domingo, 17 de agosto de 2008

Ambientalismo malthusiano...


Princípios do Equador, controle 'ecofinanceiro' para países em desenvolvimento
Nilder Costa

(Alerta em Rede) – É de domínio público que o socioambientalismo vem se imiscuindo cada vez mais em todas as atividades econômicas dos países, inclusive, no setor bancário e financeiro, onde reinam as regras dos chamados ‘Princípios do Equador’, adotadas ‘voluntariamente’ por 61 bancos no mundo para financiamentos acima de 10 milhões de dólares. Segundo o Infrastructure Journal, do Reino Unido, em 2007, 71% dos projetos de infra-estrutura nos países emergentes foram submetidos a análises de risco dentro dos ‘Princípios’, chegando a US$ 52,9 bilhões de um total de US$ 74,6 bilhões. O Brasil não foge à regra e os grandes bancos que aqui operam são signatários dos ‘Princípios’. Mesmo sem números consolidados sobre o volume de crédito concedido no País dentro das diretrizes, informações prestadas ao jornal O Estado de São Paulo pelos bancos Bradesco, Unibanco, Real e Itaú indicam um volume aproximado de R$ 17 bilhões em 2007. [1]

Por aqui, uma das ONGs mais ativas no setor é a filial local da Friends of the Earth (Amigos da Terra) que possui até um departamento especializado a cargo de Gustavo Pimentel. Nitidamente, os principais alvos dos ‘eco-financistas’ são os grandes projetos para a geração elétrica, como o as hidrelétricas do rio Madeira (Santo Antônio e Jirau, cerca de 6,6 mil MW), que encabeçam a ‘lista negra’ da Banktrack – uma espécie de ‘central de inteligência financeira’ comandada pelo WWF e Friends of the Earth - contra importantes projetos industriais e de infra-estrutura que estão sendo implantados em países do ‘Sul’. [2]

O esquema dos ‘Princípios’ começou a ser criado em outubro de 2002 quando o IFC (Banco Mundial) e o banco holandês ABN Amro promoveram em Londres um encontro de altos executivos para discutir experiências com investimentos em projetos envolvendo questões ‘socioambientais’ sensíveis em mercados emergentes. Foi acertado na reunião a necessidade de considerar um certo nivelamento entre os bancos sobre as análises de risco envolvendo questões ambientais e sociais de investimentos de grande porte em países emergentes. Quatro bancos apresentaram suas experiências na reunião de Londres: ABN Amro, Barclays, Citigroup e WestLB. [3]

Em resumo, trata-se de um esquema de controle financeiro aplicável somente aos grandes projetos de infra-estrutura em países ‘emergentes’, nova denominação para o antigo ‘Terceiro Mundo’. Tais projetos em países desenvolvidos ficam de fora dos ‘Princípios’, o que mostra cruamente o seu caráter assimétrico, discricionário e nitidamente neocolonialista.


Notas:

[1]Bancos aumentam exigências ambientais, O Estado de São Paulo, 23/07/08

[2]A 'eco-finanças' das ONGs, Alerta Científico e Ambiental, 10/01/2008

[3]WWF quer "financeirizar" meio ambiente, Alerta científico e Ambiental, 07/07/05

Princípios do Equador, controle 'ecofinanceiro' para países em desenvolvimento

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