segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Na Mira do Belmiro

Amazônia: perspectivas da economia ambiental

Nas relações sociais do modo de produção capitalista tudo vira mercadoria por seu valor de uso ou de troca. Os banqueiros de Wall Street e/ou os vendedores de jaraqui da Feira da Panair que o digam. E com a questão ambiental não poderia ser diferente. Daí a necessidade e a oportunidade de olharmos a questão ambiental amazônica nesse contexto de relação com os parceiros globais considerando que a floresta representa o maior referencial biótico e estratégico na elucidação da questão climática e sócio-ambiental do planeta. Ou seja, um excelente negócio para quem tem faro de identificação de demandas e competência para explorar nichos de oportunidades à luz dos parâmetros e imperativos do mercado global. Afinal essa região, alvo de disputa ferrenha e desigual das potencias européias desde o Tratado de Tordesilhas, continua a crescer no imaginário das grandes ambições de negócios e negociantes todos os dias, incluindo os atuais de discussão da Reserva Raposa/Serra do Sol e a recuperação da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos, recém reativada por George Bush para percorrer a costa do Brasil a partir do Amapá. Olho nela!
Fui convidado pelos organizadores, na semana passada, para uma palestra/debate do governador Eduardo Braga com os oficiais da Marinha Brasileira que atuam na Amazônia e o tema circulou por este papel estratégico e de negócios envolvendo o bioma amazônico. Ficou claro que, como nunca, o mundo está de olho na Amazônia e se soubermos identificar mecanismos e demandas, são infinitas as possibilidades de parceria na pesquisa e nos empreendimentos para celebração de novos negócios, ambientalmente sustentáveis e extremamente promissores na ótica sócio-econômica. Fiquei impressionado com o nível da discussão e do potencial de eco-alternativas em favor de nossa região que estão sendo encaminhados através de parcerias sólidas e promissoras na ótica do interesse de nossa gente.
Uma bomba biótica que funciona para o equilíbrio do planeta como um coração funciona para o corpo, distribuindo as funções vitais para os diversos organismos. Esta é uma dedução comprovada por cientistas e demais estudiosos desse enigma ambiental que os primeiros viajantes chamavam de Hiléia. É a floresta amazônica que pulsa o movimento hídrico do planeta e que, como um almoxarifado de artefatos vitais, agasalha e oferece o maior banco de germoplasma da Terra, onde estão abrigadas as soluções medicinais, energéticas e alimentares de que necessita a Humanidade. Por isso o interesse, a cobiça e a imperiosa necessidade de sólidas parcerias para viabilizar a gama de promissores negócios que daí emerge.
E não há limites, apenas a exigência de critérios transparentes que assegurem o interesse regional e nacional, para estas parcerias. Não temos recursos nem massa crítica suficiente pra bancar a imensidão desse desafio. O governador lembrou a parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento para propiciar infra-estrutura de negócios na Mesorregião do Alto Solimões, destacando o resgate dos compromissos históricos daquela instituição com o Amazonas. E citou o exemplo de um dos contratos institucionais do Estado para envolver parceiros no financiamento de projetos e programas sócio-ambientais no Amazonas. Foi com a rede hoteleira Marriot, detentora de 600.000 habitações espalhadas pelo mundo. Cada hóspede será convencido a colaborar com uma taxa de U$ 1,00 por diária para a unidade de conservação da Reserva do Juma, situada no município de Novo Aripuanã. O que significa US$ 2 milhões de repasse para o Estado nos próximos quatro anos. Tudo isso em nome de um serviço ambiental que a floresta disponibiliza para o Planeta. Um serviço que sempre esteve à disposição da saúde ambiental do bioma terrestre ta e que agora começa a virar mercadoria em favor de nossa gente.

Zoom-zoom


· Notícias do beiradão –
Tive a oportunidade de percorrer os municípios do Médio e Baixo Amazonas no último fim de semana e me impressionaram os indícios de um crescimento sólido numa região que se prepara para aproveitar gás e silvinita num novo patamar de prosperidade para o beiradão. O convite partiu do companheiro empresário da construção civil Eduardo Maranhão e alguns relatos não poderia deixar de registrar.
· Infra-estrutura viária – Antes de chegar a Silves pelo sistema viário que está sendo construído pelo Estado, uma obra de alto padrão de urbanização e de Engenharia de trafego, passamos por Novo Remanso, em Itacoatiara, onde uma revolução agrícola está em curso. E não é apenas de uma safra de alguns milhões de toneladas de abacaxi. É fruticultura e agroindústria pra valer.
· Fazendas aquáticas... – Em São Sebastião do Uatumã e Itapiranga, um programa de criação de peixe deixa o visitante impressionado e com a certeza de que as fazendas aquáticas não eram delírio futurista de Peter Drucker ao imaginar nos peixes a produção sustentável e agradável de proteínas como solução alimentar ideal para o Planeta.
· ... e jardins de Urucará – Flashes que apenas realçam o toque civilizatório da presença luso-italiana do lugar. Quase todas as casas do município cultivam jardins com ênfase na plantação de primaveras, o charmoso bouganville da finesse européia. Entre os peixes e as flores da região o charme aguerrido da família Falabella, orgulho discreto de seus moradores e certeza de que ali a prosperidade social já faz parte da paisagem.

(*) Belmiro Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.

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