sábado, 27 de setembro de 2008

Lobão Nuclear

Nilder Costa

(
Alerta em Rede) – Nada mais eloqüente para demonstrar as preocupações do Establishment anglo-americano com as iniciativas do governo brasileiro no setor nuclear – tanto internamente quanto na América do Sul -, que as manifestações de ‘repúdio’ feitas por ONGs promotoras do ‘apartheid tecnológico’ e sabidamente financiadas por ‘filantrópicas’ sediadas no eixo Washington-Londres-Amsterdã.O primeiro de tais manifestos focaliza a ‘tentativa de nuclearização da América do Sul’ e acusa os presidentes Lula e Cristina Kirchner por desprezarem a opinião pública de seus países ao anunciarem a criação de uma empresa binacional voltada para o enriquecimento de urânio, produção de radioisótopos e desenvolvimento de reatores nucleares. ‘Pior, todo o Pacote Nuclear argentino-brasileiro é baseado em planos megalomaníacos de instalação de 12 a 15 centrais nucleares de energia na América do Sul até 2030, espalhando a aventura nuclear a países como o Chile, Uruguai, Peru e Venezuela. Nesse sentido, Bolívia e Equador também poderiam vir a integrar o rol de países envolvidos na proliferação nuclear na América Latina’, diz o manifesto que é assinado pelas filiais brasileira, argentina e paraguaia da Friends of the Earth (Amigos da Terra), Greenpeace, International Rivers Network e uma constelação de ONGs locais agregadas. [1]O outro manifesto é da lavra do FBOMS (Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, um agregado de ONGs de vários matizes) e é dirigido especificamente contra a política de desenvolvimento do setor nuclear do governo Lula. Além das diatribes de praxe contra as usinas de Angra e a ladainha sobre o acidente de Chernobyl, o manifesto exige a ‘democratização imediata’ do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e faz alusões descabidas à ‘insegurança nuclear no Brasil’ com base no único e lamentável acidente com materiais radioativos (césio-137), ocorrido em Goiânia (1987), quando um aparelho utilizado em radioterapias foi furtado das instalações de um hospital abandonado, desmontado e repassado para terceiros. [2] Certamente, as preocupações do Establishment anglo-americano aumentaram ainda mais com as recentes declarações do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ao conclamar o país a construir 50 novas usinas nucleares com capacidade total de 60 mil MW. A importância da declaração não é propriamente a quantidade de usinas em si (que poderia ser tomada como metafórica), mas a determinação de um poderoso grupo dentro do governo em ‘ir para o nuclear’, como, de resto, já faz a China que tem projetos definidos para a construção de 20 novas centrais nucleares e perspectivas para outras 30 ou 40. [3]Das tecnologias de ponta, a nuclear, além de ser fonte energética indispensável para garantir o porvir da humanidade com qualidade de vida muito superior à atual, é indiscutivelmente a que reúne as melhores condições para capacitar ‘cérebros’ e promover um enorme salto de qualidade científico e industrial em todos os campos. Assim, tem razão o ministro Lobão em ousar projetar o horizonte estratégico para as próximas duas gerações de brasileiros com a construção de meia centena de usinas nucleares.
Notas:
[1]Ongs lançam nota de repúdio à nuclearização da América do Sul, ISA, 09/09/2008
[2]Manifesto do FBOMS contra o Programa Nuclear Brasileiro: O Brasil é Renovável, Greenpeace, 15/09/2008
[3]Pacote prevê 50 usinas nucleares, O Estado de São Paulo, 13/09/2008

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