Depois do carlismo
Pouco mais de um ano da morte do senador Antonio Carlos Magalhães (ex-PFL), a política baiana prepara-se para viver as primeiras eleições, em mais de 40 anos, sem a sombra do velho coronel a espreitar os passos de aliados e adversários. O governador Jaques Wagner, do PT, discute como ocupar o espaço do carlismo sem repetir o estilo grotesco de ACM, mas, também, sem abrir espaço para o trator dirigido pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB. Embora aliados, Wagner e Geddel pensam na mesma coisa: mandar na Bahia. Por isso, vivem uma batalha surda dentro de uma guerra de verdade, cujo emblema é a eleição para a prefeitura de Salvador.
Carlos Minc está fervendo
Quase três meses após tomar posse como ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc se distancia cada vez mais da antecessora Marina Silva. A começar pelo estilo. Uma recatada Marina deu lugar ao exibicionista Minc. Na quarta-feira 30, o ministro reuniu um grupo de jornalistas e voou ao Pará. O objetivo foi verificar as queimadas na floresta amazônica, após a divulgação de novos dados que davam conta do crescimento da desvastação no último mês. Minc arriscou-se a deixar o helicóptero e saiu chamuscado. Labaredas lamberam suas roupas e ele teve de voltar às pressas à aeronave. No quesito exposição à mídia, Minc se iguala ao colega da Defesa, Nelson Jobim, em seus primeiros dias de nomeação. Jobim, empossado em pleno caos aéreo, fez questão de mostrar-se à mídia em diversos trajes, de chapéu de bombeiro a uniforme camuflado do Exército. Deu resultado. O caos aéreo sumiu do noticiário. A aposta no pragmatismo do midiático tem rendido a Minc uma posição confortável no governo, ao contrário do que acontecia com Marina, às voltas com embates internos durante os cinco anos em que ocupou a pasta. A ex-ministra, sempre angustiada, tinha um apelo de missionária. O sucessor está mais para remanescente de Woodstock.
Efeitos colaterais dos juros
Se havia alguma dúvida de que o câmbio brasileiro está fora do lugar, os resultados das contas externas do primeiro semestre são eloqüentes. No entra-e-sai da moeda americana do País, houve um déficit de 17,4 bilhões de dólares, o pior resultado para o período, segundo o Banco Central informou na segunda-feira 28. Os principais responsáveis pelo rombo foram as remessas de lucros de dividendos das empresas para suas matrizes no exterior, que dobraram em relação a igual período de 2007 e totalizaram 18,9 bilhões de dólares. Os bancos, as montadoras e as metalúrgicas responderam por 52% das remessas. É evidente que, com o dólar abaixo de 1,60 real, é lucrativo para as companhias fecharem o câmbio agora.
Aventuras na F1
A saga da Petrobras na Fórmula 1 teve início em 1994, quando o então presidente Joel Renó autorizou o Servico de Comunicação Social a iniciar os contatos com Ayrton Senna e a Williams, para ter sua marca BR nas luvas do piloto brasileiro (que a câmera no carro mostrava em primeiro plano). As primeiras conversas - que dependiam da concordância da Elf, fornecedora da equipe inglesa - ocorreram no paddock do GP do Brasil, em Interlagos, no dia 27 de março.
Contracorrente :: Luiz Gonzaga Belluzzo
Lista suja, Justiça lenta
A maré do “mata e esfola” inunda a sociedade global. Nos Estados Unidos, o Patriot Act e Guantánamo dispensariam comentários, não fosse dolorosa a vitória conquistada sobre o sonho dos Founding Fathers pelos muy amigos das liberdades. Na Europa, os regimes de Sarkozy e Berlusconi tratam de criminalizar não só os imigrantes, mas também os turistas. O prefeito de Roma, declaradamente fascista, proibiu os visitantes de falar alto e mastigar nas ruas da Cidade Eterna. Enquanto isso, os policiais encarregados da vigilância dos aeroportos da Espanha e de Israel capricham na exteriorização do preconceito e da paranóia.
Valises invioláveis
A proverbial capacidade retórica dos bacharéis em Direito anda a toda. No centro da peleja, o polêmico projeto de lei aprovado pelo Congresso, no dia 9 de julho deste ano, que dificulta as buscas e apreensões da polícia em escritórios de advocacia. A medida é uma resposta dos parlamentares às queixas da categoria e de seus clientes, de que delegados da Polícia Federal e juízes têm cometido abusos no curso das investigações de supostos crimes do colarinho-branco. O presidente Lula tem até a segunda-feira 11 para decidir pelo veto ou pela sanção. Nos últimos dias, a Presidência tem recebido manifestações vigorosas das associações de advogados e também de juízes, promotores e delegados, os primeiros a favor e os demais contra a medida. Segundo CartaCapital apurou, Lula deverá vetar o projeto, com o argumento de que a iniciativa transformaria os escritórios em “cofres” invioláveis, propícios às intenções criminosas.
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