terça-feira, 9 de setembro de 2008

Coluna do Helio Fernandes

Partidos não existem, candidatos não se esforçam
Rio meio Crivelado, povo desesperançado


Exatamente há 2 meses escrevi aqui, vai com aspas como está na coleção: "Entre todos os candidatos a prefeito do Rio, existe um que não ganha de jeito algum, é o bispo ou ex-bispo Crivela. Pode até chegar em primeiro, quem for com ele para o segundo turno, Paes ou Jandira, será o vencedor. Só esses três têm chance de irem ao segundo turno". Recebi protestos de muitos, é a ordem natural das coisas, o direito de todos terem e defenderem seus candidatos. Agora, embora não tenha confiança em pesquisas (erram muito e quase sempre têm interesses e motivações extras) foi publicada avaliação dos candidatos e "simulação" (palavra com duplo sentido) entre Crivela-Paes e Crivela-Jandira. Ele aparece muitas vezes em primeiro, mas no segundo turno perde disparado para o adversário. (Esse filme já foi exibido em 2004).
A disputa para prefeito do Rio é um tormento. Como escolher um dirigente que não dirigirá nada? Isso é indiscutível, pois quem manda no Rio, domina e assusta a população, três grupos: narcotraficantes, milicianos e policiais corruptos. O prefeito, seja quem for, dividirá com o governador a impotência diante desses grupos que mandam de verdade. Cesar Maia até janeiro e Sérgio Cabral até o último dia de 2010 fingem uma responsabilidade que não têm. Mas também não se interessam em conquistar ou reconquistar o Poder de verdade.
A campanha começou toda errada, com luta suja de bastidores. Existiam 3 candidatos certos, por causa da "máquina" ou pelo prestígio político e eleitoral. O candidato da "máquina" estadual, da "máquina" municipal, e de Jandira Feghali, com um partido pequeno e sem expressão, o PC do B, mas que ela maneja sempre com grande competência.
A "máquina" estadual completamente confusa e atabalhoada, que palavra, foi e voltou, lançou vários nomes, tumultuou tudo. A "máquina" municipal tem o mesmo nome para todas as oportunidades, Solange Amaral. Já perdeu para governadora, vai perder para prefeito, é difícil ganhar com esse "apoio contra" do alcaide-factóide-debilóide. Assim, dos 3, sobrou Dona Jandira, sem máquina, mas que vem de uma campanha fantástica para o Senado.
Junto desses três, foram acampando outros, candidatos naturais ou não. Gabeira, que dizia que não queria nada, se lançou, totalmente errado. Fez acordo espantoso com o PSDB, que não existe mais no Rio capital, ou no Estado do Rio. Conversou com este repórter, lhe disse: "Gabeira, o PSDB não tem votos, e no Rio sua trajetória é totalmente conflitante com a tua". Não acreditou, até mesmo o PSDB sem votos abandona seu nome. Desde a semana passada tentam trocar seu nome pelo ex-deputado Marcio Fortes, que perdeu as duas últimas eleições até para deputado.
A coligação de Gabeira tem também o PPS. Tão sem votos no Rio, que Dona Frossard, naturalíssima desse PPS, não quis ser, reserva o nome para o Senado em 2010. Os dois vereadores mais importantes da coligação Gabeira, o médico Paulo Pinheiro e o ator Nercessian, reclamaram, não foram ouvidos. A coligação já "pendeu" para a "máquina" estadual, as vantagens oferecidas por Cabral, sedutoras.
Chico Alencar, que deveria ser candidato natural e fortíssimo a governador, não pode disputar por causa da famigerada "coincidência" de mandatos. Para não ficar sem mandato, Chico tem que concorrer a prefeito, lutando com 5 ou 6 candidatos da mesma área.
Molon, que se elegeu deputado estadual montado na "escada giratória" de Chico Alencar, seduzido (?) por Cabral, aceitou convite-proposta do governador, desapareceu. Empurrado também pelo fim do PT-PT no Rio.
Dona Jandira, isolada por todos os partidos ditos de esquerda, se chegar (agora é melhor dizer SE CHEGASSE) ao segundo turno, não perderia. Ela se queixa que o Ibope está contra ela, informando sua queda. O Datafolha, na sexta-feira, confirmou o fato.
A "carreira" de Paes é notável. Candidato de Cesar Maia do então PFL, "irmão" de Rodrigo, não saiu candidato, saiu do partido. Foi para o PSDB, se destacou na CPI do mensalão em oposição duríssima a Lula. Candidato a governador, não foi nem para o 2º turno, perdeu para Cabral, mas logo cooptado por ele. No PMDB, vai ganhar mas totalmente estilhaçado.

PS - Esse é o quadro desolador do Rio, que procura alguém que preencha o vazio de Cesar Maia. Mas "tapar" o vazio com mais vazio é assustador.
O chargista das capas da revista "Brasília em Dia", Willian, cada vez melhor. Dois "gols de placa": Ayres Brito e João Gilberto, exemplares, fixados num traço esplêndido. A propósito de gol: a seleção brasileira desencantou e fez 3 num jogo só. Maravilha. Não foi um grande jogo, o Brasil poderia ter ganho de 6 ou 7, quem sabe ter enfrentado maiores dificuldades, se os atacantes chilenos não tivessem perdido 2 gols imperdíveis logo no início.
Apesar dos 3 a 0, pouco destaque. Robinho, tirando o exibicionismo cada vez maior, fez a melhor partida dos últimos tempos. Luiz Fabiano fez 2 gols de oportunismo (o primeiro) e de garra (o segundo), que é o que se espera ou se esperava. Mas o melhor jogador, que armou, armazenou e alimentou de bolas o time, foi Diego. Estava em todos os lugares (ao mesmo tempo?) e "apanhou" muito.
Ronaldinho Gaúcho não tem que ficar irritado com a substituição. No campo ou fora dele, fez o quê? Nada. E onde é que o melhor jogador do mundo (antes, lógico) aprendeu a bater pênalti daquela forma?
Clique no link abaixo para a coluna completa do Helio de hoje:

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