terça-feira, 27 de maio de 2008

Patrícia Castello Branco

Ludotecas
Resposta à violência doméstica em Brasília

Salas de psicoterapia infantil equipadas com brinquedos foram especialmente preparadas para fornecer atendimento psicológico a crianças vítimas de violência doméstica no Distrito Federal. As ludotecas têm o apoio do Instituto Sabin e são parte do programa de governo voltado para o combate à violência intrafamiliar, elaborado pelo Conselho dos Direitos da Mulher do DF (CDM). O núcleo de atendimento é voltado para a vítima e também para o autor do crime. O assistente do Instituto Sabin Bruno Barbosa explica que um dos objetivos do programa é desenvolver intervenções psicoterapêuticas direcionadas ao agressor, com a finalidade de reduzir ou eliminar seu comportamento violento, evitando a reincidência e, conseqüentemente, fortalecendo os vínculos familiares. Outro objetivo é resgatar os valores da infância prejudicados pelo histórico violento, permitindo à criança viver e agir como criança. A ludoterapia funciona de três formas: aplicação de testes e escalas avaliativas reconhecidos pelo Conselho Federal de Psicologia; atendimento de crianças e adolescentes em grupo e oficinas temáticas que usam técnicas lúdicas de condução do processo psicoterápico; e sessões familiares. As ludotecas já existem nas cidades-satélites de Brazlândia, Ceilândia, Samambaia, Planaltina, Paranoá e Taguatinga, e ainda serão inauguradas em Santa Maria, Gama, Sobradinho e Plano Piloto, no Conselho dos Direitos da Mulher e na Casa do Abrigo, cujo endereço não é fornecido por questões de segurança das mulheres e crianças. As vítimas que precisam de ajuda devem procurar o núcleo de atendimento no CDM, localizado no Plano Piloto, Edifício Venâncio 2000. Segundo a psicóloga da projeto, Zilda Brito, a ludoteca possibilita à criança e ao adolescente um espaço de escuta, direcionado à exposição de seus conflitos emocionais decorrentes da situação de violência. Zilda orientou a compra dos brinquedos, para que as vítimas consigam contar ao profissional que as acompanha o tipo de violência que sofreram. As famílias não vão por conta própria, elas são encaminhas ao núcleo pela Casa do Abrigo de Mulheres Vítimas de Violência, pela Defensoria Pública, pelo Conselho dos Direitos da Mulher, pelo Disque Direitos Humanos da Mulher, pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Justiça e pela Vara da Infância e da Juventude do DF. Os depoimentos das vítimas são documentados em vídeo, como forma de preservá-las da constante exposição a interrogatórios desnecessários. O diagnóstico é feito por psicólogos e a Justiça decide se o agressor precisa ou não do tratamento. Segundo a presidente do CDM, Mirta Brasil, as vítimas, os agressores e a família são tratadas nas áreas psicológicas, social e jurídica, por meio de medidas de integração e socialização. "As mulheres não querem desfazer seus lares, querem um marido recuperado", explicou. Bruno Barbosa contou que o programa tem dado resultados. "Para nós, do Laboratório Sabin, as conseqüências estão sendo maravilhosas, já que o objetivo é despertar na sociedade o questionamento e debates a respeito da violência doméstica." Atualmente, estão sendo atendidas 69 pessoas, e 28 estão na fila de espera.

*Patrícia Castello Branco é jornalista em Brasília e repórter especial deste Blog

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