sexta-feira, 30 de maio de 2008

O assunto é...BRASIL B R A S I L




Sempre há o que dizer sobre Glauber

Relançamento de "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" e projeto de caixa com DVDs duplos jogam novas luzes sobre o trabalho do diretor
Daniel Schenker Wajnberg

Muito já se escreveu sobre Glauber Rocha. Mas seu cinema permanece como tema inesgotável. A prova não está "apenas" na volta aos cinemas, em cópia restaurada, de "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", filme pelo qual ganhou o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes de 1969. Patrocinada pela Petrobras, a iniciativa, capitaneada por Paloma Rocha, filha de Glauber, e pelo diretor Joel Pizzini, inclui também uma caixa com quatro DVD's duplos relativos a "A idade da terra", "Terra em transe", "Barravento" e ao já citado "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", produção cujos negativos foram destruídos num incêndio no Laboratório GTC em Paris, em 1973. No elenco, Maurício do Valle, Odete Lara, Hugo Carvana, Othon Bastos e Jofre Soares. Cada caixa de DVD traz documentários, dirigidos por Paloma e Joel e narrados em primeira pessoa pelo próprio Glauber, que morreu em 1981. Ambos já tinham comprovado que ainda há muito o que dizer sobre Glauber ao revelarem bastidores da filmagem de "A idade da terra" no documentário "Anabazys", exibido na última edição do Festival de Brasília. "Filmes como `A idade da terra', que é um testamento do futuro, `Leão de sete cabeças' e `Cabeças cortadas' são pouco conhecidos no Brasil e precisam ser discutidos de forma mais ampla", ressalta Paloma. Ela e Joel tiveram acesso a um consistente material bruto - as oito horas de fitas com entrevistas com Glauber realizadas por Raquel Gerber por encomenda de Paulo Emilio Salles Gomes. "Glauber fala sobre seu processo de criação, a relação com a Embrafilme, a política e o Cinema Novo", enumera Paloma, que desenvolveu o projeto de "Milagrez", realizado no formato de documentário em oito episódios para a TV Brasil, inserido na caixa de "O Dragão da Maldade...". Os extras incluem também trabalhos como "Barravento visto por...", presente no DVD de "Barravento" e composto por depoimentos de pesquisadores sobre o filme de Glauber, "Depois do transe" e "Maranhão 66", os dois últimos complementares ao DVD de "Terra em transe". Paloma não identifica uma influência expressiva de algumas das principais características do cinema de Glauber - o vigor messiânico, a disposição à experimentação - no cinema brasileiro de hoje. "Percebo influências isoladas. A maior parte das produções envereda pelo naturalismo, sem atingir a dimensão épica. Acho que a geração dos anos 60 valorizava mais a arte como instrumento de transformação social. Atualmente, o cinema perdeu parte de sua função para o inimigo mais fácil: o entretenimento", observa.

Esta matéria está no "Tribuna da Imprensa": http://www.tribunadaimprensa.com.br/

Abaixo, quando foi governador do Maranhão, na década de 60, o então governador José Sarney foi tema de um filme de Glauber Rocha, como modelo de esperança do povo por um governo progressista. Na época, Sarney criou as bases do desenvolvimento do Maranhão, fazendo uma verdadeira revolução na infra-estrutura de transportes do estado. Com um estilo próprio de governo - popular, dinâmico e modernizador -, Sarney recebia em audiências diariamente dezenas de pessoas dos mais variados setores da população e provocou, segundo Veja (11/3/70), uma revolução na administração, chamada de "milagre maranhense".
Os investimentos decuplicaram, aumentando em 2.000% o orçamento do estado. O novo governador sabia que era necessário compensar anos de atraso. Por isso, foi constituída a usina hidrelétrica de Boa Esperança, na fronteira sul do Maranhão com o Piauí, pela Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança (Cohebe), que passou a fornecer energia a cerca de 40 cidades do interior dos dois estados e parte do Ceará. Ainda segundo Veja (4/2/1976), nos quatro anos da administração Sarney o Maranhão deu um salto: o estado pulou de zero para quinhentos quilômetros de estradas asfaltadas - e mais dois mil quilômetros de estradas de terra -. Criou-se, além disso, uma rede de telecomunicações cobrindo 85 municípios; elevou-se de um para 54 o número de ginásios estaduais e ampliaram-se de cem mil para 450 mil as matrículas escolares.
No início de 1970, Sarney inaugurou, com uma assistência de cem mil pessoas, a ponte de São Francisco, sobre a foz do rio Anil, ligando a ilha de São Luís - onde fica a capital - ao continente. A construção da ponte já havia passado ao domínio da lenda, pois se estendera por vários governos. A construção do porto de Itaqui, a barragem do rio Bacanga e o planejamento da cidade industrial foram outras iniciativas. Ainda em meados de 1970, antes do fim do mandato, deixou o palácio dos Leões para candidatar-se ao Senado, sendo substituído pelo vice, Antônio Dino. Ao deixar o governo, recebeu uma das maiores consagrações populares nas ruas de São Luís em reconhecimento ao que fez pelo Estdo do Maranhão.

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