sábado, 5 de julho de 2008

Jogo de cena? Operação encenada? As bochechas róseas da francesa envolvida na Colômbia indicariam que sim...Confiram...

Não houve resgate
Por Narciso Isa Conde

O regime de Uribe é perito em iniciativas espetaculares e shows mediáticos. E para isso conta com a ajuda nada desprezível dos poderosos meios de comunicação dos EUA e da oligarquia capitalista mundial. Dia 1º de Julho deste ano o jornal El País, da Espanha, informava que:

"Bogotá autorizou a reunião dos negociadores europeus a fim de discutirem as condições para futuros encontros destinados a discutir o futuro dos seqüestrado pelas FARC, segundo informaram os media colombianos. O antigo cônsul francês em Bogotá, Noél Sáez e o diplomata suíço Jean-Pierre Gontard partiram no princípio do passado fim de semana rumo a um ponto de encontro nas montanhas que o governo não informou e poderiam ter-se reunido já com membros do secretariado da guerrilha, o principal órgão diretivo, e inclusive com o novo líder das FARC".

Por sua vez, a Agencia Popular de Notícias, da Venezuela, a 2 de Julho esclareceu o seguinte:

"Quanto as FARC, em coordenação com emissários dos governos da França e da Suíça, efetuavam a transferência dos 15 retidos em dois helicópteros, funcionários do Exército colombiano já haviam detectado e ocupado as aeronaves previamente". "Ainda que o governo da Colômbia tenha anunciado a operação como um resgate militar por parte do Exército colombiano, segundo a televisão francesa, a libertação de Ingrid Betancourt, junto com 10 militares colombianos, um polícia e os três mercenários estado-unidenses, teria sido resultado do desvio do helicóptero onde as FARC transferiam os 15 retidos para um ponto onde, supostamente, seriam entregues a Alfonso Cano, o qual estava a negociar com uma delegação francesa e suíça a sua libertação".

Está claro: as FARC aceitaram em libertar esses retidos para serem entregues à referida delegação franco-suíça, que atuou em nome dos países europeus "Amigos da Colômbia", os quais antes já haviam intervido em favor da troca humanitária de prisioneiros. Recordamos que, pouco antes de ser bombardeado o acampamento do comandante Raúl Reyes, este tratava de buscar a maneira de libertar Ingrid Betancourt e, para esse fim, teve contactos diretos com o governo do Equador e da França. Então Uribe e seus chefes militares, com a cumplicidade e a tecnologia do Pentágono e a ajuda de dois generais equatorianos vinculados à CIA, planearam e executaram a "operação cirúrgica" que exterminou o acampamento do comandante Reyes. Assim, violentando a soberania territorial do Equador e provocando um massacre – completado com o remate a tiros e paus dos sobreviventes – impediu-se então a libertação de Ingrid Betancourt. Já anteriormente, no início deste milênio, imediatamente depois da captura pelas FARC desta ex-candidata presidencial colombiana, o autor deste artigo participou em gestões para a sua liberdade e também então o senhor Álvaro Uribe interpôs uma operação militar para bloquear esse passo, quando estava a ponto de concretizar-se.
Roubo da iniciativa às FARC
Agora as circunstâncias são diferentes e Uribe e seu regime narco-para-terrorista decidiram actuar de outra maneira. Como não podiam recusar o pedido do diplomata francês Noel Sáez e do suíço Jean Pierre Gontard, aceitaram suas gestões e autorizaram seus esforços para entrar em contacto com o Secretariado das FARC e inclusive informaram, nacional e internacionalmente, a partir do palácio presidencial. As FARC aceitaram de boa vontade a proposta franco-suíça e dispuseram-se a trabalhar nessa direção. Esses quinze reféns estavam distribuído em três pontos diferentes e distantes, e por essa razão resolveram juntá-los num ponto comum da selva colombiana. Montou-se previamente uma operação civil, em helicópteros civis, para efectuar as transferências e organizar a cerimônia de entregas dos prisioneiros, na qual aparentemente participaria a direção das FARC e a delegação estrangeira. Tudo estava acordado e os helicópteros civis avançaram nas direcções previstas, só que nem as FARC nem os representantes da França e da Suíça contaram com a astúcia inescrupulosa de Uribe, apesar de ser bem conhecida e comprovada. Talvez tenham pensado – e mal – que Uribe não se atreveria a tanto. Mas nem Uribe, nem a CIA, nem o Pentágono, iam permitir que as FARC registrassem esse tento; menos ainda se era relativamente fácil impedi-lo, voltando nesse ponto o jogo a seu favor. Bons trapaceiros, magníficos jogadores, peritos no roubo... arquitetaram "intervir" nos vôos dos helicópteros civis, antes de chegarem ao ponto onde se encontravam os prisioneiros. Tomaram militarmente as duas aeronaves, disfarçaram de civis os militares e procederam para enganar os encarregados de reuni-los no seu plano humanitário. Jogada relativamente fácil, que evidentemente não necessitou de qualquer trabalho de infiltração prévia nos grupos de custódia, por mais que os uribistas insistam na tentativa de converter essa mentira em verdade, para apresentar as FARC em suposta e falsa debandada. Foi preciso simplesmente conhecer os helicópteros contratados em Bogotá pelos negociadores estrangeiros, precisar suas localizações e possíveis trajectórias através de um seguimento adequado. A finalidade não podia ser derrubá-los, nem tão pouco realizar outra acção de extermínio como aquela realizada contra Raúl Reyes na fronteira com o Equador. Depois de aceitar a gestão européia e de propaganda, Uribe e seus colaboradores não podiam atuar dessa maneira criminosa sem pagar um enorme custo político. A meta fundamental era impedir que as FARC concretizassem o gesto que aprovara. Impedir a entrega formal dos retidos aos intermediários europeus e capturá-los de surpresa para roubarem o show. Esses tipos não são só ladrões de pesos, dólares e propriedades. Roubam também iniciativas e contam com um poderoso coro mediático que propaga a sua manobra como uma grande façanha. Não houve resgate militar de prisioneiros, porque os retidos estavam a ponto de serem entregues no decorrer de uma operação civil e ninguém das FARC tinha ordens para resistir e por em risco a vida dessa pessoas. Houve assalto militar de dois helicópteros pilotados por civis desarmados, para então atribuir-se a vitória pela libertação daqueles que de qualquer forma – e sem o risco do choque que implicava essa operação surpresa – iam ser libertados. Uribe e o alto comando militar colombiano interceptaram o processo e desviaram-no a seu favor. Tudo – repito – para roubar a iniciativa às FARC e "ganhar" o show. (...)

Para ler a matéria completa, acesse:
http://www.resistir.info/colombia/isa_conde_04jul08.html
O original encontra-se em:

A outra versão, divulgada pela "Rede Globo", você pode ver aqui:


Imagens da libertação

Governo colombiano divulga vídeo da operação militar que libertou os 15 reféns das Farc. Dois agentes, que se fizeram passar por uma equipe de TV, registraram o que parece ter sido uma bem montada armadilha.



A divulgação do vídeo de três minutos e trinta segundos foi feita pelo ministro da Defesa, Juan Manuel Santos. As imagens foram feitas por uma dupla de agentes fazendo-se passar por uma equipe de televisão. O helicóptero pousou em uma plantação de coca. O grupo armado é o destacamento da narcoguerrilha que tomava conta dos reféns. César, o comandante, parece tranqüilo. Ao lado seu ajudante, apelidado de Óculos. Sorridente, Cesar se recusa a ser entrevistado pelos agentes disfarçados de jornalistas. Uma equipe da tevê venezuelana participara de evento semelhante no fim do ano passado.


“Vamos aproveitar, apenas uma pergunta”.
“Não, não. Há uma norma que não permite”.
“Apenas uma pergunta. Apenas uma pergunta, por favor”.
“Uma só. Fazemos no helicóptero”.
“É que há barulho. Comandante, por favor”.
“Não, não...”


Os reféns são algemados com a ajuda de uma mulher de colete, agente disfarçada de integrante de uma organziação não-governametnal fictícia. Os falsos repórteres tentam entrevistar os reféns americanos, que exibem as algemas de plástico. “Teremos a chance de falar com os três americanos que se encontram em poder das forças armadas revolucionárias da Colômbia", Keith Stanseel um dos americanos exibe as mãos. Se aproxima e pede ajuda. Outro refém aproxima-se da câmera.
“Estive acorrentado durante dez anos. Sou o tenente Malagón. Do glorioso exército nacional da Colômbia. Seqüestrado por razões múltiplas". Continuando seu papel, o cinegrafista diz que não pode transmitir ao vivo o apelo de Malagón. “Palavras do tenente Malagón. Não podemos transmiti-las ao vivo, mas sabemos seu sofrimento”.
Sob forte escolta, o grupo caminha para a aeronave, um helicóptero de transporte de fabricação russa, pintado de branco e vermelho, parecido a outro utilizado em ocasião anterior pelo governo venezuelano. Ingrid espera sua vez de entrar no helicóptero, e não gosta de ser filmada de algemas. Neste momento a gravação é interrompida. O grupo embarcou no helicóptero e em questão de segundos os dois narcoguerrilheiros das Farc foram dominados e despidos. Quando a gravação recomeça, os reféns já comemoram a liberdade. Ingrid Bettancourt chora de alegria. O ex-cabo william perez, que cuidou de Ingrid quando ela adoeceu, lembra, aos gritos, que ficou 10 anos em poder dos terroristas. “Sempre. Esperamos sempre. Dez anos esperando”.

Detalhes da operação foram revelados pelo New York times e a revista colombiana Semana. O exército contou com agentes infiltrados e a população local para detalhar a localização, o funcionamento, o esquema de proteção e a rotina dos responsáveis pelos acampamentos da guerrilha. Alvo central era o próprio comandante Cesar, descrito como arrogante, vaidoso mas com o moral baixo, depois da prisão de sua companheira, há quatro meses. Com a prisão e morte de vários integrantes das Farc nos últimos meses, a comunicação do grupo de desorganizou. César não tinha contato direto com os chefões. E agentes infiltrados pelo governo o induziram a acreditar que falavam em nome da cúpula das Farc. Na quarta-feira pela manhã, o ego de César foi massageado com um telefonema de um suposto assessor de Alfonso Cano, o novo número um das Farc. Na verdade, um agente imitou a voz para enganar o terrorista, que recebeu do suposto assessor muitos elogios e a ordem de transportar imediatamente os reféns. Segundo o jornal New York Times, o presidente da Venezuela Hugo Chávez prestou uma ajuda involuntária para a operação de anteontem. O exército colombiano estudou os vídeos das duas missões que libertaram seis reféns no começo deste ano, mediadas por Chávez. O ministro da defesa da Colômbia voltou a afirmar que a operação foi desenhada e executada pelo serviços de inteligência da Colômbia. Ingrid Bettancourt passou o dia na França. Ela foi recebida com homenagens e revelou novos detalhes sobre o período em que esteve refém das Farc. Ela desembarcou sorridente e sob aplausos no Aeroporto Militar de Villacoublay, em Paris. Recebeu um longo abraço do presidente Nicolas Sarkozy e cumprimentos da primeira-dama, Carla Bruni. Sarkozy disse que a França estava feliz. Numa rápida entrevista, Ingrid disse que chorou muito. Mas que agora era de felicidade. E que devia a vida a todos os franceses. Mais tarde, numa entrevista coletiva no Palácio do Elysée, Sarkozy afirmou estar impressionado pelo sorriso de Ingrid. A ex-senadora disse não acreditar que a operação de resgate tenha sido uma farsa, como divulgou uma rádio suíça. O governo francês negou ter pago qualquer resgate. A ex-senadora contou mais detalhes da vida na selva. Ela afirmou ter sido torturada pelos narcoguerilheiros, mas que sabia que seria salva pelas ações e orações dos que torciam pela sua liberdade. Mais cedo, a uma rádio francesa, ela disse que ficou acorrentada 24 horas por dia, durante três anos. Ingrid Betancourt recebeu de Sarcozy a promessa de que os reféns das Farc não serão esquecidos. Disse que não sabe o que vai fazer da vida, mas que seu destino está na Colômbia. Na saída do Palácio do Elysée, onde uma multidão a aguardava, Ingrid conversou com a Rede Globo. Voltou a afirmar que seu resgate não foi uma farsa. E que só está viva graças a intervenção do exército colombiano. Indagada sobre seu maior desejo, ela confessou: “Um banho quente”. No final da tarde Ingrid Betancourt foi para frente da prefeitura onde fez um gesto simbólico para marcar o fim de mais de seis anos de cativeiro. Arrancou um cartaz com uma foto dela tirada no meio da selva. A imagem representava a luta dos franceses pela libertação de Ingrid. Ainda surpresa com a fama em todo mundo, Ingrid vai se submeter a uma intensa bateria de exames neste sábado, em Paris. Segundo ela, apenas por desencargo de consciência já que se sente muito bem e bastante feliz. Na próxima semana, ela será recebida pelo papa Bento XVI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário