segunda-feira, 21 de julho de 2008

Problema estrutural da economia brasileira


País vende ferro à China e importa trilho

Caso é emblemático da dificuldade de agregar valor às commodities; demanda do setor ferroviário no Brasil é crescente. Diferença entre o valor da matéria-prima que o país exporta e o do produto acabado que compra chega a US$ 714 por tonelada
AGNALDO BRITODA

Porto de Itaqui, Maranhão. O navio cansado da marcha de quase um mês se aproxima manso do cais. Dentro, uma encomenda muito aguardada: trilhos de trem produzidos a 16.500 quilômetros de distância, na China. Mais da metade dos trilhos usados no Brasil sai de siderúrgicas chinesas. O resto, do Leste Europeu. A ironia é que essa história começa aqui. Antes der entregar ao Brasil trilho a US$ 850 a tonelada, os chineses buscam, em Itaqui e em outros terminais da costa, a matéria-prima fundamental, o minério de ferro. Para cada tonelada de trilho entregue, as siderúrgicas chinesas precisam levar de 1,7 a 1,8 tonelada de ferro, volume que rende entre US$ 136 e US$ 144. A diferença? É o custo do atual desprezo do país por esse mercado.O aparente desinteresse brasileiro em não agregar valor ao próprio minério de ferro para abastecer a crescente demanda interna por trilhos custa ao país entre US$ 706 e US$ 714 por tonelada de trilho assentado em velhas e novas ferrovias. O custo é algo como US$ 135 milhões para a demanda deste ano e US$ 264 milhões para os volumes previstos de compra em 2009, quando as encomendas devem atingir um recorde.O passeio global do minério brasileiro supera os 30 mil quilômetros, uma situação que começa a despertar nas rodas empresariais uma questão: afinal, por que não produzimos trilhos no Brasil? A exemplo do café, vendido em sacas para ganhar marca na Alemanha, ou do suco de laranja, exportado a granel para ser envasado em países desenvolvidos, o minério de ferro é mais um caso de oportunidade não aproveitada.O Brasil vai duplicar a demanda nacional por trilhos de trem a partir de 2009, quando as estimativas da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) apontam para a importação de 370 mil toneladas, ante as 190 mil toneladas que serão compradas neste ano. Tudo isso produzido -como é de supor- com o ferro retirado da serra de Carajás, no Pará, ou do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais.

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Folha de S.Paulo - País vende ferro à China e importa trilho - 21/07/2008

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