quinta-feira, 22 de maio de 2008

Na mira do Belmiro

Motos, desportos e o futuro
Belmiro Vianez Filho(*)
belmirofilho@belmiros.com.br

O Pólo Industrial de Manaus vai bem, obrigado, ao menos na ótica do faturamento das indústrias, que atingiu US$ 6,806 bilhões no primeiro trimestre deste ano, segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus. Com alta de 25,55% comparativamente ao mesmo período do ano passado, iremos ultrapassar a casa dos US$ 30 milhões antes de encerrar o ano. No contexto, o pólo de duas rodas é o setor industrial que mais avança com faturamento de US$ 2,003 bilhões e crescimento de 50,04% no período, um pouco atrás do faturamento de maior valor do pólo eletroeletrônico, com US$ 2.761 bilhões com elevação de 17,61% em relação a 2007. Um desempenho vigoroso a espalhar pelo país a força e a respeitabilidade do modelo ZFM. Motos e eletroeletrônicos, além de telefonia celular e outros, disseminam uma rede de serviços e componentes pelo país, gerando oportunidades de crescimento. Com destaque para duas rodas que se enfiam pelo engarrafamento do progresso mal planejado buscando chegar mais rápido para consolidar o modelo.
E é precisamente a respeitabilidade do modelo ZFM que explica a escolha de Manaus – no coração da floresta amazônica - para sediar os Jogos Nacionais do SESI, iniciados ontem com mais de 700 atletas de quase 200 empresas de todo o país. Acostumados às perseguições e sobressaltos, que nos obrigaram por quatro décadas a provar nossos direitos e habilidades para fazer parte do esforço geral de desenvolvimento nacional, estamos assistindo a uma mudança de atitudes do resto do país em relação ao Amazonas. E nada mais oportuno do que a solidariedade desportiva para sacramentar a importância e as premências da interatividade, respeito e unidade na diversidade nacional. E nessa competição não há necessidade de vencedores já que o maior campeão será o país.
No início da semana, a propósito, as manchetes dos jornais locais traziam múltiplas notícias sobre violência contra as crianças. Crimes que não vendem tanto como o caso Isabella, a menina paulistana que virou referência nacional de luta contra os crimes contra a infância e a adolescência, mas que sinalizam constrangimento e a convicção do tanto que ainda precisamos avançar na educação e distribuição de oportunidades. A imensa massa de excluídos na produção nacional da riqueza desembarca na violência resultante das mazelas sociais. E empurra as gerações perdidas para a promiscuidade sexual e o tráfico de drogas, temos insistido nisso. Uma desordem paralela que desafia governantes e empreendedores a uma inadiável reflexão.
Daí, mais uma vez, a importância dos Jogos do SESI, uma sinalização de avanços e de alternativas de promoção dos valores de que crianças e jovens precisam para fazer parte do banquete social que o Amazonas está gerando. Um movimento na busca da própria superação para o qual o resto do país começa a voltar sua atenção. Por tudo isso merecem felicitações os organizadores do evento, conquistado em grande parte pelas lideranças locais da indústria. Nossa torcida é que os mesmos propósitos que levaram a este acerto se direcionem a promover a mobilização das novas lideranças empresariais, para permitir a renovação e oxigenação de nossas entidades em nome do interesse geral e de um futuro compartilhado em todos os níveis e pra valer.

Zoom-zoom

· Chapas e nomes – A cidade avança na discussão eleitoral, com a mobilização dos acordos e barganhas visando a disputa política na prefeitura e câmara de vereadores. Prá variar, a discussão essencial dos problemas urbanos é deixada de lado em nome dos acordo de bastidores. É como se o objeto do desejo político fosse apenas pessoal e partidário, e não se pautasse pelo debate da problemática geral. Que não é pequena nem fácil de enfrentar.

· A volta da CPMF – A despeito do aumento de impostos em 2008 já ter superado a arrecadação federal caso fosse mantido o imposto do cheque desde janeiro último, e abolido pelo Senado em 2008, a base governista apresenta uma nova versão da CPMF. A temeridade é inconstitucional e vai obrigar a parar o país novamente numa briga política fora de hora e lugar.

· Reforma fiscal – A tentativa marota do governo se dá em meio ao debate da Reforma Fiscal. Ou seja, todo o discurso de enxugamento da cangalha tributária anunciado pelo Planalto é mera figuração. Vem aí mais imposto. E mais oportunidade de deixar a receita escorrer pelo ralo da corrupção.

· Saúde e informática – Até o final de julho, as autoridades da Saúde prometem informatizar completamente o setor, disponibilizando com a rapidez da Internet consultas, exames laboratoriais e de imagens, procedimentos e vagas de internação. Ganha o paciente em qualidade e rapidez de atendimento, e o Estado em racionalização de gastos e ampliação de serviços. Vamos acompanhar e cobrar.

(*) Belmiro é empresário e ocupa atualmente a presidência do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.

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