Sarney e Alfonsin: pais do Mercosul
Por Said Barbosa Dib*
Em visita ao Senado Federal, a chefe de Estado argentino, Cristina Kirchner, recebeu saudação do senador José Sarney. Em resposta, mostrou conhecimento histórico e inteligência política. Fez questão de lembrar o papel decisivo do ex-presidente Sarney para a criação do Mercosul: "Para mim é uma grande honra porque não se trata somente das boas vindas de um ilustre senador do Brasil, mas sim a saudação de um dos pais fundadores da integração junto com (Raúl) Alfonsín. Sarney é amigo da Argentina e grande estadista", declarou. A Presidente foi bem assessorada, pois Sarney e Alfonsin tiveram realmente papel decisivo para que a perspectiva de construção não apenas de uma mercado comum, mas de uma verdadeira integração sul-americana, fosse viável. No período, colocamos fim a uma longa história de desconfianças, rivalidades e competição. A utilização da energia nuclear, até então questão muito sensível, transformou-se em estímulo à cooperação pacífica e a um relacionamento de plena confiança e maturidade. Quando o presidente Raúl Alfonsin convidou Sarney para visitar a usina de reprocessamento de urânio em Pilcaniyeu, onde jamais estivera presente qualquer autoridade estrangeira, de qualquer nível, Sarney convenceu-se de que ali começava uma nova era nas relações Brasil-Argentina. E foi o que aconteceu. Tentando encontrar alternativas internacionais para a economia, Sarney foi o grande artífice do Mercosul, pois foi a força política que efetivamente viabilizou esse importante mercado no Cone Sul, simplesmente porque, ao remanejar as forças militares brasileiras do Sul para o Projeto Calha Norte, na Amazônia, matou dois coelhos numa cajadada só: por um lado, permitiu a distensão das históricas desconfianças militares entre Brasil e Argentina na Bacia Platina e, ao mesmo tempo, viabilizou um importante projeto de defesa da Amazônia.
Os frutos dessa política têm sido colhidos até hoje, e muitas outras frentes de atuação internacional também foram abertas pelo Brasil naquele período. Criou-se a “Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul”, no âmbito do qual foi possível ao Brasil interferir como elemento político importante para o que os EUA, por exemplo, não invadissem a Nicarágua. Assim, houve a ajuda do Brasil na pacificação de conflitos na América Central. Além disso, Sarney soube valorizar a unidade lingüística do Brasil. Criou o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, que hoje está em pleno funcionamento dentro do atual estágio de desenvolvimento da Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa. Hoje, quando se abre os jornais e vemos temas como as pressões internacionais sobre a Amazônia, a IV Frota dos EUA no Atlântico Sul trazendo instabilidade para a região, o acordo ortográfico português se tornando realidade e o abandono do dólar para as transações comerciais entre Brasil e Argentina, vemos que a política externa adotada pelo governo Sarney foi decisiva para o Brasil e o Cone Sul contemporâneos.
Por Said Barbosa Dib*
Em visita ao Senado Federal, a chefe de Estado argentino, Cristina Kirchner, recebeu saudação do senador José Sarney. Em resposta, mostrou conhecimento histórico e inteligência política. Fez questão de lembrar o papel decisivo do ex-presidente Sarney para a criação do Mercosul: "Para mim é uma grande honra porque não se trata somente das boas vindas de um ilustre senador do Brasil, mas sim a saudação de um dos pais fundadores da integração junto com (Raúl) Alfonsín. Sarney é amigo da Argentina e grande estadista", declarou. A Presidente foi bem assessorada, pois Sarney e Alfonsin tiveram realmente papel decisivo para que a perspectiva de construção não apenas de uma mercado comum, mas de uma verdadeira integração sul-americana, fosse viável. No período, colocamos fim a uma longa história de desconfianças, rivalidades e competição. A utilização da energia nuclear, até então questão muito sensível, transformou-se em estímulo à cooperação pacífica e a um relacionamento de plena confiança e maturidade. Quando o presidente Raúl Alfonsin convidou Sarney para visitar a usina de reprocessamento de urânio em Pilcaniyeu, onde jamais estivera presente qualquer autoridade estrangeira, de qualquer nível, Sarney convenceu-se de que ali começava uma nova era nas relações Brasil-Argentina. E foi o que aconteceu. Tentando encontrar alternativas internacionais para a economia, Sarney foi o grande artífice do Mercosul, pois foi a força política que efetivamente viabilizou esse importante mercado no Cone Sul, simplesmente porque, ao remanejar as forças militares brasileiras do Sul para o Projeto Calha Norte, na Amazônia, matou dois coelhos numa cajadada só: por um lado, permitiu a distensão das históricas desconfianças militares entre Brasil e Argentina na Bacia Platina e, ao mesmo tempo, viabilizou um importante projeto de defesa da Amazônia.
Os frutos dessa política têm sido colhidos até hoje, e muitas outras frentes de atuação internacional também foram abertas pelo Brasil naquele período. Criou-se a “Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul”, no âmbito do qual foi possível ao Brasil interferir como elemento político importante para o que os EUA, por exemplo, não invadissem a Nicarágua. Assim, houve a ajuda do Brasil na pacificação de conflitos na América Central. Além disso, Sarney soube valorizar a unidade lingüística do Brasil. Criou o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, que hoje está em pleno funcionamento dentro do atual estágio de desenvolvimento da Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa. Hoje, quando se abre os jornais e vemos temas como as pressões internacionais sobre a Amazônia, a IV Frota dos EUA no Atlântico Sul trazendo instabilidade para a região, o acordo ortográfico português se tornando realidade e o abandono do dólar para as transações comerciais entre Brasil e Argentina, vemos que a política externa adotada pelo governo Sarney foi decisiva para o Brasil e o Cone Sul contemporâneos.
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