quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O WWF e o pum da vaca

Nilder Costa

(
Alerta em Rede) – Boa parte do empresariado brasileiro já se convenceu que o fator ‘socioambiental’ vem sendo crescentemente utilizado por países desenvolvidos para a criação de uma nova onda de barreiras não tarifárias de ‘terceira geração’. Esse esperto expediente, que vem sendo pacientemente gestado há pelo menos uma década, adquiriu contornos próximos do alarmante tendo em vista o agravamento da dita mãe das crises financeiras cujo fundo do poço está longe de ser conhecido. Pois foi exatamente nesse quadro de incertezas, onde discussões sobre medidas protecionistas aparecem em tons cada vez mais elevados, que o WWF resolveu intensificar suas conhecidas campanhas contra produtos brasileiros supostamente originados na ‘Amazônia’. Mês passado, como este Alerta analisou, o WWF investiu contra a importação européia da ‘soja amazônica’, insuflando os consumidores a exigir sua imediata ‘moratória’. [1] Agora, o alcance da campanha da ONG foi amplificado para incluir a carne bovina brasileira produzida na ‘Amazônia’ onde a chamada ao boicote aparece de forma subliminar em mensagens tipo ‘coma menos carne vermelha e ajude a salvar a Amazônia’, sacrifício este que é sagazmente atrelado ao combate do inexorável aquecimento global antropogênico.Uma das peças de convencimento é um relatório comissionado pelo WWF, desta feita, ao Instituto Copérnico da Universidade de Utrecht e intitulado “Mantendo a Floresta Amazônica em Pé: Uma Questão de Valores” (Keepeing tha Amazon forests standing: a matter of values) [2]. Abreviadamente, se cada terráqueo adotar uma dieta com baixos teores de carne vermelha - no máximo 400 gramas por semana -, a redução de emissões dos maléficos gases-estufa seria da ordem de 10%. Por tabela, o relatório não se olvida em dar uma cacetada na soja brasileira, principal matéria-prima para a ração dos bovinos europeus que precisam ruminar 15 quilos da oleaginosa para cada quilo de ‘carne vermelha’ produzida. [3] Após meticulosas explicações sobre o metabolismo digestivo dos ruminantes, chega-se ao ápice da mensagem aterrorizante do relatório, qual seja, que eles são responsáveis por uma imensa produção do potente gás metano, muitas vezes mais danoso para o aquecimento global que o maldito CO2. É a entrada triunfal do pum de vaca nas complexas equações dos sábios do IPCC cujos modelos matemáticos, qual sacerdotisas de Apolo inebriadas por eflúvios do novo gás, revelam os sombrios destinos da humanidade se persistir o atual consumo de ‘carne vermelha’, em especial a made in Amazon. Com a elevação do pum de vaca a tão importante patamar, há que admirar-se a sapiência premonitória dos vaqueiros brasileiros por afirmarem, há décadas, que, do boi, só não se aproveita o berro.

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