Antigamente, “fiscal da natureza” era a pessoa que vivia de “papo pro ar”, satisfeito com o canto dos pássaros e com o azul do céu, sem preocupações como a alta dos juros, corrupção ou alta do custo de vida; Dia da Árvore era para homenagear a natureza plantando uma árvore, em atos públicos ou escolares; Dia das Florestas era para ensinar crianças e adolescentes sobre a importância das florestas, matas ciliares, rios, cachoeiras e seus habitantes. Hoje, o dia-a-dia das florestas é caso de polícia e de soberania nacional. A biopirataria está rolando solta: nossas florestas estão sendo vendidas a estrangeiros; nossos frutos “milagrosos” e nossas flores estão sendo patenteados, tanto pelos laboratórios farmacêuticos internacionais, quanto pelas indústrias de cosméticos e perfumes de outros países. Por muito pouco, o cupuaçu e a rapadura não deixam de ser típicos do Brasil! Não tivemos a mesma sorte quanto à “nossa” seringueira! Em um futuro próximo, é provável que encontremos mais animais brasileiros em zoológicos “do mundo” do que em nossas florestas. Estrangeiros sempre foram recebidos, aqui no Brasil, com tapete vermelho e reverência. Certa vez, o programa “Fantástico”, da TV Globo, apresentou uma matéria em que enfocava uma expedição de estrangeiros que iria pesquisar uma provável “pirâmide” que, por satélites, observaram provavelmente existir na floresta amazônica brasileira (ela, sempre ela nos pensamentos, “mão grande” e ganância do mundo!!!). Alguém monitorou essa “expedição”? Alguém mostrou os resultados obtidos? Alguém, sequer, voltou ao assunto? Não! Mas não são só os norte-americanos; também os japoneses instalaram bases de pesquisas na dita floresta. Com autorização e supervisão de quem? Já que nossas fiscalizações são ineficazes, “devido ao extenso território nacional”, gostaria de dar uma idéia ao Governo Brasileiro: criar um “Organismo Internacional” (nada de ONG!), com sede em nosso País, chefiado por brasileiros, com membros sérios em seu Conselho Mundial, com o intuito de fiscalizar, coibir e punir pirataria em “solo alheio”, com autoridade para agir em todo o Planeta. Em toda “sociedade”, quem manda é o sócio majoritário; no caso, o Brasil. Quanto aos nossos índios - antigos donos das florestas brasileiras --, tenho uma idéia maluca: do mesmo modo que foi possível dividir os Estados de Goiás e de Mato Grosso em dois (GO e TO – MT e MS, respectivamente), poderia ser criado um Estado Indígena, longe dos locais cobiçados pelo “homem branco” por suas riquezas. Afinal, índio não é “natureba”? Naturalista, que eu saiba, não vive em função de dinheiro! Criando-se esse Estado, todos os indígenas, mantendo suas culturas e tradições, seriam “aculturados”: é uma necessidade do mundo globalizado. Tendo formação e especializações, eles não só aprenderiam a se defender legalmente, como seriam considerados cidadãos -- com direitos e deveres --, como todos nós. É muito romântico acreditar os índios de hoje possam viver como na época do descobrimento do Brasil. Hoje, são considerados párias da sociedade, bêbados, desnutridos e, para sobreviver, vendem-se a quem lhes pagar (invadindo propriedades particulares, ajudando a devastar matas e vendendo aos estrangeiros seus centenários conhecimentos sobre a flora nativa). A partir de hoje, 17 de julho, “Dia das Florestas”, deveríamos pensar em ser “fiscais da natureza”. Mas como isso é uma questão cultural (só com “educação”), por enquanto, fica na esfera do sonho.
Carmen Coutinho é jornalista em Brasília e colunista deste Blog
Obs.: As opiniões dos colunistas não expressam, necessariamente, a visão do Blog.
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