terça-feira, 30 de setembro de 2008

Observatório

Terça-feira, 30 de setembro de 2008

Destaques dos jornais de hoje. O que merece ser lido. Se você não tem paciência ou não teve tempo para ler as notícias nos principais jornais de hoje, clique nos links logo abaixo das matérias para lê-las no clipping do Ministério do Planejamento, sem que seja necessário que se cadastre. Publicaremos esta seleção todos os dias entre 19h00 e 21h00. Nos finais de semana os links com as matérias completas serão da Radiobras, que exige cadastro

Revanche do gato
Carlos Chagas
Tribuna da Imprensa

Passou um pouco da moda, mas ainda hoje muita gente usa a imagem das mãos do gato, com as quais o esperto cidadão tirava as castanhas do fogo. Só que os tempos evoluíram e eis que surge um segundo capítulo do mote popular. O gato cansou de ser levado ao fogo, deixou crescer as unhas e agora luta para arranhar seu antigo algoz. Falamos de Geraldo Alckmin, o gato, e José Serra, aquele que em 2006 usou as mãos do bichano. Porque à medida que os anos passam, vai ficando óbvio que José Serra não queria disputar a presidência da República contra um Lula assentado no primeiro mandato e com a popularidade em ascensão. Sabia que perderia, mais claramente do que perdeu em 2002. Não podia, é evidente, fugir da raia. Assim, lançou-se no âmbito do PSDB, assistindo com satisfação o aparecimento do gato, ou seja, das ambições de Geraldo Alckmin. A manobra foi estimulada pelas raposas felpudas do partido, como Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati, Aécio Neves e outros. Todos incentivaram Alckmin a concorrer. Presumiam a derrota do então governador paulista para o Palácio do Planalto e visavam, na verdade, fortalecer a candidatura de Serra ao Palácio dos Bandeirantes. Bingo. Alckmin perdeu e Serra virou governador, preparando-se para disputar a presidência da República em 2010, quando, pelo menos de acordo com a Constituição, Lula não poderia apresentar-se. Deu certo a estratégia, mas do que ninguém cogitou foi da reação do gato. Lançando-se candidato a prefeito de São Paulo, Geraldo Alckmin atrapalha os planos de José Serra, já comprometido com Gilberto Kassab, do DEM, uma forma de assegurar o apoio do partido à sua campanha presidencial. Elegendo-se, além de haver derrotado Serra, Alckmin constituirá um obstáculo às pretensões presidenciais do atual governador, porque declaradamente apóia Aécio Neves dentro do ninho tucano. Mesmo perdendo, como hoje indicam as pesquisas, terá contribuído para inflar o balão de Marta Suplicy. Essa história poderia ter como título "A REVANCHE DO GATO".
Não se emendam
A menos de uma semana das eleições, salta aos olhos que as esquerdas não se emendam. Divididas, estão contribuindo para a vitória de seus adversários em cidades como Porto Alegre e Rio de Janeiro, entre outras, essenciais para uma negociação eficaz quando se abrirem as negociações reais para a sucessão presidencial.
Na capital do Rio Grande do Sul torna-se incompreensível para o restante do País como não conseguiram entender-se Maria do Rosário, do PT, Manuela D'Avila, do PC do B, e Luciana Genro, do PSol. Vão perder as três para José Fogaça, ainda que, somados, os votos das beldades suplantem o atual prefeito, do PMDB. Mesmo se houver segundo turno, fica difícil supor o eleitorado unido em torno de uma delas. Os gaúchos não diferem dos demais brasileiros: gostam de votar no suposto vencedor. Na antiga capital federal é a mesma coisa: a presumida votação de Fernando Gabeira, do PV, Jandira Feghali, do PC do B, e Chico Alencar, do PSol, supera as preferências em Eduardo Paes e em Marcelo Crivella. Acresce que um desses dois, passando para o segundo turno, não teria o apoio do outro, fluindo os votos para um hipotético e único candidato das esquerdas, se existisse. Como não existe, o mais provável será a disputa entre os dois conservadores. Há décadas tem sido assim, valendo lembrar que em 1989 Mário Covas, Leonel Brizola, Luiz Inácio da Silva, Roberto Freire e outros deram a vitória a Fernando Collor...
Carlos Chagas

McCain e a rejeição do pacote de Bush
Argemiro Ferreira
Tribuna da Imprensa

Em meio ao medo generalizado em seguida à rejeição na Câmara dos Deputados, sob a influência da bancada republicana, do pacote de US$700 bilhões do governo Bush para enfrentar a crise financeira, vale a pena ler melhor o que escreveu domingo o colunista Paul Krugman, um economista que nunca perde de vista a fator político nas suas análises econômicas. Ele escreveu antes da decisão, mas ofereceu a medida adequada do reflexo da decisão da Câmara na campanha presidencial. Krugman não é um profeta do caos. Prefere ser sensato. Ele acha que a proposta apresentada domingo pelo secretário do Tesouro Henry Paulson, era muito melhor do que a original. Os remendos profundos, disse, eram suficientes para merecer a aprovação. Não era o plano ideal e nem poria fim à crise. O mais provável, para o colunista do "New York Times", era o próximo presidente ter de tratar a questão depois com algumas grandes emergências financeiras. Quem então estaria bem equipado para o desdobramento seguinte? Barack Obama, bem informado e sensato em temas financeiros? Ou John McCain, que evitava o assunto, dizia-se não familiarizado com a economia, e escolhe mal os assessores?
Argemiro Ferreira

Toffoli está com Lula ou com os bancos?
Pedro do Coutto
Tribuna da Imprensa
Reportagem de Tatiana Bautzer, Cláudia Safatle e Juliano Basile, publicada no "Valor" de 26 de setembro, focaliza a dúvida que está envolvendo o advogado geral da União, José Dias Toffoli, a respeito das ações que estão tramitando na Justiça movidas pelos titulares (ou herdeiros) das cadernetas de poupança que, em janeiro e fevereiro de 89, governo José Sarney, deveriam ter os valores corrigidos pela inflação registrada pelo IBGE, mas acabaram recebendo muito menos do que deveriam. O expurgo praticado, claro, deixou em seu rastro um passivo enorme. Este é um fato concreto. Mas o que não entendo é porque, como a matéria do "Valor" assinala, a preocupação do titular da AGU. Os repórteres dizem que ele vacila entre sugerir ao presidente Lula que, de próprio punho, encaminhe argüição ao Supremo Tribunal Federal no sentido de conter as ações compensatórias, ou se deixa a tarefa para a Federação Brasileira dos Bancos, presidida pelo economista Fábio Barbosa, ex-secretário do tesouro nacional. José Dias Toffoli é o advogado geral da União. Deve estar ao lado de Luís Inácio da Silva. Portanto, precisa se definir com clareza. Está com o presidente da República ou ao lado da Febraban? O presidente Lula, para início de conversa, sequer é parte na questão. Ainda que ações envolvam o Branco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, empresas estatais, as ações se dirigem contra os bancos, não contra o poder público. Isso de um lado. De outro, a iniciativa sugerida a Lula o lançaria numa aventura de extraordinária impopularidade.
Pedro do Coutto

Dito pelo não dito
Mauro Braga/Fato do Dia
Tribuna da Imprensa

Quando o servidor brasileiro acha que a situação está ruim, repara que pode ficar ainda pior. São reivindicações não cumpridas, carências nos mais diversos setores e até o descumprimento de acordos já fechados. Se antes, os cidadãos avalizavam seus tratados com apenas um fio de bigode, hoje, nem palavra, assinaturas ou promessas entre categorias são suficientes para fazer o negócio andar. No início deste mês, um grupo de representantes dos trabalhadores do Arquivo Nacional se reuniu com a direção do órgão para discutir um acordo sobre a greve feita em virtude de algumas questões pendentes há anos. Ficou estabelecido que se o movimento fosse encerrado, não haveria corte de ponto sem antes uma negociação entre as partes, além da retirada de uma ação judicial impetrada contra a associação da categoria. Para fechar o pacote acordado, seria formado um grupo de trabalho para rediscutir o Plano de Carreiras e enviá-lo à Casa Civil em data a ser agendada. No último dia 18, entretanto, os representantes dos servidores foram chamadas ao gabinete do coordenador de administração para serem informados de que o Ministério do Planejamento havia ordenado o corte de ponto dos dias paralisados. Para completar o caldo, na última semana, uma comissão se surpreeendeu ao chegar em Brasília e saber dos representantes do governo e do Arquivo de que não haveria negociações sobre o ponto e sim o informe de que o mesmo seria cortado por ter sido a greve considerada ilegal. Nove dias serão descontados em três prestações. Diante disso tudo, onde ficou o acertado anteriormente? Virou moda resolver a situação através da política do dito pelo não dito. E o servidor só se lasca.
Fato do Dia

O que não falta é justificativa
Sérgio N. Lopes
Tribuna da Imprensa

Crise internacional, expectativa de inflação, inadimplência, alta do petróleo, variação cambial - há sempre uma justificativa para os bancos aumentarem os juros. No cheque especial, a taxa subiu de 162,7% para 166,4% ao ano. Se o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal baixassem seus juros, os outros bancos teriam de acompanhar, para não perder clientes. Mas nada acontece, porque o governo é propositadamente omisso.
Inadimplência
Em conseqüência dos juros estratosféricos, a inadimplência dos clientes dos bancos também aumentou, passando para 7,5%. Como a inadimplência é um dos motivos que os bancos alegam para subir os juros, já sabemos o que vem por aí.
Milagreiro
Faz sucesso na internet o anúncio do pastor Luís Claudio sobre o milagre que recebeu de Deus. Ele proclama ser "ex-travesti, ex-presidiário, ex-bruxo e ex-portador do vírus da Aids, agora casado com uma mulher que não tinha útero, mas lhe deu dois filhos". Quer dizer, o piedoso missionário não recebeu apenas um milagre, mas uma sucessão deles.
Para nada
O Conselho Nacional de Trânsito criou mais um código de segurança para o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo. Agora, além do Renavam, do chassi, da placa e do CPF do proprietário, haverá mais um código, com 11 dígitos, impresso junto ao local da assinatura. A finalidade é evitar falsificação. Na verdade, vai servir como indica o célebre poema de Ascenso Ferreira: para nada.
Racismo
Ao limitar a entrada de imigrantes às necessidades do mercado de trabalho, aprofundando as normas da repatriação aprovadas em junho, o Pacto Europeu sobre Imigração e Asilo é um retrocesso. Ficará na História da Humanidade como uma retomada do racismo e do preconceito.
Amazônia I
A Advocacia-Geral da União quer limitar a compra de terras por multinacionais e só falta aprovação do presidente Lula para que passem a ter as mesmas restrições hoje impostas aos estrangeiros não-residentes no País. Em regiões delimitadas pelo Incra, como a Amazônia, a multinacional vai precisar de autorização do instituto, dependendo da localização do imóvel. E a área não poderá ultrapassar um quarto do território do município.
Amazônia II
Ao mesmo tempo, o governo estuda a doação de terras de até 4 km2 ocupadas por posseiros na Amazônia. A medida beneficiará quase 284 mil posseiros e alcançará uma área equivalente a 4% de toda a Amazônia, ou mais de duas vezes o Estado de Pernambuco. Nada mal, é um processo efetivo de reforma agrária.
Sergio N. Lopes

Ari Cunha - Popularidade total
Correio Braziliense

Presidente Lula atinge níveis de popularidade poucas vezes vistos no Brasil. Jânio Quadros chegou a quase isso durante algum tempo. Renunciou para ser ditador. O povo lhe deu as costas.

Tanto na República Velha como na Nova, não se viu nada igual. Lula fala, e o povo delira. Nem Getúlio tinha tamanha comunicabilidade. Mas era estadista. Na guerra, Roosevelt veio ao Brasil. Usava cadeira de rodas. Do encontro nasceu a Siderúrgica Nacional. Juscelino também era estadista. Acossado, rompeu com o FMI. E criou a Operação Panamericana. No Brasil atual, o presidente Lula fala e o povo gosta. Ele conhece a língua que agrada ao povão. Criou o programa assistencial. Conforme a platéia, ensaia palavras de antigamente. Comete erros de gramática.

Para os eruditos, sua voz é pausada, as frases metrificadas e de efeito imediato.

O pobre recebe dinheiro do país no interior. Lá se vive com pouca coisa. Está feliz. Ninguém quer trabalhar. O dinheiro dá para o casal, filhos, genros, noras e netos. Ficam na cidade onde estão. Quando há trabalho na roça, não aparece quem queira trabalhar. A comida é por conta do “homem popular”. O presidente autoriza o “investimento” acima de R$ 10 bilhões no programa Bolsa Família. Escolas caem aos pedaços e premiam analfabetos. Meninos têm canudo de aprovação. A moeda tem dois lados. A cara é boa. A coroa não se define. Os dados são oficiais. O que acontece de mau não chega ao presidente. “Eu não sabia de nada” é refrão banal. Ninguém é punido. E os que o são, voltam ao colo presidencial ornados com carinho e valorização.
Ari Cunha - Popularidade total

Brasil S.A - Mais que resgate
Correio Braziliense

Congresso dos EUA derruba Wall Street do pedestal, quer reformar a economia e cria incertezas

A crise bancária dos EUA, que já arrasta sem apelação os bancos europeus e mesmo aqui provoca escoriações no mercado de crédito, vai redesenhar o panorama econômico global. O que virá é incerto. Nos EUA, o Congresso avocou a tutela dos mercados financeiros, até hoje tocados por agências públicas ou entregues à autoregulação, e quer mais que o resgate da banca, que recusou. Quer outra economia por cima dos escombros da banca, confundindo vendeta com realismo.
A Wall Street orgulhosa e autosuficiente acabou, pelo menos por agora. E terá de se esforçar muito para recuperar a cumplicidade política nos EUA e a influência espalhada pelo mundo. Banqueiros nunca desfrutaram de simpatia popular em lugar algum no mundo. Lá não era diferente, a ponto de Nova York, para muita gente do meio-oeste americano, ser considerada um enclave estrangeiro no mapa.
Brasil S.A - Mais que resgate

Brasília-DF - Subiu no telhado
Correio Braziliense

Considerada pelo governo Lula como uma proposta de difícil aprovação no Congresso, a criação do Fundo Soberano do Brasil (FSB) subiu no telhado. Com a rejeição do pacote de socorro ao setor financeiro do presidente Bush pela Câmara dos Deputados norte-americana, insistir na criação de uma reserva composta por recursos do superávit primário e de dólares adquiridos no mercado de câmbio pode ser um tiro pela culatra. O Palácio do Planalto já estuda retirar o regime de urgência do projeto de lei, o quarto na fila de votações da Câmara dos Deputados, e esperar a borrasca passar. O assunto está na pauta da reunião da coordenação política marcada para depois das eleições.
Gravidade
Embalada pela ascensão nas pesquisas para a Prefeitura do Rio de Janeiro, a campanha do candidato Fernando Gabeira (PV) aposta na migração de votos de candidatos em condições menos favoráveis na disputa, o chamado voto útil. O deputado federal, porém, não fala em voto útil, mas avalia que a entrada maciça dos artistas na campanha sinaliza a tradicional tendência da classe média carioca.
Brasília-DF - Subiu no telhado

Bancários fazem greve em Brasília
Letícia Nobre
Correio Braziliense

Os bancários vão cruzar os braços hoje por 24 horas. A greve de alerta é um protesto contra a proposta feita pela Federação Nacional do Bancos (Fenaban) no fim da semana passada. A entidade patronal propôs reajuste de 7,5% para os salários, os benefícios e a participação dos lucros das empresas. De acordo com o Sindicatos dos Bancários de Brasília, a inflação do período foi de 7,15% e, portanto, o ganho real seria de 0,3%, bem aquém do pedido de 5% real feito pelos bancários. A paralisação é nacional e deve atingir instituições bancárias públicas e privadas. A categoria, que tem cerca de 20 mil representantes no Distrito Federal, está em plena campanha salarial. Apesar da data-base ser em setembro, desde julho, quando foi entregue uma pauta com 105 reivindicações, há mobilizações. De lá para cá, houve sete rodadas de negociações e nenhuma resultou em acordo.
Bancários fazem greve em Brasília

BC na linha de tiro
Vicente Nunes
Correio Braziliense

Aumenta pressão para Banco Central interromper alta dos juros .Ordem é detonar argumentos de Meirelles

A decisão da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos de rejeitar o pacote de socorro de US$ 700 bilhões a bancos atolados em dívidas podres custará caro ao Banco Central brasileiro. Ontem, no calor das discussões sobre o que acontecerá com o país, diante do cataclisma provocado pela derrota do governo Bush, formou-se um consenso no Palácio do Planalto e no Ministério da Fazenda de que não há mais motivos para o Comitê de Política Monetária (Copom) continuar aumentando a taxa básica de juros (Selic). A ordem entre assessores do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é “detonar” qualquer argumento que venha a ser apresentado pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, em favor de mais aperto monetário. “O fogo amigo não dará trégua ao BC. Será um absurdo se tivermos de engolir mais uma alta da Selic, que já está em 13,75%, um patamar elevadíssimo”, disse ao Correio um ministro muito próximo de Lula.
BC na linha de tiro

“Muda o disco, cara!”
Coluna - Nas Entrelinhas
Correio Braziliense

Eu tenho a curiosidade de saber quem foi o gênio que, certo dia, soprou a dica nos ouvidos da oposição: “vamos dizer que o Lula só está indo bem porque, diferentemente de Fhc, não teve que enfrentar nenhuma crise internacional”
Um erro grave em gestão empresarial é subestimar a concorrência. Arrogância diante dos competidores é fórmula certa para ser ultrapassado por eles. Qualquer aluno de graduação em administração e negócios sabe disso. Quem ainda tiver dúvida a respeito, que observe o que se passa com a oposição brasileira. Apostaram lá atrás que o governo Luiz Inácio Lula da Silva daria com os burros n’água. Contra todas as evidências, mantiveram ferozmente essa previsão como única hipótese de trabalho. Os resultados da escolha estão aí. Nas pesquisas, como a CNI/Ibope publicada hoje neste jornal. Outro pecado capital é basear estratégias de guerra em premissas pouco seguras. Quando as premissas são desmoralizadas pelos fatos, a estratégia vai junto de roldão. Eu tenho, por exemplo, a curiosidade de saber quem foi o gênio que, certo dia, soprou a dica nos ouvidos da oposição brasileira: “Vamos dizer que o Lula só está indo bem porque é um cara de sorte, porque, diferentemente do Fernando Henrique, não teve que enfrentar nenhuma crise internacional”. Consultem os arquivos da imprensa para constatar a profusão de vezes em que tucanos e democratas disseram isso.
“Muda o disco, cara!”

Crime de alcoolemia ao volante?
Artigo - Mario Machado
Correio Braziliense

Desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal

Alcoolemia é a presença de álcool etílico na circulação sangüínea. O Código de Trânsito Brasileiro assim tipificava o crime de embriaguez ao volante: “Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Penas — Detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”. Com a Lei nº 11.705/2008, o tipo penal passou a ser: “Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência”. As penas permaneceram idênticas.
Crime de alcoolemia ao volante?

Sinais de alerta
Artigo - Valéria de Velasco
Correio Braziliense

Os recados chegam diariamente e são bem claros. Alguns exemplos pinçados dos boletins diários da Polícia Militar dão a medida do problema que cresce com intensidade assustadora. Os registros não escolhem cidade, espalham-se de igual forma por todo o DF. Em 3 de junho, duas garotas, uma delas de apenas 14 anos, foram pegas assaltando próximo ao centro de Taguatinga. Usavam um revólver calibre 38 com uma munição deflagrada e quatro intactas. Na noite de 20 de setembro, um adolescente foi preso com uma pistola 765, no Riacho Fundo II. Em Planaltina, também este mês, três adolescentes correram ao avistar uma viatura da Polícia Militar — um deles, alcançado pelos policiais, levava um revólver calibre 32. Na noite de 23 de agosto, dois garotos de 15 anos e um de 17 foram presos em Samambaia, cada um deles com um revólver .38 de numeração raspada. O trio usava um Vectra do pai de um deles.
Sinais de alerta

Lula critica "cassino" e cobra responsabilidade dos EUA
SERGIO TORRES
Folha de S. Paulo

Presidente minimizou efeitos da crise no Brasil e disse que governo está tranqüilo

Em evento na Academia Brasileira de Letras, no Rio, Lula afirmou que problema não vai afetar projetos de infra-estrutura já em curso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva responsabilizou ontem com dureza os Estados Unidos pela crise financeira global e cobrou soluções do governo de George W. Bush e do Congresso americano. Após participar na ABL (Academia Brasileira de Letras), no Rio, de solenidade alusiva aos cem anos da morte de Machado de Assis e da assinatura do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, Lula saiu da agenda para falar com jornalistas sobre a crise. Para ele, "diante do mundo", os EUA "precisam ter responsabilidade", pois "ali não existe meio-termo". "Está na hora de o Congresso americano e de o governo americano assumirem a responsabilidade que lhes cabe nessa história. Ou seja, não permitir que a disputa político-eleitoral [a eleição presidencial] que vai se dar em novembro se dê na discussão do plano econômico. Eles criaram um rombo no sistema financeiro, então agora têm que tapar esse rombo para deixar o mundo tranqüilo."
Para Lula, americanos montaram um 'cassino'

PT e PSDB são aliados em mais de 1.000 municípios
FERNANDA ODILLA e ALAN GRIPP
Folha de S. Paulo

Dobradinha PT-DEM registra o maior crescimento em relação a 2004, 41,9%

Na eleição municipal, petistas estão aliados com PSDB, DEM e PPS, partidos de oposição a Lula, em 41,2% das 5.563 cidades. O PT marcha de mãos dadas com ao menos um dos três partidos de oposição ao governo Lula (PSDB, DEM e PPS) em 41,2% dos municípios do Brasil -2.292 das 5.563 cidades. O número é 13,9% maior do que em 2004, uma prova de que o tensionamento da política federal vem sendo deixado de lado em nome de questões locais. A Folha analisou todas as 30.847 coligações válidas, registradas no Tribunal Superior Eleitoral em 2008 e 2004. As alianças que unem as quatro legendas numa única chapa subiram 36% em relação às eleições anteriores, passando de 89 para 121 neste ano. A dobradinha PT-DEM, impensada em nível nacional, foi a que registrou maior crescimento em relação à eleição passada: 41,9%. Em 2004, os partidos estiveram juntos em 674 cidades. Agora, são 957. Com o PSDB, possivelmente o maior rival na campanha da sucessão de Lula, o PT selou 1.095 alianças -20,9% a mais do que há quatro anos (905). Com o PPS, satélite democrata-tucano, as parcerias ficaram no mesmo patamar -de 1.105 para 1.129 (a maior das alianças entre PT e pelo menos um dos partidos da oposição em números absolutos). O dado novo é que ela acontece em quatro capitais: Manaus (AM), João Pessoa (PB) e Palmas (TO), além de Aracaju (SE). As alianças em que o pragmatismo local prevaleceu sobre a política nacional não ocorreram apenas em cidades minúsculas e longe de Brasília. As quatro siglas estão unidas, por exemplo, em municípios como São João de Meriti (RJ), com 462 mil habitantes, e São Vicente (SP), com 323 mil. Entre os acertos formais, o mais significativo ocorreu em Aracaju. Lá, ao contrário de Belo Horizonte -onde o PT bateu pé, obrigando o prefeito Fernando Pimentel (PT) e o governador Aécio Neves (PSDB) a formarem uma aliança branca em torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB)-, o casamento é de papel passado.
PT e PSDB são aliados em mais de 1.000 municípios

Em "forte nevoeiro", Coteminas prega cautela e evita previsões
AGNALDO BRITO
Folha de S. Paulo

Gigante do setor têxtil, a Coteminas, sócia da Springs Global nos Estados Unidos, prega cautela neste momento de turbulência. Nem a súbita elevação do dólar -positiva para uma exportadora- animou. Segundo Josué Christiano Gomes da Silva, diretor-presidente da Coteminas, a alta do dólar pode beneficiar o exportador, mas o ambiente geral torna qualquer decisão temerária. "Tem que deixar a poeira assentar, porque senão você acaba fazendo besteira", diz.

A seguir, trechos da entrevista concedida ontem, no meio do turbilhão.

FOLHA - Como está a Coteminas no mercado norte-americano com esse cenário tão pessimista?
GOMES DA SILVA - Na verdade, desde o início do ano, o mercado norte-americano vinha se comportando com reduções em relação aos mesmos períodos de 2007. No nosso segmento, foram quedas importantes, acima de 10%.
FOLHA - E agora, com a aparente piora da crise?
GOMES DA SILVA - Não dá para fazer uma avaliação agora, se esse nervosismo, que se agravou muito nas últimas duas semanas, terá impacto na economia real. Não tenho dados suficientes para avaliar se esse nervosismo das últimas duas semanas vai repercutir na economia real.
Em "forte nevoeiro", Coteminas prega cautela e evita previsões

Exportação avícola à Europa muda amanhã
ROBERTO SAMORA
Folha de S. Paulo

Certificado de origem, baseado no desempenho do exportador, prevê tarifa menor na venda de frango para a União Européia

Novo sistema tenta evitar perdas de exportadores por causa do mercado paralelo de licenças de importação na União Européia. Começa a valer amanhã o sistema brasileiro de distribuição de certificados de origem para alguns produtos avícolas, o que promete acirrar a disputa entre exportadores brasileiros e atravessadores da UE (União Européia). Segundo a Abef (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos), o sistema adotado pelo governo, a pedido do setor privado, tem o objetivo de evitar a perda de cerca de US$ 500 milhões no último ano comercial (julho de 2007 a junho deste ano) por causa de uma distorção no mecanismo de cotas com tarifas mais baixas da UE, que fez surgir um mercado paralelo de licenças de importação.
Exportação avícola à Europa muda amanhã

Clóvis Rossi - Da festa à histeria
Folha de S. Paulo

Quando Nancy Pelosi, a presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, disse domingo que "a festa acabou", estava se referindo apenas aos gatos gordos dos mercados financeiros que ganharam zilhões com especulação e alguma delinqüência, até levarem o mundo à beira de um colapso financeiro. Não podia imaginar que, poucas horas depois, a festa acabaria não apenas para os gatos gordos mas para todos os que investem nos mercados, da Índia (menos 3,71%) a São Paulo (-9,36%), para não falar nos mercados cambiais, em que o dólar avançava garbosamente em todos os grandes mercados, embora retrocedesse, sabe Deus por que, na Suécia, na Polônia, na Turquia, na Austrália e na África do Sul. Se a economia norte-americana está abalada, a moeda do país também deveria estar, mas, na hora do pânico, as velhas notas verdes ainda servem de refúgio, até porque ninguém sabe direito que diabos está acontecendo com a economia planetária, menos ainda o que vai acontecer agora que foi rejeitado o pacotão que resgataria os gatos gordos às custas dos contribuintes norte-americanos.
Clóvis Rossi - Da festa à histeria

Eliane Cantanhede - O tamanho do aperto
Folha de S. Paulo

Primeiro, Lula disse que a crise americana era "quase imperceptível no Brasil". Passados uns dias, falou que o Brasil estava "muito tranqüilo para enfrentar a situação". Agora, já muda a agenda e o tom, admitindo "algum aperto", apesar de "muito pequeno". E ele falou isso antes que a bomba explodisse e os estilhaços chegassem ao Brasil. O Congresso dos EUA deu de ombros ao pacote anticrise de Bush -como, de resto, os congressos costumam desdenhar pacotes, programas ou projetos de presidentes em fim de mandato. Ainda mais de um como Bush. As Bolsas entraram em queda livre. A de São Paulo se esborrachou, e o dólar deu um salto de 6%. O "aperto" chegou. Não é "imperceptível", certamente não será "muito pequeno", ninguém mais está "tranqüilo". E o que mais assusta é que nem governo, nem empresas, nem economistas de qualquer tendência conseguem projetar o que vem por aí.
Eliane Cantanhede - O tamanho do aperto

Jânio de Freitas - Ameaças vazias
Folha de S. Paulo

Ameaça e democracia não podem ser aproximadas em vão, sem a companhia de fundamentações ainda que polêmicas

PASSADO O LONGO período de umas 48 horas sem aparecer em nenhum meio de comunicação, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, aponta ameaças à nossa democracia na ocasião mesma em que seu parceiro, o ministro da Defesa, é abatido por suas próprias forças com um desmentido definitivo. Nem o promissor carimbo de "confidencial", pespegado no documento que Nelson Jobim entregou à CPI das Escutas Telefônicas, poupou-o da divulgação de que foi inverdadeiro nos depoimentos à CPI. Mais: também nas contestações ácidas ao ministro da Segurança Institucional, general Jorge Felix. E ainda: na indução ao presidente da República para afastar, por suspeitas extremas, o delegado Paulo Lacerda e outros diretores da Abin. O laudo final do Exército assegura que os equipamentos da Abin não poderiam ter gravado Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres. A partir da indução precipitada por Jobim, tudo a respeito daquela escuta concentrou-se na hipotética maleta da Abin, em detrimento da investigação de "grampeadores" particulares, a soldo de interessados, e mesmo como um dos desmandos decorrentes da Operação Satiagraha. Pouco depois de uma visita de José Dirceu à sua casa às 8 da manhã, Nelson Jobim chegou a exibir na CPI um comprovante documental de suas afirmações. Voltava lá porque um laudo do Instituto de Criminalística da PF refutara-lhe as contestações ao general Felix e ao delegado Paulo Lacerda.
Jânio de Freitas - Ameaças vazias

Mercado Aberto - Sem pacote, PIB cresce só 2% em 2009, diz LCA
Folha de S. Paulo
Se o pacote americano de salvação das instituições financeira não for mesmo aprovado pelo Congresso, a recessão será mais forte do que se imaginava e o Brasil só crescerá 2% em 2009 e 2,9% em 2010, segundo cálculos feitos ontem pela LCA Consultores Associados. Em 2008, o crescimento do PIB será de 4,8%.
Já se o pacote for aprovado, o quadro é completamente diferente. O PIB do Brasil cresce 3,7% em 2009 e 4,4% em 2010. Para este ano, a taxa de crescimento do PIB fica em 5,1%. A esse cenário, chamado de básico, a LCA atribuiu 65% de chances de se confirmar. Em relação ao outro cenário, batizado de adverso, as probabilidades são de 35% de se efetivar. Segundo Francisco Pessoa, da LCA, no caso de o pacote americano não ser mesmo aprovado, irá ocorrer uma série de fatores econômicos adversos que afetarão o Brasil de diversas formas. O crédito vai ficar ainda mais escasso, a aversão ao risco aumenta e as exportações sofrem uma queda significativa, entre outras conseqüências negativas.
Mercado Aberto - Sem pacote, PIB cresce só 2% em 2009, diz LCA

Mónica Bérgamo - Os predadores
Folha de S. Paulo

O sindicato dos produtores de cinema quer combater a proliferação de festivais de cinema no país. "O Brasil gastou neste ano mais de R$ 70 milhões nesses eventos, dinheiro captado por lei de incentivo que poderia ter sido investido em dezenas de filmes", diz o produtor Luiz Carlos Barreto. "É uma verdadeira indústria e uma concorrência predatória com os cineastas." Levantamento da entidade mostra que são mais de 40 festivais, "alguns até em cidades ribeirinhas do Amazonas."
BIBOCAS
O sindicato pretende criar uma lista de festivais que teriam o "selo de qualidade" da entidade, para onde os cineastas poderiam enviar seus filmes. São eventos como os de Brasília, Gramado, Rio, Paulínia, Recife e Fortaleza. "Temos que acabar com essa farra. Não podemos apoiar qualquer biboca por aí", diz Barreto.
MECENAS
E o hoje tão festejado filme "Última Parada - 174", de Bruno Barreto, só chegou às telas graças a um mecenas: Pedro Conde Filho, um dos herdeiros do extinto BCN, o Banco de Crédito Nacional. Conde colocou dinheiro no filme depois que ele foi reprovado três vezes em editais de financiamento do BNDES e da Petrobras.
TIRA-TEIMA
A eleição deste ano em São Paulo será uma espécie de tira-teima: nas três eleições em que petistas e tucanos se confrontaram diretamente no segundo turno, o PSDB ganhou duas vezes na cidade, contra uma do PT. Em 2006, o então presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB-SP) teve 54,4% dos votos, contra 45,5% de Lula. Em 2004, José Serra (PSDB-SP) levou a prefeitura com 54,8% contra 45,1% de Marta Suplicy. Na única vitória, em 2002, Lula teve 51% para presidente na cidade, contra 49% de Serra.
Mónica Bérgamo - Os predadores

Painel - Não me deixem só
Folha de S. Paulo

Para Geraldo Alckmin, o dia seguinte ao debate da Record foi de cobranças ao PSDB -nacional, estadual e paulistano. Ao exigir manifestações de apoio de seu partido, o candidato, atrás de Gilberto Kassab (DEM) nas pesquisas, chegou a dizer que "vencer é secundário, o que importa é a coerência". Até a noite de ontem, tal esforço havia resultado numa nota morna do presidente da sigla, Sérgio Guerra, e numa declaração de Aécio Neves ("acredito ainda na sua possibilidade de ir ao segundo turno e também nas suas melhores condições de vencer as eleições".) O provável cancelamento do debate da Globo, na quinta, foi recebido como má notícia por Alckmin, que contava com o evento para reverter sua situação.
Equilibrista
Em sua manifestação pró-Alckmin, Aécio citou um dos principais líderes do DEM, partido com o qual o candidato dinamitou todas as pontes: "sobre São Paulo, como disse Jorge Bornhausen, quanto menos nós falarmos, mais ajudamos".
Help
Campos Machado, vice de Alckmin, promete colocar 10 mil voluntários do PTB nas ruas a partir de amanhã.
Kassabinho
Quando não estava perguntando ou respondendo, o prefeito passou boa parte do debate da Record trocando de lugar uma jovial mochila que levou para o estúdio. Era grande a curiosidade para saber o que havia ali.
Pró-jovem
Em apuros em SP, Alckmin virou exemplo em Porto Alegre. "Ele foi prefeito de Pindamonhangaba aos 23 anos", diz Juliano Cordelini, coordenador da campanha de Manuela D"Ávila, que tenta se vacinar contra a percepção de inexperiência.
Sangue
No debate de anteontem, Luciana Genro (PSOL) acusou Maria do Rosário de se aliar ao grupo adversário de seu pai no PT: "Você quer trazer a turma do Zé Dirceu para a prefeitura".
Painel - Não me deixem só

Bolsa de Nova York perde "um Brasil"
FERNANDO CANZIAN
Folha de S. Paulo

No pior pregão em mais de 20 anos, ações perderam US$ 1,2 trilhão em valor, o equivalente ao PIB brasileiro de 2007. índices já caíam antes do fim da votação no Congresso dos EUA, e investidores se refugiaram em títulos do governo norte-americano. A Bolsa Valores de Nova York perdeu o equivalente a um Brasil inteiro ontem. No pior pregão em mais de 20 anos, os preços das ações negociadas na principal praça financeira do mundo perderam US$ 1,2 trilhão em valor, o equivalente ao PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do ano passado. Os três principais índices da Bolsa de Nova York começaram a despencar antes mesmo do final da votação que rejeitou por 228 votos a 205, no Congresso dos EUA, o pacote de US$ 700 bilhões para socorrer o sistema financeiro do país. Em pânico, os investidores venderam ações, principalmente de bancos, e correram para comprar títulos do governo dos EUA. A procura foi tanta que os juros federais pagos despencaram à metade do que era oferecido na sexta-feira -de 0,87% ao ano para 0,46% para os títulos de três meses. Em minutos o índice Dow Jones sofreria a maior baixa em pontos de sua história: 777,68. A queda foi de 6,98%, a pior desde 17 de setembro de 2001, na abertura da Bolsa após os ataques terroristas a Nova York, quando o Dow Jones caiu 7,13%, ou 684,81 pontos. O índice S&P 500, mais abrangente que o Dow Jones (que representa só empresas industriais), teve seu pior dia em 21 anos, em queda de 8,81%. O indicador Nasdaq, de ações de empresas de tecnologia, despencou 9,14%, maior baixa desde o estouro da "bolha da internet", em abril de 2000. Na Bolsa eletrônica, uma das ações mais castigadas foi a da Apple, fabricante do iPod. Com o mercado temendo uma forte queda no consumo daqui em diante, as ações da empresa despencaram 18% ontem. Outras grandes companhias dependentes do mercado de consumo, como das áreas de vestuário e beleza, tiveram quedas superiores a 10%.
Bolsa de Nova York perde "um Brasil"

Superávit primário chega a 4% do PIB e atinge R$ 74,8 bilhões
JULIANA ROCHA
Folha de S. Paulo

O crescimento das despesas não impediu o governo federal de fazer superávit primário recorde no período de janeiro a agosto, de R$ 74,83 bilhões. O valor representa 3,99% do PIB (Produto Interno Bruto). O esforço fiscal no acumulado do ano foi possível com o aumento de receitas federais em ritmo maior do que os gastos. Em agosto, a economia do governo foi de R$ 6,2 bilhões, também o maior já registrado para este mês. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, negou que o governo tenha feito um esforço adicional para aumentar o superávit primário devido ao agravamento da crise financeira internacional. Ele disse que a estratégia de elevar o superávit foi definida no início do ano e está sendo seguida. "O Brasil tem condições boas de suportar essa turbulência global. Ter um superávit primário forte é uma decisão de governo quando aumentou em 0,5% do PIB a meta. Felizmente, temos condições de manter a situação fiscal forte em um momento de turbulência."
Superávit primário chega a 4% do PIB e atinge R$ 74,8 bilhões

Agora, risco maior é de depressão global
LUIZ GONZAGA BELLUZZO
Folha de S. Paulo

O Congresso norte-americano rejeitou o pacote de estabilização dos mercados que havia sido proposto pelo Tesouro dos Estados Unidos. Essa decisão -que, espero, seja reconsiderada- atesta a supremacia do preconceito e da baboseira ideológica sobre a crítica realista e bem informada. A peculiaridade das economias contemporâneas -onde a finança direta e securitizada é predominante- é a alta sensibilidade dos preços dos ativos às flutuações da liquidez. Os mecanismos de transmissão são rápidos, variados e muito poderosos. Em primeiro lugar, a desregulamentação e a liberalização facilitaram o surgimento de bancos-sombra na formação de posições longas nos mercados de capitais, financiadas com recursos capturados nos mercados monetários. Isso permitiu os atuais níveis de alavancagem dos "dealers" e "brokers", bem como dos fundos de hedge e outros intermediários. Quando os agentes foram surpreendidos por movimentos adversos dos preços e suas perdas os obrigaram a liquidar posições para cobertura de margem, tanto o risco de mercado como o risco de liquidez se ampliaram rapidamente. A queda muito abrupta e profunda dos preços afugenta os financiadores desses ativos, inviabilizando seus mercados. Na ausência de um socorro tempestivo do emprestador de última instância, a propagação do pânico pode levar à ruptura do sistema de pagamentos e à corrida bancária. O "Financial Times" informa que o republicano Gresham Barret, da Carolina do Sul, disse: "Meu temor é o governo mudar para sempre a América do livre mercado. Votarei contra o pacote [proposto pelo Tesouro] porque acredito intensamente nos princípios do livre mercado e na liberdade". Barret não sabe, mas suas crenças ajudaram a conduzir a economia norte-americana (e seus desdobramentos globais) em direção à crise financeira que ora a aflige e ao resto do mundo.
Agora, risco maior é de depressão global

E agora, liberais?
Artigo - Marcos Nobre
Folha de S. Paulo

A MAIOR OPERAÇÃO ideológica desde a queda do Muro de Berlim foi por água abaixo. Fizeram do secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, um super-herói que iria salvar o planeta de um gigantesco acidente natural chamado crise financeira. Colocaram no roteiro verdadeiras crises de consciência: o herói faria o salvamento ao preço de enorme sacrifício pessoal, imolando suas mais caras convicções liberais no altar da estatização. Na seqüência, fizeram com que o já entronado grão-vizir das finanças públicas negociasse com os legítimos representantes do povo. Os superpoderes se tornariam então poderes supervisionados e delegados pela vontade da maioria. O acordo entre Hollywood e o Capitólio foi selado no domingo e derrubado no dia seguinte. Para o Congresso dos EUA não foi suficiente dizer "desculpe, foi engano" depois de décadas de exaltação às maravilhas da desregulação econômica. A situação é inédita. Pela primeira vez o capitalismo enfrenta uma crise global sem ter adversário. Não há movimento social e político de importância a confrontar o capital e a sua forma de distribuir a riqueza. E, nesse momento, a premissa de toda a encenação desmorona: não há harmonia preestabelecida entre capitalismo e democracia.
E agora, liberais?

Lula discute Odebrecht com equatoriano
Folha de S. Paulo

A situação da empreiteira Odebrecht no Equador será tratada em reunião hoje, em Manaus (AM), pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Rafael Correa. Segundo o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, o governo está preocupado sobretudo com os dois funcionários da empresa brasileira que tiveram seu direito de sair do país suspenso. As operações da Odebrecht foram embargadas por Correa, que alega falhas na construção de uma hidrelétrica e reavalia os contratos com a empresa. Baumbach informou que a Embaixada do Brasil no Equador está atuando para superar a crise. "As negociações têm avançado de maneira positiva. O presidente espera que levem a uma solução satisfatória para ambas as partes", disse. Lula também quer detalhes da Constituição aprovada em referendo no Equador neste domingo, desdobramento que, segundo Baumbach, o presidente brasileiro considerou "positivo".
Lula discute Odebrecht com equatoriano

Obama pede calma à população, e McCain culpa rival pelo fracasso na votação
DANIEL BERGAMASCO
Folha de S. Paulo

O fracasso da votação do pacote de socorro a Wall Street incendiou ontem a campanha presidencial norte-americana, com o democrata Barack Obama pedindo "calma" para a população e o republicano John McCain culpando o concorrente pelo resultado. Mesmo que os legisladores republicanos é que tenham votado em maioria pela rejeição do projeto (65 foram favoráveis e 133 contra; entre os democratas, foram 140 a favor e 95 contrários), McCain tentou colocar a derrota na conta do rival. O candidato da situação disse que o número de votos contrários foi alto entre os democratas, que costumam aceitar com mais facilidade intervenções na economia, ao contrário dos republicanos, que demonstravam mais resistência ao plano. "Barack Obama falhou em liderar", disse nota da campanha de McCain, que também afirmou que "o projeto fracassou porque Barack Obama e os democratas colocaram a política à frente do partido".
Obama pede calma à população, e McCain culpa rival pelo fracasso na votação

Vitorioso, Correa controla transição
FABIANO MAISONNAVE
Folha de S. Paulo

"Congressinho" de maioria governista que funcionará até novas eleições definirá regras para troca de juízes

Ao contrário do previsto em bocas-de-urna, presidente equatoriano sofre derrota em Guayaquil, governada por prefeito da oposição. Um dia depois do referendo que ratificou a nova Constituição do Equador, deputados constituintes aliados ao presidente Rafael Correa se reuniram ontem em Quito para discutir a instalação do controvertido Regime de Transição, durante o qual haverá eleições gerais e serão renovados todos os membros do Judiciário e das demais instituições do Estado. Com 95,65% dos votos apurados, o "sim" à Constituição impulsionada por Correa registrava 64,01% dos votos, contra 28,05% para o "não". O resultado confirma projeções da maioria das bocas-de-urna e da contagem rápida divulgadas na noite de domingo.
Vitorioso, Correa controla transição

Mantega nega pacote anticrise
Viviane Monteiro
Jornal do Brasil

Minutos depois de o plano americano ser rejeitado no Congresso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou que o governo brasileiro esteja costurando algum pacote anticrise. Mas reconheceu que os investimentos podem ser prejudicados pela escassez de crédito internacional O presidente Lula pediu responsabilidade dos EUA.

Ministro afirma que economia brasileira se mantém sólida

Minutos depois de o Congresso dos Estados Unidos rejeitar o pacote de socorro ao sistema financeiro americano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentou acalmar o mercado brasileiro. Segundo ele, a economia brasileira está sólida e preparada para enfrentar a turbulência internacional. Ele acredita que o pacote dos EUA será aprovado em uma segunda votação. E projeta que "vamos ter recomposição do crédito em uma base inferior à anterior, porém, não haverá mais o estresse que estamos vivendo", disse.
Brasil nega pacote

Informe JB - A quem interessa a falta de debates
Jornal do Brasil

No Rio, a falta de debates na TV é a morte dessa campanha "morna" – palavra cunhada pelo cientista política Eurico Figueiredo, da UFF, há muito analista desse vaivém das urnas cariocas. E, mesmo que acontecessem, lembra o cientista Antônio Celso, da Uerj, "cairia na vala comum das acusações mútuas". A cidade tem quatro grandes canais de TV, e por impasses aqui e acolá, além da má vontade, apenas o JB programou, com garra, um excelente encontro. A ausência de debates nas emissoras acaba por ajudar quem está na frente, como os principais candidatos: Eduardo Paes (PMDB), Marcelo Crivella (PRB), Fernando Gabeira (PV) e Solange Amaral (DEM). A eles também não interessa debates. Assim, Paes não precisa responder pela gestão de Sérgio Cabral, sobre os problemas da saúde e segurança; Solange não será lembrada como a continuidade de um cansado Cesar Maia; Crivella não será ligado à Igreja Universal; e Gabeira, esse um injustiçado pela coligação, não responderá pelo governo Marcello Alencar.
Informe JB - A quem interessa a falta de debates

Irritação do ministro com os americanos
Coluna - Coisas da Política
Jornal do Brasil

Daqui da planície, lendo e ouvindo declarações oficiais, a gente acaba imaginando que as autoridades andam nas nuvens. O Congresso americano barra o pacote de ajuda ao sistema financeiro dos EUA, a economia mundial entra em pânico e aparecem declarações amenas do tipo "no Brasil, está tudo sob controle", "não tem problema", etc. Mas não é bem assim. As autoridades econômicas brasileiras ficaram muito, muito preocupadas com o impasse entre governo e Congresso no Estados Unidos. Uma conversa descontraída com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, serve para mostrar que governantes também têm sangue nas veias. A mesma preocupação que estamos tendo todos aqui no mundo real, têm eles lá. O mesmo espanto com as autoridades econômicas dos EUA, que não conseguem debelar a crise. A mesma ansiedade com o descompasso entre o governo George Bush e sua base parlamentar, sem saber ao certo quanto tempo vai durar a crise. A mesma irritação ao lembrar do receituário neoliberal que nos impuseram e ver que, para eles, essas receitas não prestam.
E aí, ministro, é o caos?
– Momentaneamente, não tem outra definição. A sensação é de caos mesmo. O setor financeiro dos Estados Unidos mergulhou numa profunda crise, que já perdura por um ano e três meses, e as autoridades econômicas de lá parecem estar sem respaldo político para solucionar o problema. É isso que a reprovação, pelo Congresso dos EUA, do pacote de medidas proposto pelo governo aponta: o Executivo não tem nem sequer o apoio dos deputados de seu partido, tal a reprovação popular às medidas propostas. Se não há perspectiva de solução, então é o caos.
Como vai ficar o Brasil nessa história?
– Por enquanto, o que temos a fazer é colocar as barbas de molho. Até o momento, a crise não atingiu o setor real da economia. Há uma situação ruim nas bolsas, mas não se registrou nem um trimestre de PIB negativo, por exemplo. Vão ficar mais escassas as linhas de crédito, vai diminuir a disponibilidade de capital para investimentos, mas o Brasil já está com vários investimentos encaminhados, as obras do PAC em andamento... Nós só vamos sentir mesmo quando (e se) a crise sair do sistema financeiro dos EUA e afetar a economia real. Aí, sim, atinge as exportações brasileiras. Mesmo assim, estamos numa situação melhor. Antes, 25% de nossas exportações eram para os EUA, agora são 15%. Mas a verdade é que 15% ainda é muito. Se tiver recessão nos Estados Unidos, não tem jeito, a economia real no Brasil vai sofrer. Daí porque falo em colocarmos as barbas de molho.
E o que podemos fazer?
– Falando francamente, não há muito o que fazer. O Brasil já tomou as medidas preventivas que o receituário determina. Já aumentamos o nosso superávit primário, estamos preparando o Fundo Soberano... Enfim, do ponto de vista dos parâmetros macroeconômicos, o governo tem feito tudo o que é preciso ser feito. Mas seria ilusão pensar que há alguma medida que o governo brasileiro possa tomar que venha a resolver a crise nos EUA, ou impedir que uma crise global atinja a nossa economia. Pode estar certo de que o que precisar ser feito, nós faremos, mas temos consciência de que o governo dos EUA é quem tem de resolver a crise por lá. O governo, o mercado, os agentes econômicos de lá. Só isso afastará, em definitivo, a hipótese de caos.
Irritação do ministro com os americanos

"É triste culpar os assentados"
Catarina Alencastro e Anselmo Carvalho Pinto
O Globo

Presidente do Incra reage a levantamento

O presidente do Incra, Rolf Hackbart, disse que os 11 assentamentos do órgão que aparecem no ranking dos cem maiores desmatadores do país são antigos, criados entre 1995 e 2002. Ele culpou o modelo agrícola de monocultura pelo problema e disse acreditar que os desmatamentos tenham ocorrido em 1998. Devedor de R$265,6 milhões em multas para o Ibama, o Incra questiona o parecer que sustenta a cobrança.
- O Ibama multou o Incra com base numa foto de satélite de 1997. A maioria das fotos é de 97 e uma, de 2006. Quando é que houve o desmatamento? Até agora não nos informaram. O que me surpreende é que existe um grande desmatamento em unidades de conservação - rebateu Hackbart, acusando também o Ibama de permitir devastação em suas próprias áreas.
Hackbart desqualificou o levantamento afirmando que a localização que o Ibama aponta para o assentamento Itanhangá/Tapurah é 200 quilômetros distante de sua real posição. Ele contestou as declarações do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e garantiu que os assentamentos têm plano de manejo. Segundo ele, isso vem sendo feito desde 2003 e quase a totalidade dos assentamentos de Santa Catarina contam com o projeto que orienta o uso da terra para atividade agropecuária, levando em conta compensações ambientais.
- É muito triste o país ficar discutindo reforma agrária como o maior desmatador quando sabemos que quem mais protege o meio ambiente no país são os assentamentos, os ribeirinhos e os povos indígenas. Está se tentando mascarar o desmatamento como sendo responsabilidade da reforma agrária. A prioridade da reforma agrária é a proteção do meio ambiente, dos alimentos - protestou, lembrando que nos assentamentos listados vivem 7.239 famílias.
"É triste culpar os assentados"

Portos: a marcha da insensatez
Wilen Manteli
O Globo

A notável historiadora norte-americana Barbara W. Tuchman, falecida em 1989, registrou, em seu livro a "Marcha da Insensatez - De Tróia ao Vietnã", "um dos mais estranhos paradoxos da condição humana: a sistemática procura, pelos governos, de políticas contrárias aos seus próprios interesses". O cenário atual do sistema portuário brasileiro, pontuado por conflitos generalizados de interesses entre os atores envolvidos, pode estar no caminho para uma verdadeira "marcha da insensatez", que irá ameaçar a estabilidade institucional do setor e o próprio desenvolvimento econômico do país.
Não bastassem os notórios e crônicos obstáculos à modernização dos portos, tais como burocracia excessiva (mais de 28 órgãos e entidades interferem no porto), dificuldades na gestão da mão-de-obra avulsa e grevismo inconseqüente de servidores públicos, temos como problemas ainda pendentes a harmonização dos marcos regulatórios, hoje confusos e sobrepostos, a lentidão do governo federal na formulação de uma política portuária nacional e conflitos interempresariais em torno da regulamentação de outorgas para terminais portuários.
Como resultado desse imbróglio, todos os atores da cena portuária têm colocado a defesa dos seus interesses individuais ou corporativos acima da disposição para a negociação e o entendimento, ingenuamente transferindo para as mãos do governo a responsabilidade pela criação de soluções. Quando não são atendidos pelas autoridades administrativas, como quase sempre acontece, recorrem ao Poder Judiciário. Está em curso um processo de judicialização da atividade portuária - na verdade um retrocesso: há portos que estão sendo administrados por juízes através de liminares, por exemplo para determinar prioridades de atracação de navios ou providências relativas à gestão da mão-de-obra avulsa.
Portos: a marcha da insensatez

Reforço no BNDES
Coluna - Ilimar Franco - Panorama Político
O Globo

O governo decidiu ontem que recursos do Fundo de Investimento do FGTS (Fi-FGTS) serão destinados ao BNDES. Serão liberados R$7 bilhões para que o banco tenha lastro para financiar projetos de infra-estrutura. O fundo será remunerado pela TR mais 6%. A medida pretende enfrentar a crise de liquidez do mercado internacional. O anúncio oficial será feito depois das eleições de domingo.
O PT vai de Paes no segundo turno
Com seu candidato, Alessandro Molon, alijado do segundo turno, os principais dirigentes do PT carioca já conversam sobre quem apoiar em 26 de outubro. A participação no governo Sérgio Cabral e a boa relação deste com o presidente Lula são apontados como os principais critérios de definição. Essa premissa indica que os petistas encaram com naturalidade o apoio ao candidato do PMDB, Eduardo Paes. Essa definição prévia vale caso o adversário de Paes seja Fernando Gabeira (PV-PSDB) ou Marcelo Crivella (PRB). O PT só poderia deixar de apoiar Paes caso sua adversária fosse Jandira Feghali (PCdoB). Prefiro não pensar nisso nem vou tratar desse assunto antes de ele se pôr" - Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, sobre candidatura à Presidência da República
GOVERNO X GOVERNO
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) repete, desde o ano passado, que os maiores desmatadores da Amazônia são os assentamentos do Incra, como confirmado ontem pelo Ministério do Meio Ambiente. Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário, sempre rebateu, alegando que ele estaria a serviço do agronegócio. Relatório do TCU já disse que pequenos agricultores respondem por 18% do desmatamento.
Plano B
Candidato à prefeitura de Salvador, ACM Neto (DEM) exibe desde sexta-feira, em sua propaganda de TV, discurso do presidente Lula afirmando que não discrimina prefeitos de oposição. Neto tem dito ainda que vai ampliar o Bolsa Família.
Vigilância
O Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) vai instalar cinco antenas para monitoramento via satélite em duas unidades de conservação de Rondônia, a pedido do Ibama. É para prevenir invasões, criação de bois e desmatamento.
Trampolim
Ao se colocar na disputa para a presidência do Senado, o ministro Hélio Costa (Comunicações) está seguindo o exemplo de Aécio Neves, que foi presidente da Câmara antes de governar Minas. Costa quer fazer o mesmo caminho. Seu projeto é utilizar a presidência do Senado para se cacifar para as eleições ao governo do estado em 2010. Até agora, o PMDB não deu sinais de que está disposto a ceder a vaga para o PT.
Paraguai: venda de energia no mercado
O diretor-geral paraguaio de Itaipu, Carlos Mateo Balmelli, faz sondagens em São Paulo para vender diretamente ao mercado brasileiro a energia excedente do Paraguai. Seus contatos estão sendo articulados por Luiz Cesar Fernandes, ex-Pactual. Balmelli quer que a Ande, estatal paraguaia, venda a energia. Ele acredita que seu país receberá mais no mercado livre. Pelo tratado, o Paraguai é obrigado a vender o excedente para a Eletrobrás. O Brasil não vai abrir mão disso.
Reforço no BNDES

Sob o comando de Machado
Artigo - Marcos Vinícios Vilaça
O Globo

Quinhentos e oito anos depois que aquele "frol de mancebia jovem", no dizer de João de Barros, vencera o mar, mistérios e objetivos, desde o embarque no Restelo à chegada em Porto Seguro, estamos mais uma vez a cuidar da palavra. Cuidar da semente da linguagem e da credencial que identifica e promove. A promulgação do Acordo Ortográfico entre Brasil e Portugal compõe a consciência de que a língua também é expressão de poder. O presidente da República escolheu o cenário perfeito para o gesto certo. A Academia Brasileira de Letras, por vontade dos seus membros e por dispositivo do seu estatuto, "tem por fim a cultura da língua". Ao cumprir o comando de Machado de Assis, vimos coligindo elementos do vocabulário dos brasileiros, integrando-os à língua portuguesa, e atentamos para as diferenças do falar e do escrever dos países da CPLP. E o fazemos, ainda sob a recomendação de Machado, defendendo a língua "daquilo que não venha de fontes legítimas - o povo e os escritores - não confundindo a moda que perece, com o moderno que vivifica".
Sob o comando de Machado

Chávez estreita laços com Portugal
O Globo

O anúncio de uma série de acordos e projetos de colaboração no fim de semana entre Venezuela e Portugal fazem de Lisboa o principal aliado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na União Européia, afirmaram ontem jornais venezuelanos. No sábado, Chávez - que já foi recebido quatro vezes pelo premier José Sócrates - ordenou a compra de um milhão de computadores portáteis de Portugal, como parte de um acordo bilateral de US$3 bilhões. Portugal também colaborará com o desenvolvimento da infra-estrutura da Venezuela, com projetos de energia e telecomunicações. Já Caracas venderá 300 mil barris de petróleo por ano para Portugal.
- Estamos construindo uma relação sólida com Portugal - disse Chávez.
Chávez estreita laços com Portugal

Correa vai convocar eleições para fevereiro
Janaína Figueiredo
O Globo

Presidente se fortalece com aprovação da nova Carta e pode ficar à frente do Equador até 2017 se for reeleito

A aprovação da nova Constituição equatoriana no referendo realizado no domingo praticamente garante o triunfo do presidente Rafael Correa nas próximas eleições presidenciais, que, em princípio, seriam convocadas para fevereiro do ano que vem. Depois de apenas 20 meses de gestão, Correa se consolidou como o principal dirigente político do Equador. De acordo com o Tribunal Supremo Eleitoral, que até ontem havia apurado mais de 90% dos votos, o "sim" obteve 64,02%, contra 28,09% do "não". Assim, o presidente, de apenas 45 anos, venceu quatro eleições consecutivas, na maioria dos casos com percentuais acima de 60%.
- Vamos acelerar o processo de reformas. O respaldo popular para isso está dado. Nosso projeto de mudanças está na mesa - disse o presidente, que já anunciou também que fará mudanças profundas no setor de exploração de petróleo. - As petroleiras que não investirem no país já podem começar a sair.
Correa vai convocar eleições para fevereiro

Em Maceió, prefeito é bom de voto e de forró
Paulo Totti
Valor Econômico

"Perfeito é Deus; prefeito, Cícero Almeida". Com este slogan, José Cícero Soares de Almeida, PP, 50 anos, será reeleito no próximo domingo prefeito de Maceió e, se as pesquisas se confirmarem, receberá a maior votação proporcional entre os candidatos à administração das capitais de todo o país. Nas três últimas semanas, teve 78% das preferências do eleitor na pesquisa que lhe foi mais adversa e 81% na mais favorável, divulgada ontem à noite pelo Ibope. A secretária dos Direitos da Mulher no governo Fernando Henrique Cardoso, advogada Solange Jurema (PSDB), 59 anos, está em terceiro lugar, e na última semana caiu de 5% para 4%. Nas pesquisas anteriores, oscilava entre 2% e 4%. Mário Agra, do PSOL, companheiro de Heloisa Helena, tem de 1% a 2% dos votos (a ex-senadora concorre para vereadora, faz campanha nas esquinas e precisa de 20 mil votos, no mínimo, para seu partido conseguir uma cadeira na Câmara. Para presidente em 2006, Heloísa teve 92,8 mil votos em Maceió, 24,5%).
Forrozeiro será o prefeito mais votado

Governo deve renovar concessões do setor elétrico que vencem em 2015
Daniel Rittner
Valor Econômico

Ainda não há definição sobre o futuro das concessões do setor elétrico que expiram em 2015, mas o grupo encarregado de discutir o assunto já fez um diagnóstico inicial e levantou alternativas para o problema. Algumas idéias são consensuais, outras ainda requerem discussões do grupo, que se reuniu pelo menos cinco vezes. Mas, nos últimos dois a três meses, o governo amadureceu algumas propostas de solução para o vencimento das concessões de 17 usinas hidrelétricas, 37 distribuidoras de energia e 73 mil quilômetros de linhas de transmissão. A tendência é renovar as concessões, aplicando soluções diferentes para cada segmento, de acordo com suas características de investimento. O assunto é de especial interesse para o governo de São Paulo, que fracassou nas tentativas de privatizar a Cesp e espera prorrogar as concessões das usinas de Ilha Solteira e Jupiá. As soluções devem vir por meio de uma revisão da atual legislação, embora ainda não se tenha decidido se isso ocorrerá por medida provisória ou projeto de lei - trabalha-se com a certeza de que não basta um decreto ou portaria. Juridicamente, a maior preocupação é não contrariar o artigo 175 da Constituição Federal, que determina ao poder público prestar serviços públicos, "diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação". Mas já existe a interpretação de que é pequeno o risco de ações de inconstitucionalidade, porque a lei 9.074/1995, que tratava do mesmo assunto, estendeu por 20 anos as concessões do setor elétrico de empresas que não haviam sido privatizadas e jamais enfrentou contestação judicial.
Governo deve renovar concessões do setor elétrico que vencem em 2015

Lula e Chávez dão aval à venda de máquinas à Venezuela
Sergio Leo
Valor Econômico

O projeto do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para criação de indústrias estatais, recebe hoje medidas concretas de apoio do governo brasileiro, que espera fornecer ao país vizinho máquinas e equipamentos fabricados no Brasil. Após o encontro que terá com Chávez, em Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve acompanhar a cerimônia em que o venezuelano receberá os pré-projetos para construção de sete tipos de fábricas em território venezuelana, com tecnologia desenvolvida no Brasil. Empresas brasileiras esperam firmar contratos milionários com o governo Chávez. "Os contratos estão prontos e espero que sejam assinados, embora sempre haja conversas de última hora", disse, ao Valor, o diretor-executivo de Mercados da Associação Brasileira a Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mário Mugnaini. As empresas Tropical Food e Siminox deverão fornecer equipamentos para indústrias de suco de laranja e de goiaba, a Bronzinox fechou negociações para equipar uma indústria de beneficiamento de pescados, e a Indústria de Máquinas Moreno negocia, ainda, o fornecimento para uma fábrica de latas destinadas à indústria alimentícia.
Lula e Chávez dão aval à venda de máquinas à Venezuela

Curtas - Cobertura nacional
Valor Econômico

A Claro anunciou ontem o início de suas atividades em Roraima e no Amapá. Com isso, a operadora passa a ter cobertura em todos os Estados brasileiros. A empresa começou a atuar na região Norte em julho, depois de ter adquirido a outorga num leilão promovido pela Anatel no ano passado. Inicialmente, serão atendidas as capitais Boa Vista e Macapá. A Claro, controlada pelo grupo mexicano América Móvil, informou que seus serviços estão disponíveis em 2,6 mil cidades brasileiras.
Computadores na AL
A Intel, maior fabricante mundial de chips de computador, espera um aumento de 29% nas vendas de microcomputadores da América Latina neste ano. Nos primeiros seis meses de 2008, foram vendidos 12,8 milhões de PCs na região, volume 25% maior que os 10,2 milhões de unidades vendidas em igual período do ano passado. Em comunicado à imprensa, a Intel cita dados da consultoria IDC - que estima que, até dezembro, serão vendidos 29,4 milhões de PCs, total que representa alta de 29% sobre 2007. Do total, 19,2 milhões deverão ser computadores de mesa e 10,2 milhões serão notebooks, informou a Reuters.
Apple cai 18% na bolsa
As ações da fabricante de eletrônicos Apple registraram ontem a maior queda nos últimos oito anos. Os papéis da empresa, que registrou o melhor desempenho da Nasdaq em 2007, caíram 18%, pressionadas pelas previsões de analistas do Morgan Stanley, sobre queda de preços e redução de lucros. Foi o pior resultado desde setembro de 2000, informou a Bloomberg.
Curtas - Cobertura nacional

Liminar anula licenciamento da hidrelétrica de Baixo Iguaçu
Josette Goulart
Valor Econômico

Uma liminar concedida no início da noite de ontem pela Justiça federal do Paraná pode impedir a venda da única hidrelétrica a ser leiloada hoje pelo governo federal no 7º Leilão de Energia Nova. A usina de Baixo Iguaçu teve seu licenciamento ambiental anulado por decisão da juíza Ivanise Corrêa Rodrigues Perotoni, da cidade de Francisco Beltrão. Se os envolvidos não conseguirem cassar a liminar, a usina fica automaticamente fora da disputa, segundo informações da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Isso porque, pelo novo modelo do setor elétrico, nenhum empreendimento pode ser vendido sem o licenciamento.
O leilão de hoje teria a oferta de 13.144 MW de capacidade instalada para geração de energia para ser entregue a partir de 2013. Mas por decisão da Justiça, a baixa já soma mais de 1.200 MW. Além de Baixo Iguaçu, com capacidade de 350 MW, outras duas usinas termelétricas que também seriam vendidas podem ficar de fora por decisões liminares, concedidas pela Justiça federal de Brasília, que derrubaram o licenciamento ambiental. Uma delas é a usina MC2 Gravataí, movida a carvão, com capacidade de 700 MW e a outra é a MC2 Osório, com capacidade de 176 MW.
Nos leilões de energia nova, as empresas compram o direito de construir uma usina, seja termelétrica, hidrelétrica ou eólica, com base em um preço de energia pré-estabelecido. Ganha o leilão quem se dispuser a vender energia mais barata no futuro. O leilão de hoje vai negociar energia a ser entregue a partir do ano de 2013 e o preço-teto para Baixo Iguaçu seria de R$ 123 o MW/h. O investimento previsto para a construção da usina é de R$ 1,1 bilhão.
Liminar anula licenciamento da hidrelétrica de Baixo Iguaçu

Paraguai planeja vender excedente de Itaipu no Brasil
Josette Goulart
Valor Econômico

O diretor do lado paraguaio de Itaipu, Carlos Mateos, esteve ontem em São Paulo para uma série de reuniões com empresas do setor e consumidores livres. O objetivo do executivo é sondar a possibilidade de vender a parte da energia pertencente ao Paraguai, e que hoje é excedente, diretamente no mercado brasileiro, sem o intermédio da Eletrobrás. Mateos diz que o governo paraguaio não só quer vender a energia de Itaipu de forma direta, como também busca parceiros brasileiros dispostos a construir novas usinas hidrelétricas no seu país.
Paraguai planeja vender excedente de Itaipu no Brasil


Brasil - Aperfeiçoar as instituições
Antonio Delfim Netto
Valor Econômico

Uma das conseqüências da crise financeira que se revelou inicialmente no mercado imobiliário dos Estados Unidos e espalhou-se para todas as economias será um reencontro entre o pensamento econômico e a realidade do mundo. A teoria econômica e a realidade que ela tenta compreender são dois pólos que se estimulam mutuamente: a teoria sugere instituições para melhorar o funcionamento da realidade e esta, melhorada numa estimulante dialética, cria novos problemas. A marcha dessa iteração é no sentido de proporcionar à sociedade instituições eficientes que garantam a sua sobrevivência material.
O sistema econômico está imerso num universo social cujos valores transcendem a eficiência produtiva. Esta é, entretanto, fundamental para um viver mais confortável, onde cada cidadão pode usar com plena liberdade a sua capacidade de iniciativa e realizar suas potencialidades. O desenrolar da história mostra que a eficácia produtiva pode ser construída com sucesso maior ou menor em vários regimes políticos. Mostra, também, que o conjunto mais amplo de valores (liberdade individual, relativa igualdade de oportunidade e eficácia produtiva) só pode ser atingido num Estado democrático juridicamente regulado, com eleições livres e organizadas, de periodicidade bem definida. Nelas os cidadãos escolhem o poder incumbente que representará transitoriamente o Estado. À cada eleição, a sociedade "revela" suas preferências, depositando seus votos (as suas esperanças) naquele cujas promessas parecem mais próxima a ela.
Não importa que essa visão idílica (ou ingênua!) seja freqüentemente traída pelo eleito, ou que as instituições já estabelecidas (com seus interesses consolidados) sejam tão fortes que ele sucumba diante delas, ou - o caso mais freqüente - que ele tenha prometido o que não tinha condições de realizar. É a repetição dessas escolhas, condicionadas ao aperfeiçoamento da organização política e do sistema eleitoral e ao desenvolvimento das instituições econômicas, que lentamente faz convergir a administração do Estado na direção das "preferências reveladas" nas urnas.
Nesse processo continuado de "experimentos" políticos, a história revela outro fato da maior importância. Freqüentemente o poder incumbente eleito tem objetivos próprios. É mistificador. Tende a manipular a opinião pública servindo aos interesses dos grupos de maior poder vocal e de organização. E tem, como finalidade, sua própria sobrevivência, no que é facilitado no curto prazo por medidas sociais e econômicas oportunísticas.
Brasil - Aperfeiçoar as instituições

Política - Casa de ferreiro, espeto de pau
Raymundo Costa
Valor Econômico

Mestre-de-obras da mais controversa aliança eleitoral de 2008, o governador tucano Aécio Neves firmou uma vitoriosa parceria com o PT, segundo até agora indicam as pesquisas de opinião, mas não foi igualmente bem sucedido na armação dos palanques de seu partido, o PSDB. Um levantamento do desempenho eleitoral dos partidos nas 12 mais populosas cidades mineiras indica que o PSDB, por enquanto, só tem uma eleição bem encaminhada - a de Sete Lagoas, município com 221 mil habitantes situado na região metropolitana de Belo Horizonte. O candidato em Sete Lagoas atende pelo nome de Maroca, esteve perto de ganhar em 2004 e o seu maior trunfo é ser candidato do senador Eduardo Azeredo, que assim demonstra força em um de seus principais redutos eleitorais. É a maior cidade de Minas onde o PSDB se julga virtualmente assegurado .
Política - Casa de ferreiro, espeto de pau

Por dentro do mercado - Juro cai e pede ao BC o fim do arrocho
Luiz Sérgio Guimarães
Valor Econômico

Na parte que reflete a política monetária do Banco Central, o mercado de juros não se deixou arrastar pela onda de pânico que varreu ontem as finanças globalizadas sobretudo depois que os deputados rejeitaram o pacotão de Paulson-Bernanke. Os contratos com vencimento marcado para os próximos meses caíram no pregão de juros futuros da BM&F. O contrato que será liquidado na passagem de outubro para novembro cedeu 0,01 ponto, para 13,62%. O CDI previsto para a virada do ano recuou 0,02 ponto, a 14,01%. Não obstante os alertas inflacionários contidos no Relatório Trimestral de Inflação divulgado ontem pelo BC, o mercado acredita que a janela que autorizava novos aumentos de Selic já se fechou. Os contratos longos de CDI subiram em consequência da ojeriza externa ao risco. Embora não haja muita fuga de capital externo - afinal o giro de negócios no DI futuro foi irrisório, de apenas 539 mil contratos -, o juro longo sobe para encarecer operações de reversão de posições. Quando o hedge fund entra para aplicar em ativos que rendem a Selic, a taxa longa cai. Até o primeiro semestre de 2007, nos momentos de auge do carry trade de venda de dólar e compra de real, as operações externas exacerbavam a inclinação negativa da curva a termo de juros. Quando eles desmancham as operações, agravam a tendência positiva da curva desencadeada pelas circunstâncias externas. Mesmo assim, o contrato mais negociado, para janeiro de 2010, só tomou o viés de alta após a rejeitam do plano de salvamento dos bancos americanos. A taxa, que fechou sexta-feira em 14,66%, chegou a cair a 14,59% antes de encerrada a votação na Câmara dos Deputados. Depois, só subiu e fechou a 14,71%. Por meio da queda dos CDIs curtos, o mercado enviou ao Copom o recado de que não aceita mais alta de juros. Em meio a uma feroz corrida mundial em busca de mais liquidez e menos risco, um discurso em prol do arrocho monetário como o exercitado ontem pelo Relatório de Inflação do BC, mais irrita do que diverte os analistas. Peça escrita antes da deterioração da crise, o Relatório foi divulgado num péssimo dia. Na Europa, terror puro, decorrente da constatação de que a crise atravessou o Atlântico: a Inglaterra vai estatizar o banco Bradford & Bingley, soterrado por hipotecas impagáveis; o belgo-holandês Fortis teve de receber aportes dos governos da Bélgica, de Luxemburgo e da Holanda; e um consórcio de bancos jogou uma bóia salva-vidas ao alemão Hypo Real. Nos EUA, a crise em duas etapas: antes do repúdio político ao pacote, o Citi recebeu ajuda governamental para comprar o Wachovia e o Mitsubishi Financial Group, maior banco japonês em capitalização, adquiriu 21% do Morgan Stanley. Enquanto isso, o BCB troveja a ameaça de que fará o que for preciso para trazer a inflação ao centro da meta. Ao elevar as projeções de inflação para este ano e para 2009, o BC não agasalhou o consenso universal de que a desaceleração econômica global colherá o Brasil a ponto de alterar as estratégias de política monetária. Num momento em que no mercado pululam rumores sobre operações malsucedidas feitas por exportadores e bancos, em que se defende com aflição agônica novas medidas oficiais destinadas a ampliar a liquidez doméstica, a retórica do juro alto soa esquizofrênica. Esta não é uma boa ocasião para o BC manifestar suas inquietações relativas ao descompasso entre oferta e demanda e garantir que o principal risco inflacionário advém de fatores internos. "A expansão da demanda doméstica continua sendo fator predominante no balanço de riscos para a dinâmica inflacionária", diz o Relatório. E a crise de liquidez com isso? O BC não precisa fazer mais nada para segurar o crédito. Ao contrário do que prevaleceu no primeiro semestre, a tarefa agora é operar em cima da falta de liquidez.
Por dentro do mercado - Juro cai e pede ao BC o fim do arrocho

Pregão é suspenso pela 1ª vez desde 99
Coluna - Daniele Camba
Valor Econômico

O mercado começou o dia de ontem de mau humor com os problemas no banco Fortis - uma das maiores instituições financeiras da Bélgica e da Holanda -, a compra do banco Wachovia pelo Citigroup, além da decisão do governo britânico de estatizar o Bradford & Bingley, importante empresa hipotecária do país. Essa aversão ao risco, no entanto, era fichinha se comparado ao que ainda estava por vir. Num movimento pra lá de surpreendente, os deputados americanos resolveram rejeitar o megapacote de salvamento de US$ 700 bilhões, que é visto pelos especialistas como condição "sine qua non" para que não ocorra uma crise sistêmica. Os mercados mostraram imediatamente a indignação dos investidores, registrando quedas acentuadas.
Pregão é suspenso pela 1ª vez desde 99

Israel deveria deixar a Cisjordânia, diz Olmert
Valor Econômico

O primeiro-ministro demissionário de Israel, Ehud Olmert, disse que o país deveria deixar a Cisjordânia, região reivindicada pelos palestinos para a criação de seu Estado. Em entrevista publicada ontem pelo jornal israelense "Yedioth Ahronoth", Olmert disse também que Israel deveria devolver para a Síria as Colinas de Golã - em troca de paz. "(Estou dizendo) o que nenhum líder israelense jamais disse: nós devemos sair de quase todos os territórios, incluindo Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã", disse. A Cisjordânia, onde vivem cerca de 2,5 milhões de palestinos, foi ocupada por Israel em 1967, na Guerra dos Seis Dias. O maior obstáculo à retirada da Cisjordânia são as centenas de assentamentos criados por Israel na região. Olmert renunciou ao cargo de premiê no dia 21, mas continua chefiando o governo até a formação de uma nova coalizão.
Israel deveria deixar a Cisjordânia, diz Olmert

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