A atriz e humorista Dercy Gonçalves morreu às 16h45 deste sábado aos 101 anos. A atriz estava internada desde o início da madrugada, no Rio de Janeiro, com problemas respiratórios e não resistiu às complicações de seu quadro.
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A atriz foi levada para o Hospital São Lucas, em Copacabana, bairro onde morava, durante a madrugada, e foi encaminhada ao Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Segundo nota divulgada pelo hospital, Dercy chegou à unidade com sinas de "uma pneumonia comunitária grave", que, segundo os médicos, evoluiu rapidamente para um quadro de "sepse pulmonar e insuficiência respiratória".
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito da capital fluminense, Cesar Maia, decretaram luto oficial no Estado e na cidade em homenagem à atriz. De acordo com a Globonews, o velório será neste domingo na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. O sepultamento está marcado para aocntecer na segunda-feira em Santa Maria Madalena, sua cidade natal, no Norte Fluminense.
Apesar de sua longevidade, Dercy pensava na morte. Ela comprou um túmulo no cemitério da cidade e decorou a lápide de acordo com seu gosto.A festa da padroeira de Santa Maria Madalena foi interrompida com a morte de Dercy. A notícia foi anunciada no sistema de som e a festa foi suspensa. O prefeito da cidade, Clementino da Conceição, decretou luto oficial de sete dias."Lamentamos profundamente esta perda da atriz e da cidadã benemérita de Madalena", disse Neston Lopes, diretor do Museu Dercy Gonçalves, em Santa Maria Madalena. "A Dercy transgrediu a sua época garantido como razão de sua vida o seu querer, a sua vontade de ser o que foi. Se não tivesse fugido de Madalena, teria sido a Dolores para sempre, filha de um alfaiate e uma lavadeira", afirmou.
Festa de 101 anos
No último dia 23 de junho, Dercy Gonçalves completou 101 anos de vida. Ela recebeu a visita do grande amigo Julinho do Carmo, ganhou uma torta para cantar 'parabéns' e uma surpresa especial de Silvio Santos: três perucas de fios egípcios, confeccionadas pelo próprio Julinho. “O Silvio é uma pessoa incrível, de uma sensibilidade fora do comum. Só quem me conhece realmente sabe o quanto sou vaidosa, amei o presente!”, disse.
Vida de Dercy
Dercy Gonçalves foi o nome artístico adotado por Dolores Gonçalves Costa, que nasceu em 23 de junho de 1907. Ela, que é a maior expoente do teatro de improviso, iniciou a carreira em 1929, na cidade de Leopoldina, integrando o elenco da Companhia Maria Castro.
No ano seguinte, viajou pelo Brasil fazendo par com Eduardo Pascoal com o espetáculo Os Pascoalinos. A atriz participou do auge do Teatro de Revista Brasileiro, nos anos 30 e 40. As principais peças que fez na época foram: Rumo a Berlim, Passo de Ganso (1942), Rei Momo na Guerra (1943), Momo na Fila (1944), Canta Brasil (1945).
A partir da década de 60, Dercy inicia espetáculos no quais contava fatos autobiográficos de sua vida. Ela dialogava direto com o espectador, sem personagem, fazendo uma seqüencia de piadas e tiradas cômicas. Dercy também atuou em diversos filmes do gênero chanchada e comédias nacionais.
Na televisão, chegou a ser a atriz mais bem paga da TV Excelsior no início da década de 60. De 1966 a 1969 apresentou, na TV Globo, o programa de auditório Dercy de Verdade, que saiu do ar com o início da censura no país.
No final dos anos 80, passou a integrar corpos de jurados em programas populares, como os apresentados por Sílvio Santos. Ela participou, entre outras, das novelas Que Rei Sou Eu? (1989) e Deus nos Acuda (1992), da TV Globo.
Em 1985, ela recebeu o Troféu Mambembe como melhor personagem de teatro. A categoria foi criada especialmente para ela que nunca havia conquistado nenhum prêmio por suas atuações.
Dercy Gonçalves ficou muito famosa por seu bom humor, as entrevistas irreverentes que dava e o uso constante de palavrões de baixo calão. Sua biografia, intitulada Dercy de Cabo a Rabo, foi escrita por Maria Adelaide Amaral, em 1994.
Veja a lista dos filmes que a atriz participou:
1943 - Samba em Berlim
1944 - Abacaxi Azul
1946 - Caídos do Céu
1948 - Folias Cariocas
1956 - Depois Eu Conto
1957 - Feitiço do Amazonas
1957 - A Baronesa Transviada
1957 - Absolutamente Certo
1958 - Uma Certa Lucrecia
1958 - A Grande Vedete
1959 - Cala a Boca, Etelvina
1959 - Minervina Vem Aí
1960 - Entrei de Gaiato
1960 - A Viúva Valentina
1960 - Só Naquela Base
1960 - Dona Violante Miranda
1960 - Com Minha Sogra em Paquetá
1963 - Sonhando com Milhões
1970 - Se Meu Dólar Falasse
1980 - Bububú no Bobobó
1983 - O Menino Arco-Íris
1993 - Oceano Atlantis
2000 - Célia & Rosita
*Com informações da Enciclopédia Itaú Cultural
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