BC beneficia especuladores? Medida heterodoxa adotada pelo BC gerou supostamente R$ 18 bilhões de prejuízo para o Tesouro Nacional
ANDRÉIA BAHIA
O Banco Central realiza desde 2002, época da gestão de Armínio Fraga, uma operação denominada swap cambial que, segundo o economista César Benjamin, colunista da Folha de S. Paulo, vem trazendo grandes prejuízos ao país e “economistas e jornalistas, implacáveis com qualquer aumento nos gastos públicos, ignoram a suspeitíssima sangria”. Numa versão simplificada, a operação de swap é uma aposta nas variações das taxas de câmbio e de juros, onde quem acerta o comportamento futuro dessas duas variáveis ganha e quem erra perde. Quando foi lançado, por Armínio Fraga, em 2002, em pleno período eleitoral e frente à previsão de valorização do dólar frente ao Real, se houvesse valorização da moeda brasileira o BC ganharia e os especuladores perderiam e vice-versa. A previsão de aumento do dólar se confirmou e o BC acumulou em 2002 prejuízos de R$ 10,9 bilhões, que foram repassados ao Tesouro Nacional. Com a valorização do Real nos últimos anos, os especuladores passaram a perder com a operação e César Benjamin denuncia que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, alterou as condições dos contratos, oferecendo o chamado swap reverso. “O BC e os especuladores trocaram de posição, e o BC recomeçou a perder. Estamos diante do único caso, no mundo, em que um banco central aposta contra a sua própria moeda.” Segundo ele, os especuladores ganharam R$?14,3 bilhões com estas operações em 2006 e 2007 e até maio de 2008, com o aumento das taxas de juros e valorização do Real, já haviam recebidos mais de R$ 4 bilhões. O economista observa que “se diretores de bancos centrais dos Estados Unidos ou da Europa, formalmente independentes, agissem assim, sairiam algemados dos seus escritórios, no mínimo, por gestão temerária”. Meirelles disse à editora-executiva do Jornal Opção, Patrícia Moraes, na sexta-feira, 11, que não há nada de irregular. A ação do BC “foi aprovada pela assembléia do Tribunal de Contas da União”, revelou Meirelles. O presidente do BC ressaltou que os jornais e os economistas nacionais não quiseram discutir as teses, supostamente “equivocadas”, de César Benjamin. O fato é que a Folha de S. Paulo, jornal no qual Benjamim é articulista, não o desmentiu nem o contestou. Pelo contrário, deu destaque ao seu artigo, com chamada na primeira página. O economista João Alcântara Lopes concorda plenamente com César Benjamin. “Isto que estão fazendo com a nossa economia, além de um ato irresponsável, pode ser considerado até um crime contra o sistema financeiro nacional.” Segundo João Alcântara Lopes, o próprio aumento das taxas de juros (Selic), que vem ocorrendo ultimamente, é um ato irresponsável praticado pelo Copom: “Os juros praticados no Brasil já são os mais altos do mundo.” Para o economista, essa política de juros altos no combate à inflação já se mostrou ineficaz no passado. “Aumento de juros só se justifica em certos momentos de grande especulação ou explosão de consumo, ou seja, é uma medida para apagar incêndio, que depois volta ao normal.” Mas aqui no Brasil, observa João Alcântara Lopes, aumentar os juros é a única medida da política de combate à inflação, “cujos efeitos têm se demonstrado inócuos e prejudiciais à nossa economia, com o aumento espetacular da dívida pública, hoje beirando os R$ 1,4 trilhões”. Em 2002, a dívida era de R$?66 bilhões.
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Medida do Banco Central enriquece especulador?
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