Na Mira do Belmiro*

O inusitado Bob-Tour

Na semana que passou me flagrei a bordo de uma pickup circulando pela cidade, após aceitar um convite para um programa inusitado, feito pelo Dr. Roberto Duarte, secretário particular do governador Eduardo Braga, para visitar “Manaus em obras”. A bordo deste agradável e gratificante circuito estava ainda o radialista Ronaldo Tiradentes, testemunha eloqüente de algumas ações que, concluídas, deverão mudar substantivamente o traçado urbano, social e ambiental da capital amazonense. Uma a uma fomos conhecendo um conjunto sólido e visionário de ações efetivas na paisagem urbana fundado numa bem tramada visão de futuro. Uma projeção que ultrapassa limites de dois ou três mandatos e que projeta desde já um amanhã de enfrentamento dos desafios que hoje se ensaiam no crescimento frenético que descreve Manaus em nossos dias.
Chamaram-nos a atenção as ações de infra-estrutura para saneamento básico. Ações urgentes e inteligentes que vão ampliar dos atuais 8% para 35% a rede de esgotos da capital. Investir no saneamento hoje é reduzir drasticamente os custos para debelar os problemas básicos de saúde na rede pública de atendimento amanhã. A distribuição da rede de esgoto espalha saúde e dignidade para as pessoas. O grande e último investimento do setor se deu na gestão Eduardo Ribeiro, em 1893, com a adoção do sistema inglês de esgotamento e distribuição de água. De lá pra cá, especialmente depois da privatização da Cosama, o sistema de saneamento municipal entrou em colapso. As ações em andamento estendem e consolidam as iniciativas de saneamento previstas e já avançadas do Prosamin, o programa social e ambiental dos igarapés, que já alterou substantivamente a paisagem de Manaus.

De nada, porém, valerão essas ações, nem consistência terão seus benefícios se a sociedade como um todo não participar e assumir seu lugar no processo de evolução e mudança que tais medidas propiciam Daí o papel decisivo e definitivo do fator educacional. Problemas já anotados no recuo de algumas obras do Prosamim, por exemplo, com o recrudescimento da sujeira em alguns pontos do Programa, resultam precisamente da defasagem educacional que caracteriza setores expressivos da comunidade. Daí o acerto e a oportunidade da decisão de transformar o período regular da Escola Pública em escola de tempo integral. Até o final de 2009, segundo os informes do Bob Tour, estão previstas as mudanças para tempo integral de permanência dos alunos da rede estadual em 95% das escolas. O custo da alteração aumenta em 30% o orçamento mas é inestimável seu benefício. E é claro que a iniciativa precisa, necessariamente, investir nos professores e demais educadores. Um investimento de hoje que vai reduzir drasticamente os custos com presídios e violência amanhã.

Do ponto de vista da infra-estrutura viária descobrimos que a Avenida das Torres não é mais projeto é um traçado que se estrutura a passos rápidos com oito pistas que interligam a cidade de Sul a Norte e se conecta às três vias de rolamento entre a região portuária e o distrito industrial, além de duas outras vias de ligação Leste a Oeste pra destravar o trânsito, ora caótico, da malha urbana. Vias de conexão interna vão completar este traçado integrado de engenharia viária para as próximas décadas. No caminho, nos deparamos com a comunidade historicamente favelizada da Sapolândia ,que ganha a cada dia o status de logradouro civilizado... Com direito à Praça do Matrinxã, para celebrar o delicioso peixe sem espinhos à venda na peixaria de uma das calçadas próximas, no bairro de Dom Pedro. Mais adiante - o inusitado Bob Tour parece não ter fim - a ponte para o Iranduba que integra a Região Metropolitana e promete no futuro reduzir o isolamento de Manaus em relação ao resto do país. E que dá a nítida certeza de que uma onda de orgulho cosmopolita vai tomar contas dos manaós e chegados na Taba de Ajuricaba.

Zoom-zoom

· Sistema S – A queda de braço entre o Planalto e o poderoso lobby do Sistema S – SENAI e SENAC - acabou empatada com direito a uma prorrogação que exige o investimento do dinheiro público gerenciado pelo Sistema – algo em torno de R$ 2 bilhões – para oferecer cursos gratuitos de formação profissional para trabalhadores de baixa renda. Um alento.

· Distorções – Atualmente, o Sistema S oferece cursos a preços extorsivos que impedem micro e pequenos empresários de qualificar como gostariam e precisariam seus recursos humanos. Uma distorção institucional que exigia a imposição feita pelo Governo.

· Carta de Princípios – O lobby das entidades e o caráter promíscuo de algumas delas, que tramam nos bastidores interesses particulares e obscuros em nome de toda uma categoria, estão a exigir sem tardança uma Carta de Princípios que permita especialmente aos jovens empreendedores balizar condutas e atitudes de solidariedade interna e de transparência na relação com os parceiros públicos. Voltaremos ai assunto.

· Nobless oblige – Numa reunião que comportou apertos de mãos entre desafetos históricos, os candidatos a prefeito assumiram nesta quarta-feira, diante da autoridade judicial, um compromisso de manter um nível elevado e civilizado de disputa no pleito de 2008. Só falta a organização profissional de bons debates para ajudar o eleitor a tomar suas decisões. Sem ausências, apenas por louvor e amor a Manaus.

(*) Belmiro Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.

belmirofilho@belmiros.com.br