter evoluído para setores mais dinâmicos da indústria, a exemplo do que ocorreu nos países asiáticos. Neles, políticas de apoio universal à inovação impactam todas as cadeias produtivas e fazem avançar a microeletrônica, setor transversal no qual uma patente agrega valor à tecnologia de outras indústrias. No Brasil, ao contrário, parece faltar visão estratégica na política de inovação, pois a distribuição por setores se mantém praticamente a mesma e desprivilegia os segmentos mais promissores.
Inovação tecnológica, ousadia e estratégia

'Queremos discutir a própria missão do FMI'
Marília Martins
O Globo

Para o ministro Celso Amorim, este é um bom momento para o Brasil e demais países do Bric serem ouvidos


O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, acredita que a crise econômica criou um sentimento de urgência para debater a reforma do FMI e do Banco Mundial. Ele saiu otimista do encontro com seus colegas do Bric, o grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China, e com esperança de que a Rodada de Doha sobre liberalização do comércio mundial seja concluída até o fim de 2008, com uma nova proposta para a Índia aderir.
Qual a estratégia para enfrentar a crise?
CELSO AMORIM: Vamos atuar em várias frentes. Uma das prioridades é a reunião do G-20 do Fundo Monetário Internacional, as 20 maiores economias do mundo. Agora não queremos discutir apenas cotas ou votos, saber quem vai votar mais, ou como serão concedidos os empréstimos. Nós queremos discutir a própria missão do FMI. Quando foi criado, o FMI tinha como missão acompanhar a política macroeconômica das nações desenvolvidas. Com o tempo, foi virando um fiscal dos países em desenvolvimento. Agora, é preciso que o FMI volte a ter a sua missão original.

O presidente Lula quer a ONU?
AMORIM: Outra frente importante é a reativação do Conselho Econômico e Social da ONU, o Ecosoc. O presidente Lula foi muito enfático ao pedir ao secretário-geral Ban Ki-Moon a convocação de reunião extraordinária do Ecosoc. É importante que um órgão multilateral da ONU esteja envolvido nesta discussão da crise econômica. É preciso ter uma visão global e debater num grande fórum internacional. Depois, na hora de tomar medidas concretas, entram o FMI e o Banco Mundial. E há um terceiro caminho, que é um encontro extraordinário entre os países interessados, hipótese aventada pelo presidente francês Nicolas Sarkozy. Para nós, o ideal seria fazer um encontro de cúpula para tomar as medidas necessárias.
'Queremos discutir a própria missão do FMI'
Decifrar
Nelson Brasil de Oliveira
O Globo

O fracasso da Rodada Doha das negociações da OMC, apontado por muitos como uma derrota brasileira, em realidade mostrou que está havendo uma correta e oportuna condução da política externa, consistente com os interesses nacionais e focada em objetivos realistas relativos à questão do acesso a mercados. O dito fracasso não resultou em prejuízos maiores para o Brasil, porque nas áreas em que temos grandes vantagens comparativas - como o agronegócio - nossas exportações certamente serão cada vez mais canalizadas para os países emergentes - em especial os asiáticos.
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Poucos arranhões
Coluna - George Vidor
O Globo

A economia brasileira ainda é uma das menos afetadas pela estrondosa crise no sistema financeiro americano, mas na última semana os bancos por aqui resolveram cruzar os braços, à espera dos acontecimentos lá fora. Com isso, o crédito minguou sob alegação que as fontes de financiamento haviam secado no exterior, tornando mais cara a captação de recursos internamente. Essa desaceleração do crédito era tudo que as autoridades monetárias brasileiras gostariam que ocorresse há poucos meses, quando os índices de inflação se mostravam ameaçadores e o remédio seria esfriar a demanda por bens e serviço - a forma clássica para tal é o encarecimento dos financiamentos, com elevação das taxas de juros e redução dos prazos de pagamento.
Poucos arranhões

Dois anos depois, choque entre Boeing da Gol e Legacy ainda é investigado
Leila Suwwan
O Globo

Relatório do Cenipa está sob análise de técnicos americanos e deve ser revisto

Dois anos depois do acidente do vôo 1907, completados hoje, a Aeronáutica ainda não concluiu a investigação técnica sobre as falhas que levaram à colisão do Legacy da ExcelAire e o Boeing da Gol. O relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), está sob análise dos investigadores aeronáuticos dos Estados Unidos e deve sofrer revisões - os países discordam sobre alguns aspectos que podem ter contribuído para o acidente. Esta é uma das fases mais críticas do processo, já que o ideal é buscar consenso científico e evitar o descrédito das autoridades brasileiras, colocadas sob escrutínio internacional devido às acusações de problemas na gestão do sistema de controle aéreo, um dos poucos ainda militarizados no mundo.
Dois anos depois, choque entre Boeing da Gol e Legacy ainda é investigado

Empresas brasileiras recorrem às agências de crédito e multilaterais
Cristiane Perini Lucchesi
Valor Econômico

Na expectativa da aprovação do pacote de socorro ao sistema financeiro americano, o aperto no crédito bancário cresceu e os mercados de capitais permanecem fechados. Diante disso, as empresas brasileiras com planos audaciosos de investimentos procuram cada vez os mais recursos das agências de crédito dos governos dos países ricos. Não é só o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que tem sido muito requisitado. A demanda por recursos das agências de crédito à exportação (no inglês, ECAs) e dos organismos multilaterais tem crescido mais do que a oferta. A Embratel tem sondado o mercado para tentar levantar US$ 200 milhões para investimentos pelo prazo de cinco anos. A EDP precisa de US$ 600 milhões para a construção da usina termoelétrica de Resende, no Rio de Janeiro. De imediato, quer levantar US$ 180 milhões.
Empresas apelam a agências multilaterais

Na reta final, "supertele" corre contra o tempo

Heloisa Magalhães
Valor Econômico

O prazo ainda factível mas apertado para a mudança das normas permitindo que se concretize a venda do controle da Brasil Telecom (BrT) para a Oi começa a preocupar os envolvidos na operação. O governo Lula já demonstrou clara aprovação à união das duas operadoras e, para ajudar a acelerar o processo, representantes do próprio governo vêm acompanhando de perto os trâmites que precisam ser seguidos para permitir a união das duas concessionárias. A corrida contra o tempo é porque, caso até 19 de dezembro a anuência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não seja concedida, o contrato firmado entre os controladores das duas empresas estabelece que a operação seja desfeita e a Oi pague R$ 490 milhões de multa à BrT. Há o gatilho estendendo o prazo até abril, mas ele só será acionado se a Anatel já tiver concedido a anuência prévia e o processo gere contestações na Justiça.
'Supertele' corre contra o tempo

Desordem em Wall Street
Antonio Prado
Valor Econômico

Um sistema fundado em valores que decorrem da máxima "vícios privados, benefícios públicos", não poderia dar em boa coisa. A idéia de que o egoísmo do agente privado, buscando de forma compulsiva seu próprio interesse, conspira para a elevação do bem-estar da sociedade, está mais uma vez desmoralizada. A auto-regulação do mercado, ícone liberal ressuscitado nas últimas décadas, revela-se uma ameaça grave à estabilidade social e econômica mundial. A justificação econômica do livre-mercado, auto-regulado, está na sua capacidade de ampliar a produtividade e de transformar a base material da sociedade. No entanto, se a máquina de produção capitalista tem sido um sucesso histórico, a distribuição de seus resultados nunca resultou de mecanismos automáticos, e sim de longas lutas políticas e das cinzas de crises desastrosas. E se essa ordem social vem sobrevivendo a seguidos cataclismos é porque desenvolveu instituições para absorver as demandas sociais das massas excluídas.
Desordem em Wall Street

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