terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Said Barbosa Dib


Jarbas: o “maracujá murcho” da política pernambucana está se sentindo o “pierrô” abandonado do Senado

Jarbas Vasconcelos é ressentido engajado e cara-de-pau incorrigível. Deve estar andando demais com Pedro Simon. Ele conhece muito bem o processo político. Sabe que para um partido participar de um governo de coalizão não se exige apenas a votação nos projetos do governo, mas o compartilhamento efetivo da administração do País, assumindo com responsabilidade o sucesso e os prejuízos políticos. É assim que a coisa funciona em qualquer país democrático do mundo. Se o governo Lula hoje desfruta de altos índices de popularidade é porque, entre outras coisas, vem tendo o apoio do PMDB. Mas, poderia não ser assim. Se a popularidade fosse baixa, o PMDB também teria que assumir suas responsabilidades.
Efeito etílico? Em rítimo de Carnaval?

Jarbas destilou veneno contra o Senado e o próprio partido, o PMDB, sem ter citado um só caso concreto de corrupção. Foi hipócrita ao atacar as necessárias alianças partidárias, foi canalha ao generalizar a corrupção para toda a classe política. Foi de uma inveja indisfarçável ao atacar o governo Lula e o “Fome Zero”. Falou mal de tudo e de todos sem qualquer argumento. Apenas porque, talvez, tenha tomado umas e resolveu se revelar. Disse, também, que não gosta do presidente Sarney, que foi eleito num pleito democraticamente disputado, com maioria ampla. Achando que é a reencarnação de Madre Tereza de Calcutá, resolveu, de forma totalitária e irresponsável, botar pra fora todo seu recalque e frustração. Pegou muito mal. Coisa de moleque.

Vassalo esperançoso de Serra

A verdade é que Jarbas Vasconcelos acusa o PMDB pelas alianças que faz não por serem alianças em si, mas por serem com Lula, não com Serra. Hipócrita, repito, pois nas duas vezes em que foi eleito governador de Pernambuco, fez alianças com o PFL do senador Marco Maciel e o PP de Paulo Maluf. Alianças que implicavam - lógico! - em divisão do secretariado entre os partidos membros. É claro que qualquer pessoa com honestidade intelectual e que conhece o funcionamento e as dificuldades em governar um estado importante, como Pernambuco, jamais iria estranhar as alianças de Jarbas naqueles momentos. Respeita-se. O que se estranha - e até certo modo indigna -, não foram as alianças feitas, mas a forma com que Jarbas agiu para chegar a elas. Como fundador do PMDB, o senador Jarbas Vasconcelos foi aliado do ex-governador Miguel Arraes. Criou-se politicamente na sombra de Arraes. Tão logo pôde, foi traíra com o velho socialista. Em Pernambuco todo mundo sabe disso. Hoje, destila o mesmo sentimento ressentido contra o atual governador do estado, Eduardo Campos, neto de Arraes e aliado de Lula. É de se estranhar, portanto, que hoje fale mal das alianças que garante a governabilidade ao presidente Lula. Para Jarbas são democráticas, legítimas e imaculadas as alianças que faz a seu favor. As feitas pelos outros são necessariamente “espúrias, sujas e viciadas pela corrupção”. Engraçado! Não?
Se esquecendo da corrupção no atacado das privatizações/doações que ajudou FHC a promover, diz que está se preocupando com a corrupção no varejo. O pilantra fala de corrupção de forma generalizada e irresponsável, sem apontar nenhum fato. Sem nomear nenhum responsável. Muito menos o momento ou momentos em que ocorreram. Nem tampouco por quais motivos. Por que, como representante do estado de Pernambuco e como cidadão, não tomou providências? O senador encaminhou ao Ministério Público alguma informação? Não.


Mas, a pergunta mais importante: por que Jarbas está decepcionado com a política? A resposta é simples: porque não tem mais votos em Pernambuco e acha que pode ressuscitar com esta lambança toda. Não é ele que não quer mais a política. É a política que o está vomitando. Para não falar de outra atividade fisiológica.... Esta é a verdade. Jarbas é hoje, como disse um velho deputado do PMDB, tão logo soube das sandices do senador no Plenário da Câmara, um “maracujá murcho” na política do estado. Nas esquinas de Recife a piada é: “Jarbas é tão sábio e sério como suas misses. Talvez já esteja em ritmo de carnaval, cantando aquela marchinha “Um pierrô abandonado…”. Sábio povo! Sábio povo!
Jarbas, o eterno ex-futuro vice de Serra, lamentou também que a função de senador é frustrante, que não quer mais ser político, que a oposição é medíocre e que nada presta. E uma frase me chamou a atenção: “Acredito muito em Serra e me empenharei em sua candidatura à Presidência”. Como disse um leitor do Paulo Henrique Amorim, no “Conversa Afiada”, o engraçado disso tudo é que a “sujíssima Veja” (para usar uma expressão de Helio Fernandes) fez três chamadas de capa e uma carta ao leitor para chamar um entrevistado, decadente politicamente, omisso no Congresso e ressentido por ter escolhido o lado derrotado na escolha para a Presidência do Senado, “apenas para que dissesse que o Serra é a luz no fim do túnel”. Ou seja, numa patada só Jarbas agride o próprio partido, enlameia suas lideranças, não mostra quem é corrupto, menospreza a confiança dos pernambucanos que o elegeram e ataca a instituição Senado Federal, apenas para se salvar politicamente, acreditando que está em 2002, quando Serra cogitou em chamá-lo para compor chapa para a Presidência e Vice-Presidência. O “nobre” senador acredita que o PMDB irá expulsá-lo para que seja vice de Serra. Ele sabe que ninguém no Nordeste conhece o governador paulista e acredita que será o lampião que irá iluminar o caminho do enxacoco José “Bart” Serra. Deveria se mancar com a ilusão. Não vale a pena se expor tanto pelo canto da sereia do governador de São Paulo. Afinal, o senador Pedro Simon, outro “pierrot abandonado” no PMDB, também caiu nessa e se deu mal, quando foi preterido em benefício da bela e competente Rita Camata. Na época, antes de saber que estava excluído, fez média. "Vai ser surpresa, porque eu sinto que é a Rita [a escolhida para o cargo]. Pelas informações que tenho é a Rita. Agora, se for eu, acho que aceito", afirmou sorrindo, indisfarçavelmente, Simon, feliz e crente que realmente já era o vice de Serra. Alí, a coisa explodiu. Não havia como se conter. Sentiu-se o próprio Getúlio Vargas. Mas, depois do sonho, sempre a maldita realidade. No dia 21 de maio de 2002, a “Folha de S. Paulo”, veículo de comunicações oficial dos tucanos, confirmava a parlamentar capixaba. Simon ficou frustrado. Nunca mais foi o mesmo. Até hoje, assim como Jarbas, se considera o patinho feio do PMDB, vive fazendo beicinho choroso pelos corredores e costuma destilar veneno por todos os lados dentro do partido. E a costumeira vítima do frustrado senador gaúcho é justamente o senador com maior sucesso no partido e que mais tem batalhado pelo fortalecimento do PMDB e pela governabilidade: José Sarney. Aliás, a antipatia de Simon com Sarney já virou piada no Senado. A coisa vem de longa data. O “turco”, como já mostrei neste Blog, durante da chamada “Nova República" tinha sido escolhido Ministro da Agricultura por Tancredo Neves. Ao contrário do que se esperava, mesmo com a morte do presidente, foi confirmado no cargo por Sarney. Ficou até o início de 1986. Naquele ano, por decisão própria, abandonou o barco para se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul, em campanha vitoriosa apenas e tão somente por causa do sucesso do Plano Cruzado. Plano Cruzado criando por quem? Certo: por Sarney. Até uma ameba seria eleita naquele contexto. Simon tinha sido um péssimo ministro. Tentou de tudo sabotar Sarney, como quase todos os aliados de Ulisses. Com o Plano Cruzado e o fortalecimento do presidente, Simon e Ulisses se deram mal...
Mas, o que está por trás dessa história de invejas e desesperos políticos é simplesmente a necessidade desesperada de Serra em dividir o PMDB, o partido vitorioso nas últimas eleições municipais. Com a popularidade de Lula nas alturas, a força conquistada nas urnas pelo PMDB no ano passado, Serra está desesperado. Depois que Aécio Neves esteve proseando com Sarney, há poucos dias, então, Serra está desesperado. Serra, Jarbas, Simon são figurinhas manjadas desse esforço desesperado das oposições em inviabilizar a governabilidade. É a teoria do quanto pior melhor. Mas o PMDB está, pela primeira vez, forte, unido e convicto da necessidade de se evitar a todo custo a desgraça maior: um retrocesso ao tucanato apátrida.

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