segunda-feira, 21 de julho de 2008

Revistas da Semana

Carta Capital

Disputa na rua principal

A máxima do príncipe de Salina, “muda-se alguma coisa para não mudar coisa alguma”, no Brasil tem uma versão peculiar: “Deixa como está para ver como fica”. A primeira é vincada pelo cinismo e pela certeza na afirmação perene da lei do mais forte. A verde-amarela contém na receita uma larga pitada de medo. Sabemos o que, entre nós, significa amarelar. Muitos graúdos nativos estão com medo neste exato instante, basta um mínimo de interesse para senti-lo. Esperam que tudo fique como está, que o amarelo se sobreponha ao verde, e isto vale sobretudo para quem conhece o significado das cores. CartaCapital faz sua aposta na linha contrária, e reforça a idéia de que alea jacta est, os dados estão na mesa. A esta altura, é impossível voltar atrás no processo precipitado pela operação que incrimina Daniel Dantas e Cia. (...)

Um pecado de 61 milhões de reais
A Justiça determinou, na quarta-feira 16, o bloqueio das contas bancárias, dos ativos financeiros e de todos os bens dos ex-governadores do Rio Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho (PMDB). O casal e outros 32 investigados são réus em uma ação civil pública por improbidade administrativa, impetrada pelo Ministério Público fluminense. Caíram em desdita após a deflagração da Operação Pecado Capital, na qual eles são acusados de participar do desvio de 61 milhões de reais dos cofres da Secretaria Estadual de Saúde. (...)

Os professores agora têm piso
Finalmente, os professores da rede pública terão um salário mínimo nacional específico para a categoria. De acordo com o projeto de lei sancionado pelo presidente Lula na quarta-feira 16, até 2010 nenhum professor receberá menos de 950 reais para uma jornada de 40 horas semanais. A lei também prevê que um terço da carga horária docente seja destinado às atividades extraclasse, como planejamento, preparação de aulas e correção de provas. Haverá a necessidade de ampliar o quadro de professores em cerca de 20%, segundo estimativas do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). (...)

Primeira baixa no Pacto Nacional
O barato está saindo caro para o Grupo José Pessoa, um dos maiores do setor de açúcar e álcool no País. Na sexta-feira 11, o conglomerado liderado pela Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool (CBAA) protagonizou a primeira exclusão de um signatário do Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, após duas reincidências verificadas por auditores federais em sete meses. (...)
Contra-ataque
A foto, estampada em todos os jornais da quarta-feira 16, é emblemática. Postado no lado esquerdo da imagem, sorridente e vitorioso, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, não disfarça o contentamento. Responsável, uma semana antes, pela dupla libertação, em menos de 48 horas, do banqueiro Daniel Dantas, Mendes conseguiria muito mais nos dias posteriores à concessão dos habeas corpus. No lado direito, o ministro Tarso Genro, da Justiça, também com um esboço de sorriso, embora ninguém entenda o motivo. Genro, justo naquele instante, tinha colocado as tropas da Polícia Federal em retirada. Ao centro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostra visivelmente seu desconforto. O principal vencedor não está na foto, paira sobre ela: é Dantas. (...)
Jornalismo à brasileira
O chute no cachorro morto é um esporte bastante difundido no País. O cachorro em questão ainda não morreu, mas dá sinais de agonia. Basta para o jornalismo “investigativo” brasileiro mostrar toda a sua coragem. Tem sido comovedor acompanhar o empenho dos bravos repórteres na cobertura da Operação Satiagraha. Realmente é preciso muito empenho para se dedicar à estafante tarefa de recortar e colar os diálogos pinçados do relatório parcial da Polícia Federal sobre os crimes atribuídos a Daniel Dantas, Naji Nahas e respectivas quadrilhas, conforme concluiu o delegado Protógenes Queiroz. Ou reproduzir as informações assopradas de afogadilho por uma fonte com acesso privilegiado à investigação. (...)

Que tamanho tem o bolso do cidadão?

Há uma enorme discussão em Brasília sobre a necessidade de redução do volume de crédito disponível para os cidadãos, com o objetivo de evitar que a inflação fuja ao controle. O assunto preocupa especialmente o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vê na iniciativa uma forma de contornar a ortodoxia do Banco Central. A briga é para grandes e a equipe de Henrique Meirelles parece ter ganho esse round. Em 19 de junho, Mantega negou que um pacote esteja no prelo. “Não há medida adicional de restrição de crédito, até porque acho que vai haver uma redução natural”, afirmou. (...)

Não é só a cerveja
“Não é um negócio fechado.” Essa frase era o destaque, até a quinta-feira 17, da página de internet savebudweiser.com, ou Salve a Budweiser. Ainda há grupos nos Estados Unidos que se recusam a aceitar a venda da Anheuser-Busch, fabricante da mais famosa marca de cerveja do país, para a belgo-brasileira InBev. A transação foi acertada, no dia 13, por 52 bilhões de dólares, e depende apenas da aprovação das autoridades americanas. O slogan do site – “não é apenas cerveja” – explica melhor a sensação de perda que incomoda parte da população do país de George Bush júnior, a cada vez que uma grande corporação cai em mãos estrangeiras. (...)
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IstoÉ

Chega de restrições




São muitos os sinais em curso do perigoso abuso do Estado contra o cidadão, das corporações sobre as pessoas e das restrições coletivas se sobrepondo às liberdades individuais. O algema-não-algema é o exemplo mais recente. De um lado a polícia e o seu ministro forçando ao limite a interpretação do que representa a periculosidade de empulseirar quem não oferece resistência à prisão. E, de outro, cidadãos tendo de acionar a Justiça para fazer valer o que diz a Constituição. O republicanismo das algemas traduz o espírito de um governo que sabe usar a lei para a execração pública dos inimigos. O perigo dessa atitude é a exacerbação do autoritarismo cotidiano (...)
Campeões de audiência
As idas e vindas da PF, do governo e da Justiça foram o lado cômico do caso Daniel Dantas, mas a investigação levanta suspeitas sobre assessores do presidente do Supremo e ainda promete mais dores de cabeça ao Planalto
A cena acima aconteceu às 16 horas da terça-feira 15 no gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. Foi vendida à opinião pública como um pacto construtivo entre Executivo e Judiciário para melhorar tecnicamente a investigação mais explosiva dos últimos tempos. Na prática, o encontro entre o ministro Tarso Genro, da Justiça, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que passaram a semana anterior às turras por conta da "espetacularização" da ação da PF e do uso de algemas nos presos da Operação Satiagraha, só ajudou na defesa de Daniel Dantas. (...)

Dantas posto à prova
PF revela que cúpula do Opportunity sabia da tentativa de suborno e Receita e Banco Central investigam operações no Exterior e denúncias de lavagem de dinheiro

Surge a conexão entre dois escândalos. A Receita Federal e o Banco Central já sabem que boa parte das pessoas que fizeram aplicações no Opportunity Fund enviou dinheiro para o Exterior pela conta Beacon Hill, a mesma utilizada no esquema do banco Banestado, de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O caso Banestado foi investigado pela Polícia Federal na Operação Farol da Colina, uma tradução de Beacon Hill para o português. A Beacon Hill é uma agência de investimento que teria lavado, junto com o Banestado, cerca de US$ 30 bilhões em quatro anos. A conta da agência é algo que no mercado financeiro recebe o apelido de "conta-ônibus", uma espécie de conta maior que engloba inúmeras subcontas. (...)


Do que ele está rindo?

Cacciola volta ao Brasil dizendo que não era foragido e prometendo "contar tudo"

Para quem tem a cumprir uma pena de 13 anos de prisão por crimes financeiros, o ex-banqueiro Salvatore Cacciola chegou ao Rio, na madrugada da quintafeira 17, exibindo otimismo incomum. Procedente de Mônaco, onde foi preso pela Interpol, nem parecia ser o pivô do escândalo que levou à condenação de oito pessoas por drenar R$ 1,57 bilhão dos cofres públicos em 1999. A operação tentou salvar da bancarrota os bancos Marka e FonteCindam e entre os condenados estão o então presidente do Banco Central, Francisco Lopes, e a diretora de fiscalização do BC, Tereza Grossi. O caso levantou suspeitas de favorecimento por parte do governo Fernando Henrique Cardoso. No seu retorno, o ex-dono do banco Marka estava à vontade. Distribuiu sorrisos, foi atencioso com a imprensa e não escondeu o que espera da Justiça brasileira: nada menos que conseguir a liberdade. (...)

O Brasil pede explicações
Reativação da IV Frota americana traz à tona fragilidade do Brasil na defesa de seu litoral

Na manhã da terça-feira 15, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recebeu um telefonema da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice. Na conversa, a sempre educada e cordial Condoleezza deu explicações oficiais sobre a reativação da IV Frota da Marinha dos EUA, que após 58 anos voltou a atuar nas Américas do Sul e Central e no Caribe. Numa tentativa de tranqüilizar o chanceler brasileiro, ela assegurou que a iniciativa tem por objetivo a cooperação no combate ao tráfico de drogas e ao terrorismo, sem prejuízo ao respeito ao direito internacional, sobretudo "o direito do mar". Repetindo as palavras do chefe da diplomacia americana para a América Latina, Thomas Shannon, Condoleezza disse que a IV Frota é um "instrumento de paz" para a região. (...)

Como Eike saiu do alvo
Polícia Federal queria prender o empresário nesta semana, mas antecipou a operação toque de midas por temer vazamento

Por muito pouco o empresário Eike Batista não ocupou também uma cela da Polícia Federal uma semana depois das prisões do banqueiro Daniel Dantas, do megainvestidor Naji Nahas e do ex-prefeito Celso Pitta. Se dependesse do cronograma inicialmente planejado pelos policiais responsáveis pela Operação Toque de Midas, ela só teria sido concluída nesta semana. E incluiria o pedido de prisão de Eike. O vazamento de informações de que a operação seria realizada fez com que a PF no Amapá acelerasse seus procedimentos. Para evitar a possibilidade de que documentos viessem a desaparecer, a polícia resolveu priorizar as operações de busca e apreensão em 12 pontos distintos de Macapá, Belém e do Rio de Janeiro. (...)
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