sexta-feira, 4 de julho de 2008

Coisas da Política

Contradança na Colômbia

Mauro Santayana


Durante os últimos 40 anos, os conservadores colombianos se mantiveram no poder graças aos movimentos guerrilheiros. O espantalho de um governo revolucionário, ao lado de Cuba, revigorou a presença dos Estados Unidos no país, iniciada quando Washington promoveu a "independência" do Panamá, em 1903, amputando-o da Colômbia, a fim de se abrir o canal. A reivindicação revolucionária dos vários movimentos guerrilheiros acarretou a reação brutal dos conservadores, e essa repressão animou, por décadas seguidas, o apoio dos camponeses aos rebeldes. De repente, o aumento espantoso do consumo de entorpecentes, nos países desenvolvidos, perturbou o jogo. As empresas clandestinas, que produzem, refinam e exportam a cocaína para o Hemisfério Norte, passaram a ser o grande poder na Colômbia. É com o seu dinheiro farto que se financiam as forças políticas conservadoras, detentoras do governo legal. Contribuem também para as despesas operacionais dos grupos guerrilheiros, que ocupam as áreas de cultivo da coca, e para as organizações paramilitares da extrema-direita. Além disso, participam, como acionistas ocultos, dos bancos, das grandes indústrias, do turismo, o que lhes serve para lavar o dinheiro das drogas. A Colômbia talvez seja a maior vítima mundial da droga, a mais valiosa das commodities do mundo globalizado. Não adianta tentar impedir o seu cultivo: é necessário combater o consumo nos grandes países importadores, como é o caso dos Estados Unidos, o maior comprador do mundo. Combater o consumo, ou permiti-lo, sob controle médico – e fiscal. Os americanos e os partidários de Uribe se sentem vitoriosos. As Farc, desfalcadas de seu grande líder histórico, Manuel Marulanda, perderam rapidamente o rumo. Todos os movimentos dependentes de um líder carismático, sujeitos ao culto da personalidade, tendem a esfacelar-se quando lhes falta o símbolo. As Farc eram Marulanda, o mais antigo guerrilheiro do continente, de armas nas mãos desde o fim da adolescência e legitimado no comando pela coragem pessoal e pela austeridade com que vivia. Era autêntico camponês, escassamente abastecido de alguma teoria marxista, mas hábil condutor de homens. Sem ele, mesmo que permaneçam as razões da luta, ser-lhes-á difícil reconstruir o exército rebelde e restabelecer a autoridade política sobre o território em que se movem. Nos próximos meses, é previsível a desagregação das guerrilhas. (...)

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