Edison Carneiro
Qual a matéria da literatura oral? A resposta deveria ser fácil, mas não é. Já não o era quando as duas palavras foram associadas (1881) por Sébillot, que sob esse rótulo geral acomodou os gêneros mais diversos da criação popular. E a partir de então os especialistas, muito cônscios da onipresença do verso e da íntima relação entre a palavra e o ritmo no domínio do folclore, tem perdido de vista os limites precisos do campo das letras. É ponto pacífico que mitos e lendas, a poesia e a narrativa tradicionais e a representação sejam parte da literatura oral. Os folcloristas, porém, ora repetindo Sébillot, ora ampliando o mesmo levando ao exagero a sua tentativa de sistematização, constroem como que uma cabeça-de-porco onde, em suspeita prosmicuidade, as canções e as danças, os folguedos infantis, os provérbios e os enigmas, as frases-feitas e as comparações populares, e até mesmo trava-línguas e outras miudezas, disputam o fogão e o tanque comum. Há quem exclua da literatura oral, por menos que se queira, faz prova de continência, pois, se se invocar a característica mais geral do folclore – a oralidade, a transmissão oral pela proximidade, pelo exemplo, pela participação – tudo pode caber sob as amplas saias desta ilustre octogenária.
O folclore não conseguiu, até agora, fazer-se reconhecer como ciência autônoma. É desta situação infeliz que decorre a multiplicidade de maneiras de encarar a literatura oral. A posição do folclore na hierarquia do conhecimento, quer como disciplina do campo das humanidades, quer como uma das ciências sociais, quer, finalmente, como um corpus mais vasto que participa de ambas as categorias, depende da tradição cultural de cada país.
Leia o ensaio Literatura oral na íntegra. Tá muito bom!
Qual a matéria da literatura oral? A resposta deveria ser fácil, mas não é. Já não o era quando as duas palavras foram associadas (1881) por Sébillot, que sob esse rótulo geral acomodou os gêneros mais diversos da criação popular. E a partir de então os especialistas, muito cônscios da onipresença do verso e da íntima relação entre a palavra e o ritmo no domínio do folclore, tem perdido de vista os limites precisos do campo das letras. É ponto pacífico que mitos e lendas, a poesia e a narrativa tradicionais e a representação sejam parte da literatura oral. Os folcloristas, porém, ora repetindo Sébillot, ora ampliando o mesmo levando ao exagero a sua tentativa de sistematização, constroem como que uma cabeça-de-porco onde, em suspeita prosmicuidade, as canções e as danças, os folguedos infantis, os provérbios e os enigmas, as frases-feitas e as comparações populares, e até mesmo trava-línguas e outras miudezas, disputam o fogão e o tanque comum. Há quem exclua da literatura oral, por menos que se queira, faz prova de continência, pois, se se invocar a característica mais geral do folclore – a oralidade, a transmissão oral pela proximidade, pelo exemplo, pela participação – tudo pode caber sob as amplas saias desta ilustre octogenária.
O folclore não conseguiu, até agora, fazer-se reconhecer como ciência autônoma. É desta situação infeliz que decorre a multiplicidade de maneiras de encarar a literatura oral. A posição do folclore na hierarquia do conhecimento, quer como disciplina do campo das humanidades, quer como uma das ciências sociais, quer, finalmente, como um corpus mais vasto que participa de ambas as categorias, depende da tradição cultural de cada país.
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Na edição do mês de setembro, da excelente revista Jangada Brasil, você verá ainda:
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