sábado, 12 de julho de 2008

Patrícia Castello Branco



Da Papuda para Pequim

Presidiários de Brasília e associações de São Paulo e do Entorno do DF confeccionam material esportivo para as Olimpíadas

Todo o material produzido desde o início de junho pelos presidiários da Papuda que integram o projeto Pintando a Liberdade, do Ministério do Esporte, será doado às delegações brasileiras que participarão, em agosto, das Olimpíadas de Pequim. Serão 5 mil bandeiras brasileiras e 5 mil bonés, 2 mil camisetas e 500 mochilas. A Cooperativa de trabalhadores de Céu Azul, em Valparaíso de Goiás, e a Associação de Mutuários e Moradores do Conjunto Santa Etelvina (Acetel), em São Paulo, do projeto Pintando a Cidadania, ficarão responsáveis pelas bolas de futebol de campo, de futsal, de basquete, redes e raquetes de tênis de mesa. O Ministério do Esporte desenvolve os dois projetos - Pintando a Cidadania e Pintando a Liberdade - desde 1997. O objetivo é produzir material esportivo para serem distribuídos nas escolas públicas. No projeto Pintando a Cidadania, comunidades carentes trabalham em 100 fábricas por todos os estados do Brasil. Presidiários de 53 penitenciárias participam do Pintando a Liberdade. Segundo o secretário executivo do Ministério do Esporte, Watson Ribeiro já foram gerados 688 empregos nesses três locais de produção escolhidos para fornecerem material à delegação brasileira. "Nas fábricas, 300 pessoas se beneficiaram com o trabalho e recebem salários que variam de R$ 600,00 a R$ 1.800,00 para melhorar sua renda familiar. Na Papuda, 388 detentos recebem por produção e terão suas penas reduzidas." Além de doada à delegação brasileira que participará das Olimpíadas, a produção será colocada à venda em estandes nos aeroportos do Brasil e de Pequim, na época dos jogos. O dinheiro arrecadado será dividido entre as unidades de confecção do material, e o representante de cada local distribuirá para os trabalhadores. O Projeto Pintando a Cidadania reúne ex-meninos de rua, aposentados e pessoas com mais de 50 anos para a confecção do material, com o objetivo de gerar mais emprego e renda a comunidades carentes. O projeto Pintando a Liberdade tem a parceria do Ministério da Justiça e ajuda a ressocializar e a profissionalizar detentos do sistema carcerário brasileiro. Segundo o gerente dos programas, Gerêncio de Bem, "os critérios de seleção para que um presidiário possa participar do projeto Pintando a Liberdade são definidos pela administração da própria penitenciária". A cada três dias trabalhados, um é abatido na pena do preso. O secretário executivo do Ministério do Esporte, Wadson Ribeiro disse que o material utilizado na confecção dos produtos tem a mesma qualidade daquele usado em marcas esportistas famosas. "O Ministério do Esporte compra a matéria-prima no exterior com desconto de 30% e ainda contribui com o Ministério da Justiça na reinserção dos presos ao mercado de trabalho", conclui.

Patrícia Castello Branco é jornalista em Brasília e colaboradora especial deste Blog
patriciarcb@gmail.com

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