Jobim: "O Exército não tem absolutamente nada a ver com o processo de explorações eleitorais desses casos."
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu nesta quinta-feira a legitimidade da presença do Exército no Morro da Providência, no Rio de Janeiro. Jobim afirmou na Câmara que é competência do Exército cooperar com órgãos públicos na execução de obras de engenharia. Portanto, segundo o ministro, a presença de militares no Morro da Providência, no Rio, é legítima.Em 14 de junho, três jovens do Morro da Providência foram assassinados depois de terem sido entregues por militares a traficantes. Parlamentares questionam a presença de tropas do Exército no local, onde há obras do projeto Cimento Social - que recebeu R$ 12 milhões do Ministério das Cidades por meio de emenda do senador Marcelo Crivella (PRB), candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Os militares estariam dando segurança aos trabalhadores do projeto.Obras paradasNa semana passada, a Justiça Federal determinou a retirada dos militares do morro. O governo federal recorreu e conseguiu que a Justiça mantivesse as tropas na rua das obras. Na terça-feira (24), porém, a Justiça Eleitoral determinou a paralisação das obras, alegando caráter eleitoral no projeto. Com isso, o ministro Nelson Jobim anunciou que o Exército também deixaria o morro. No debate promovido pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; de Direitos Humanos e Minorias; e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, o ministro informou que a empresa contratada pelo Exército para executar as obras vai suspender, a partir de amanhã, sua participação nos trabalhos, que foram retomados pela comunidade por meio de mutirão. Jobim informou ainda que o Exército não custeará as obras no período de embargo determinado pela Justiça.O ministro também disse que a primeira fase da obra será retomada imediatamente caso a Justiça assim determine. A segunda fase, porém, só seria retomada após as eleições de outubro. Jobim ressaltou a importância social das obras e afirmou que o Exército nada tem a ver com a possível exploração eleitoral delas. "O Exército não tem absolutamente nada a ver com o processo de explorações eleitorais desses casos. O que importa é o bem-estar desses cidadãos."Ele disse ainda que considera normal o agenciamento de obras sociais por parlamentares e afirmou que a presença dos militares no morro contribuiu para a redução do tráfico de drogas, apesar de não ter sido uma ação contra o crime.O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), sugeriu que o Exército não seja usado para dar suporte a obras advindas de emendas parlamentares em ano eleitoral. "Em ano eleitoral, emenda de parlamentar que envolva a atuação do Exército não deve ser utilizada, para não possibilitar esse tipo de julgamento."Punição dos culpados Para o ministro, a entrega dos jovens aos traficantes foi um ato irresponsável. Ele disse ainda que os culpados devem ser responsabilizados, e que não há grandes divergências entre as declarações dos militares envolvidos. De acordo com os depoimentos do inquérito civil, os militares teriam levado os três jovens ao Morro da Mineira com a intenção de que os traficantes de lá punissem os rapazes, que teriam desacatado os militares. Indenização O ministro pretende apresentar ao presidente Lula, nos próximos dias, projeto de lei propondo indenização aos familiares dos jovens assassinados.Raul Jungmann informou que uma subcomissão formada dentro da Comissão de Segurança Pública vai ao Rio de Janeiro para verificar o que de fato ocorreu. Outra subcomissão deve analisar possíveis mudanças na legislação que rege as competências do Exército.
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