quinta-feira, 22 de maio de 2008

Brasil perde H. Dobal


Depois da nossa amada Zélia Gattai ir se reencontrar com seu amado Jorge, do Piauí nos vem a notícia de que o Brasil perdeu outro grande da nossa Literatura: H. Dobal, o Hindemburgo Dobal Teixeira, um os maiores expoentes da poesia brasileira contemporânea. Sofria de parkinson e ultimamente seu estado de saúde vinha se agravando. Mas o Piauí e o Brasil sabem que sua alma, através das poesias que criou, estará sempre viva na Memória Nacional.

Biografia

Hindemburgo Dobal Teixeira é de Teresina (17 de outubro de 1927). Curso secundário no antigo Liceu. Bacharelou-se em Direito na turma de 1952 da Falcudade de Direito do Piauí, tendo sido o orador. Diretor da Revista Meridiano, figura líder da geração vanguardista, tornou-se um poeta respeitado no Brasil inteiro. Fez concurso para Fiscal do Imposto de Consumo do Ministério da Fazenda; membro do Conselho de Contribuintes e professor da Escola Superior de Legislação Fazendária, em Brasília. No Governo Médici fez parte da comissão que reestruturou todo o sistema tributário nacional. Posteriormente, comissionado pelo Ministério da Fazenda, fez cursos e estágios em Londres e Berlim, sendo um dos mais brilhantes e competentes técnicos em legislação e Técnica Fazendária, no país. Membro da Academia Brasiliense de Letras.
Em 1969 Hindemburgo Dobal Teixeira ganhava, com O Dia Sem Presságios, o Prêmio Jorge de Lima (poesia) do Instituto Nacional do Livro. Mas nem sempre a obra premiada é o melhor instante do escritor. "O Tempo Consequente", editado em 1966, é ainda o melhor momento da poesia deste notável poeta.

Obras: O Tempo Consequente (1966); O Dia Sem Presságios (Premio Jorge de Lima, 1970); A Viagem Imperfeita (1973); A Província Deserta (1974); A Serra das Confusões (1978); A Cidade Substituída (1978); El Matador (folhetim, 1980); Os Signos e as Siglas (1978); Cantigas de Folhas (1989).

Conheçam um pouco de sua poética:

Homo


Sua razão de vida o homem vê minguando
a cada dia. Mas duro recomeça
como se o tempo lhe sobrasse. E vagaroso
não conta as eras que se extinguem.
Nem conta a solidão dos dias claros
se desdobrando iguais como esquecidos
de mudar. Nem a distância
que o grito não transpõe, a passagem da vida
cumprida só em mínimos desejos.
Sua lástima no piar das nambus, sóbrio
se esquiva às armadilhas da tarde.
A incerteza nos paióis, o chão batido
em que levanta a casa, o amor
como a água das cabaças.
Lavrador do milho e do feijão, sua frugal colheita
em gleba alheia. Passa-lhe a vida,
e queima o céu com a cinza de suas roças.

Crepúsculo

Silencioso
Solitário
Sinistro
Um sol-poente
Celebra o suicídio da tarde.

Humanae Vitae

O menino minguante vem do rio das fêmeas.
Nascido ao poente
seu dia parado
sem pressentimentos.
Sem socorro
de remédio
seu transe de fome
do rio do sono
ao rio das mortes.

A Morte

A morte aparece
sem fazer ruído.
Senta-se num canto
fica indiferente
com seu ar de calma
absoluta.
Mira longamente
o quarto o retrato
a cama os remédios
postos entre os livros
sobre a mesa escura.
Depois se levanta
sem nenhuma pressa
sem impaciência
retorna ao seu mundo
a morte, de gestos
claros e serenos.


Apreciem ainda:

Nenhum comentário:

Postar um comentário