quinta-feira, 17 de julho de 2008

Malthus está de volta?

(Alerta em Rede) A crise mundial de alimentos, motivada pela estratosférica escalada dos preços ao longo do último ano, tem proporcionado um pretexto para uma reintrodução do desacreditado fantasma do malthusianismo no primeiro plano da política internacional. Pegando carona na alta dos preços do petróleo e nas discussões sobre o aquecimento global que antecederam a cúpula do G-8 em Hokkaido, Japão, os seguidores de Thomas Malthus têm aproveitado todas as oportunidades para tentar "reabilitar" as vetustas idéias do professor de Economia Política da Escola de Haileybury, o centro de treinamento dos altos funcionários da Companhia das Índias Orientais britânica. A motivação dos malthusianos e seus avatares ambientalistas não se prende a um surto de saudosismo, mas ao embate de idéias e conceitos que está definindo a reconfiguração da ordem mundial, após mais de três décadas de prevalência do paradigma hobbesiano-malthusiano-social darwinista que resultou na presente crise sistêmica global.

Um caso exemplar de malthusianismo agudo é o do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que tem se empenhado ativamente em prol da consolidação da pretendida agenda de redução global do consumo de combustíveis fósseis nas próximas décadas, igualmente endossada pelo G-8. Em um artigo publicado em 3 de julho, no Washington Post e outros jornais ("Ação global para salvar o crescimento global"), o secretário proporcionou uma amostra representativa de tais argumentos.

O texto inicia com uma meia-verdade característica: "O crescimento global é o leitmotif da nossa era. A grande expansão econômica que se encontra na sua quinta década tem elevado os níveis de vida em todo o mundo e erguido bilhões de pessoas para fora da pobreza." Isto, como se fosse possível comparar o desenvolvimento logrado nas três primeiras décadas do pós-guerra com o cenário resultante da "financeirização" da economia iniciada na década de 1970. Da mesma forma, nenhuma palavra sobre o comprovado aumento das desigualdades sociais, tanto entre os países como na maioria deles.

Em seguida, o secretário escancara:

"Enquanto isso, as mudanças climáticas e a degradação ambiental ameaçam o futuro do nosso planeta. O crescimento populacional e o aumento das riquezas implicam em níveis de estresse sem precedentes sobre os recursos da Terra. Malthus está novamente em voga. De repente, tudo parece estar em falta: energia, ar limpo e água potável, tudo o que nos alimenta e em que se baseiam os nossos modernos meios de vida".
Leia o editorial completo, clicando em:
http://www.alerta.inf.br/index.php?news=1347

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