quinta-feira, 22 de maio de 2008

Patrícia Castello Branco

"SOS Imprensa": orientação contra erros da mídia

UnB presta serviço gratuito para vítimas da imprensa

A Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília presta um serviço gratuito de orientação para vítimas de erros, abusos ou danos causados pela mídia. Trata-se do “SOS Imprensa”, uma ouvidoria com o objetivo de orientar o cidadão que não dispõe de assessoramento quando é vítima da imprensa. “Tanto pessoas comuns quanto de poder político, econômico - ou até do meio artístico - se vêem impotentes ante a arrogância do chamado ´Quarto Poder`, sobretudo quando este se impõe enquanto tribunal punitivo e moralizador, antes mesmo de qualquer sentença da Justiça, seja por julgamento antecipado de algum crime, como no caso do pai e madrasta da Isabela Nardoni, ou, simplesmente, pelo fascínio da fama em cima de uma pessoa pública como no caso da Lady Di”, explica o professor e fundador do SOS Imprensa, Luiz Martins da Silva. O projeto de assessoramento foi criado em 1995 com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Seu objetivo inicial era fornecer aos estudantes material de pesquisa e análise a partir da elaboração de cadastros das vítimas da mídia. Desde 2000 ampliou suas atividades, com a gravação de programas de TV e de DVDs. O atendimento do SOS Imprensa conta com a participação de estudantes de Comunicação, bolsistas e voluntários, sob a coordenação do professor Luiz Martins. O professor Fernando Paulino, que atua no projeto desde o início, ajuda os alunos a estudarem os casos. “Nós temos uma lista eletrônica e trocamos e-mails a respeito dos assuntos envolvidos”, diz Paulino. O Projeto tem quatro vertentes: o disque-imprensa (061- 33072024); o site www.unb.br/fac/sos, com o e-mail sosimpre@unb.br; um programa quinzenal na TV Cidade Livre, antiga TV Comunitária, com debates e seminários sobre trabalhos apresentados em fóruns especializados; e o atendimento pessoal na Faculdade de Comunicação da UnB. “Essa ouvidoria pública não proporciona serviço de advocacia, apenas informa o cidadão quanto aos seus direitos e procedimentos necessários a serem tomados, principalmente quando dizem respeito à calúnia (acusação falsa de crime), injúria (ofensa à dignidade ou ao decoro) e difamação (ofensa à reputação). Dependendo do fato, o projeto ainda ajuda na intermediação entre a pessoa e o veículo para a reparação da informação divulgada incorretamente”, explica Luiz Martins. Uma das intervenções do SOS foi no episódio que envolveu alunos do Colégio Militar e o ex-deputado federal Roberto Jefferson. “Jefferson estava em um comício político em frente ao Colégio Militar, e as crianças, vendo o tumulto de jornalistas, foram até lá para aparecerem na televisão. No dia seguinte, o político foi cassado e saiu em um jornal local uma foto enorme e colorida das crianças o rodeando com a seguinte chamada: “Prestando Solidariedade.” Uma das crianças da foto, morrendo de vergonha, ligou para a mãe dizendo que não iria à aula. No fim de semana seguinte, alguns desses alunos foram aos clubes do Exército e Militar e sofreram preconceito. As pessoas chegavam a tirar toalhas de perto”, conta Luiz Martins. O jornal voltou a escrever sobre Roberto Jefferson, mas não pediu desculpas pelo erro. As mães, indignadas, recorreram ao SOS imprensa. “Os meio de comunicação preferem muitas vezes pagar a indenização a pedir desculpas”, diz Luiz Martins. Segundo Fernando Paulino, a sobrecarga de trabalho dos jornalistas colabora para erros. Ele destaca ainda a falha na formação do profissional. ”Projetos como o SOS Imprensa ajudam nessa formação”, acredita.
*Patrícia Castello Branco é jornalista em Brasília e repórter especial deste Blog

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