Por Laerte Braga, jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.
Bem Vindo Presidente!
Com 110 pessoas em sua comitiva chega ao Brasil na quarta-feira o presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad. Vem a convite do governo do presidente Lula. A visita de Ahmadinejad desagrada a norte-americanos e a israelenses. O governo de Israel convocou o embaixador brasileiro para "explicar" o que isso significa.
A revolução islâmica deu ao Irã a perspectiva de encontrar-se como país soberano, senhor de seu destino e não cabe julgar valores intrínsecos do islamismo, nem extrínsecos, do contrário se dá o direito de julgar o estranho prazer de norte-americanos por armas de fogo como distração e lazer no final de semana.
O Oriente Médio historicamente tem sido de suma importância para potências imperialistas. A Grã Bretanha, a França e agora os Estados Unidos. As constantes intervenções militares na região têm um único objetivo. Eliminar governos "inimigos" e controlar o petróleo. O fim da Segunda Grande Guerra trouxe um ingrediente novo: O estado terrorista de Israel. De principal base militar do imperialismo norte-americano transformou-se em importante fator de decisão dos destinos dos Estados Unidos. Grupos sionistas constituem-se em lobbies de tal força que detêm o controle das políticas chaves no governo de Washington.
O Irã é uma potência regional. Está situado estrategicamente no centro dos interesses dos norte-americanos e o programa nuclear desenvolvido pelo governo islâmico pode vir a ser o fator de desequilíbrio no Oriente Médio, onde até então Israel tem sido o braço terrorista dos EUA. As políticas de "salvação da democracia" cabem aos norte-americanos. Ou invadem e ocupam, ou compram governos (Arábia Saudita, Jordânia, Egito, Emirados Árabes, etc). O serviço sujo, o terrorismo fica para Israel (tem "tecnologia" de matar dois com um tiro). A América Latina e particularmente a América do Sul vive um momento de extrema importância em sua história. Começa a perceber-se como bloco de grande força. Governos eleitos pelo voto popular como o do presidente Chávez na Venezuela, Morales na Bolívia, Corrêa no Equador, Lugo no Paraguai, Ortega na Nicarágua e agora El Salvador, transformam-se em pesadelos para os norte-americanos. Já não é possível mais gritar " você não tem nada o que fazer aqui".
O presidente Lula encarregou o embaixador Celso Amorim de dirigir e comandar a política externa brasileira. Um notável diplomata e desde a deposição de João Goulart é a primeira vez que o Brasil assume sua cara, suas feições e coloca-se como país soberano. As limitações decorrentes da política econômica de Lula têm sido sabiamente contornadas pelo chanceler Amorim. Os arroubos "modernistas" do PT em busca de cargos e outras coisas mais, da mesma forma, não impediram que o Brasil se transformasse num dos protagonistas principais no mundo de hoje.
O Brasil não tem que explicar nada a Israel sobre a visita do presidente do Irã. A constituição do Irã garante liberdade religiosa a judeus e cristãos. Muçulmanos são tratados como animais no estado terrorista de Israel. Os EUA são hoje um império em franco declínio. Não significa que estejam batidos ou vencidos em suas políticas escravagistas mundo afora.
As críticas corretas e precisas ao governo Lula não obscurecem a política externa desenvolvido pelo ministro Celso Amorim. Se na ótica do modelo político e econômico vigente Lula não mudou coisa alguma, mas conseguiu um assento de destaque junto ao resto do mundo, isso se deve menos à economia e mais ao trabalho de Amorim. Mata um leão por dia levando em conta os setores desvairados do governo e principalmente do partido do presidente e dos aliados.
A visita de Mahmoud Ahmadinejad consolida a posição do Brasil no que chamam concerto das nações. Se o alinhamento do Brasil não é absoluto com as posturas do Irã, reforça a posição de países como a Venezuela, a Bolívia, a Nicarágua, o Equador que hoje, ao lado da Rússia somam-se no apoio às pretensões iranianas em seu programa nuclear e na construção da nação islâmica democrática. Com todos os erros que possa ter cometido o presidente Mahmoud Ahmadinejad é a cara desse novo Irã. E certamente Lula haverá de compreender que é preciso avançar mais ainda e dar ao Brasil uma feição que até hoje não fomos capazes de dar. Mas que hoje se mostra possível, factível.
É lógico que os meios de comunicação - braços dos EUA, dos latifundiários, dos grandes empresários\sonegadores, banqueiros - vão tratar o iraniano como ameaça, vão dar destaque aos protestos de governos terroristas como o de Israel e falar das "preocupações" de Obama. São pagos para isso e como toda e qualquer elite econômica não têm pátria e nem escrúpulos. Têm interesses.
Mahmoud Ahmadinejad é um dos líderes desse novo mundo que começa a surgir. É natural que venha ao Brasil. Parte desse mundo. É um engano achar que o presidente do Irã vem tentar tirar uma lasquinha no prestígio internacional de Lula. Vem não. Entre os povos árabes Mahmoud Ahmadinejad é um "Lula" bem maior.
Texto produzido por Laerte Braga e também publicado nos seguintes endereços:
http://dedemontalvao.blogspot.com/2009/05/o-presidente-do-ira.html
Leia também o que este Blog já publicou sobre o assunto:
"O sionismo mundial personifica o racismo"Leia, sem intermediário da grande e amestrada mídia, o corajoso, lúcido e histórico discurso de Sua Excelência, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, na Conferência de Revisão de Durban sobre o racismo, em Genebra, a 20/Abril/2009. Clique em Mahmoud Ahmadinejad paraconferir.
Mas.. confira a última notícia sobre o assunto: Presidente do Irã cancela visita ao Brasil
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