quarta-feira, 21 de maio de 2008

Alexandre Garcia

Integrar para não entregar

O primeiro preso político do governo Lula foi libertado. Paulo César Quartiero foi tirado da prisão por decisão unânime de um tribunal federal. Por que, então, fora preso? Se não cometeu crime, então foi prisão política. Os índios entraram na fazenda onde ele produz arroz, seus vigilantes foram expulsar os índios, houve confronto e a Polícia Federal desarmou um lado e deixou o outro.Dizem por lá que missões católicas ficam em lugares de onde são retiradas outras missões religiosas. Por trás das confusões de Roraima está um tal de CIR - Conselho Indigenista de Roraima, ligado ao Conselho Indigenista Missionário, da Igreja Católica e a algumas ONGs estrangeiras. O que tem assustado o Exército é a desnacionalização da área e da presença brasileira.Talvez esses incidentes tenham servido para, enfim, o Brasil saber que existe o seu extremo norte, onde há um embate entre a nacionalidade e a internacionalização - algo parecido com o que ocorreu no extremo sul, há 200 anos, entre luso-brasileiros e castelhanos. Acabou que perdemos a Província Cisplatina, que virou Uruguai. Lá em Roraima já perdemos para os ingleses, em 1904, um pedaço maior que a tal reserva Raposa-Serra do Sol.Da Bolívia compramos o Acre, mas cedemos pedaços da Petrobras. Os bolivianos na província mais rica, Santa Cruz de la Sierra, hoje estão em pé-de-guerra por mais autonomia. São embates nacionalistas que pipocam pelo mundo, principalmente quando uma região rica fica submetida a um governo central sugador. A União Soviética, quando se desfez, dividiu-se e redividiu-se por causa de nacionalismos somados a questões econômicas e religiosas. Agora no Paraguai, o bispo-presidente (aqui a gente tem apenas padres cantores e balonista) ergueu seu palanque com bravatas sobre Itaipu. Se o eleitor, agora, se queixar pro bispo da falta de palavra, o Brasil vai ter mais um condômino a querer tirar uma lasquinha do vizinho gigantesco, mas, às vezes, ingênuo. Aqui dentro, a ministra Marina Silva caiu fora - já tinha caído dentro - e o governo brasileiro ficou assustadíssimo com a repercussão no exterior. A gente cria algumas figuras que caem no gosto da intelectualidade jornalística estrangeira, e depois fica a reboque desses totens. Enfim, serviu para o presidente Lula aproveitar a presença da chefe de governo da Alemanha, para dar o recado: A Amazônia (brasileira) é de fato e de direito do Brasil, e a preservação dela não é só do interesse brasileiro, porque queremos partilhar a riqueza da diversidade com os cientistas do mundo. Foi uma resposta aos que imaginavam que Marina era a iara guardiã da floresta; foi um aviso aos que querem internacionalizar a área; e um recado para um país poderoso, de que queremos compartilhar da riqueza em prol da ciência e não de interesses econômicos alienígenas. Por coincidência, é uma ONG alemã, financiada por banco alemão, que controla o direito de ir-e-vir de cidadãos brasileiros numa área da Raposa-Serra do Sol, numa tal de “mansão”. Aí, lembro do lema do Projeto Rondon: Integrar para não entregar.
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

Um comentário:

  1. Cara que lixo esse Alexandre Garcia. A única forma dele aparecer é sendo de opinião contrária à maioria em todas as matérias. Contra o vestido curto da universitária, contra o Zelaya, contra o aquecimento global. Ridículo.

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