terça-feira, 27 de maio de 2008

Coluna do Helio Fernandes


Kissinger assassinou 1 milhão e 650 mil pessoas em

Bangladesh, Laos, Camboja, Timor Leste

Há dias, recebendo um documento liberado pela "inteligência" dos Estados Unidos sobre matéria publicada por mim, fui rever o que escrevera. Foi em 9 de julho, Copa da Alemanha de 1974, da tribuna de honra do Estádio de Dortmund (semifinal Brasil-Holanda). Nas Copas do Mundo e em todas as minhas viagens, desde que fui à Europa pela primeira vez em 1946, sempre escrevi diariamente.
Nas Copas eu fazia um artigo sobre o jogo propriamente dito, e a coluna a respeito de notícias colhidas no estádio e fora dele. Nessa coluna de 1974, eu ressaltava: o fato de Kissinger ter colocado na tribuna de honra 68 seguranças que serviam a ele. Para isso, esvaziou toda a tribuna, tirando até a mulher de João Havelange, Ana Maria.
No artigo que republico 34 anos depois, mostro que ele ameaçava demitir o primeiro-ministro de Portugal, a ditadura Salazar acabara, durara 50 anos. Terminou nesse ano de 1974. Meu artigo, transcrito em 5 jornais de Portugal e 2 da Itália, provocou ainda maior repercussão. O primeiro-ministro de Portugal foi demitido 24 horas depois, Kissinger podia tudo.
Segunda-feira passada, num importante organismo internacional, estarrecido, vejo Kissinger falando e defendendo o presidente Bush e sua guerra de 3 TRILHÕES (no mínimo) no Iraque. Pensei que o velho governista sem caráter, sem escrúpulos, sem convicções, sem coração e sem consideração estivesse assassinado pelo próprio passado. Está vivo, os canalhas custam a morrer.
Kissinger defendia a guerra preventiva de Bush, e jogava toda a culpa desse fato sobre o Irã. E se não disse com todas as letras e palavras, deixou claro ou subentendido: "O fim da guerra contra o Iraque só pode ser obtido com nova guerra, agora contra o Irã". Nenhuma palavra de protesto, de restrição, pelo menos de não aceitação. Todos pareciam concordar.
Já que Kissinger continua vivo, poderoso e atuante, vamos relembrar alguns crimes do ex-secretário de Estado. Tenho que ressaltar: apenas alguns. Para mostrar todos, seria necessário não um livro mas uma biblioteca. Vejamos.
1 - Assassinato de 350 mil civis no Laos durante a guerra do Vietnã.
2 - Assassinato de 600 mil civis no Camboja durante a mesma guerra do Vietnã.
3 - Morte de 500 mil civis em Bangladesh e apoio ao golpe militar do general Yahya Kahn (1971).
4 - Envolvimento no assassinato do general chileno René Schneider (1970).
5 - Participação na "limpeza" étnica da ilha britânica de Diego Garcia, localizada no arquipélogo de Chagos, no Oceano Índico, quando os indígenas foram expulsos para instalação de uma base militar norte-americana (1970).
6 - Mentor de um plano para raptar e matar o jornalista Elias P. de Metracopoulos, líder da resistência grega, exilado nos EUA (1971).
7 - Apoio ao golpe militar de Augusto Pinochet no Chile (1973).
8 - Seu papel na Operação Condor (troca de informações das ditaduras do Cone Sul).
9 - Planejamento do golpe militar em Chipre, derrubando o presidente eleito Michail Makarios (1974).
10 - Apoio ao ditador Suharto na invasão da Indonésia em Timor Leste (1975), que resultou na morte de mais de 200 mil civis.
O grande advogado Guilherme da Rocha Corrêa, que conhece profundamente a vida desse Kissinger tão assassino e ainda maior corrupto do que Berlusconi, recomenda vários livros sobre o ex-secretário de Estado.
1 - "O julgamento de Kissinger", escrito pelo jornalista inglês Christopher Hitchens.
2 - "Timor Leste, esse país quer ser livre", organizado pelo jornalista Silvio L. Santana.
3 - "501, a conquista continua", de Noam Chomsky. Guilherme da Rocha Corrêa é uma verdadeira enciclopédia sobre Kissinger ou uma usina nuclear explodindo em cima dele.
E o advogado ainda me recomenda: "Se você encontrar o Kissinger na próxima Copa do Mundo, peça a ele para devolver os documentos S-U-R-R-U-P-I-A-D-O-S da National Security Council.
O assunto Kissinger não termina aqui. Ainda há muito a revelar. Até mesmo uma palestra de FHC na biblioteca do Congresso dos EUA, quando o conferencista começou assim: "Velho amigo Kissinger". Que República.
PS - Em 1998 voltei a ver (mas me afastei logo) o sangrento secretário de Estado. O advogado Guilherme da Rocha Corrêa acertou quando fez a previsão, "de que eu encontraria com ele numa nova Copa do Mundo". Esse assassino corrupto finge que gosta de futebol.
PS 2 - Agora que Kissinger volta a ser citado como "arauto da sucessão de Bush", não podemos esquecê-lo. Ele deveria desaparecer, atingido por 1 milhão e 650 mil tiros, das armas mais diferentes. E só morrer no último tiro.
Para ler a coluna completa do Helio, acesse:

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