quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Na Mira do Belmiro

Feliz Ano Novo?

Razões não faltam para acreditar que este será um ano difícil e que qualquer grau de satisfação e conquista vai depender do exercício da criatividade e competência de cada um na formulação de saídas, acordos e parcerias. Para um ano que começou sob o signo de crescimento, com taxas extraordinárias de produtividade e expansão do consumo em todos os segmentos, o brinde do Ano Novo reúne um misto de apreensão, alerta e risco. Recebemos no ano que se encerra três das mais cobiçadas certificações de grau de investimento sinalizando índices discretos de risco para o investimento estrangeiro e acariciamos com orgulho a idéia de ingressar no seleto e poderoso grupo dos maiores países produtores de petróleo. E de uma hora para a outra a bolsa de valores teve suas operações suspensas pelas seguidas e terríveis quedas – 42% de perdas nos últimos dois meses - em seus índices e o barril petróleo alcançou seu menor valor na última década, US$ 32, fazendo do sonho do pré-sal um insosso programa em suspensão.

Apesar da fragilidade dos indicadores de desempenho do varejo na economia local - uma deficiência de avaliação e planejamento que não podemos seguir ignorando - as vendas do Natal ficaram aquém das expectativas e necessidades do setor à vista dos tempos sombrios que, parece, virão. O receio do endividamento e os indícios da incerteza na economia ajudaram a conter o consumo esperado, obrigando as empresas a antecipar promoções para amenizar a redução do faturamento. Este cenário, entretanto, não foi capaz de mobilizar o setor na reivindicação de ajustes com o poder público na relação sempre complicada do comércio com o cipoal da burocracia e do tributarismo danoso.

Nos últimos anos fizemos desta discreta tribuna insistentes cobranças para que fossem escancaradas as cortinas do espetáculo do crescimento. Entre a submissão ao superávit primário e um programa de estimulação do crescimento, o governo acabou, enfim, se rendendo às pressões da sociedade em geral e do setor produtivo em particular para fazer jus a vocação do país de grandeza econômica e prosperidade social. E deste rumo certo não podemos abrir mão, em nome de empunhar o estandarte da agonia de uma crise que veio para sacudir a desordem financeira e os abusos escabrosos dos especuladores de plantão. E temos reservas, credibilidade, mercado consumidor e experiências bem sucedidas para assegurar que esta é a trilha e única saída. E a opção pelo emprego, mesmo com a adoção do endividamento, foi assumida publicamente pelo governo estadual em nome da manutenção e expansão da demanda e continuidade do crescimento.

Precisamos, pois, conhecer em profundidade e alcance nossas limitações e, sobretudo, nossas possibilidades e competências específicas. Enfronhados com o conhecimento de nossas limitações reduziremos as margens de risco de nossas investidas que devem ser planejadas a partir da sistematização de informações sobre as potencialidades e alternativas de nossos empreendimentos. A palavra de ordem, tudo contribui para não restar dúvida, é conhecer para agir e integrar, mobilizando parceiros públicos e privados no pleno exercício da criatividade e teimosia. Crise é oportunidade de amadurecer e crescer seja em que âmbito e terreno de onde ela venha surgir e ameaçar. Mesmo que seja dentro da relação familiar. Quem sabe daqui a doze meses possamos reconhecer que no apagar das luzes de 2008 estávamos brindando, sem saber, um positivo Feliz Ano Novo!!!

Zoom-zoom

• Posse e vigilância – Assume a prefeitura de Manaus pela terceira vez o advogado e líder político Amazonino Mendes, cercado de agitações políticas e querelas jurídicas. No Centro e nos bairros distantes desta cidade sofrida se renovam as expectativas para o enfrentamento das graves e emergenciais questões e demandas urbanas. Ao registrar votos de um mandato de sucesso e conquistas, estaremos aplaudindo os eventuais avanços e cobrando as promessas de campanha na restrita ótica do interesse público.


• Expectativas – O Centro continua rigorosamente ao Deus-dará, entregue às ruínas do descaso, à promiscuidade do comércio informal, e ao salve-se quem poder do trânsito caótico e sem perspectiva de recuperação. Não há proposta nem aposta para o enfrentamento dessa desordem urbana, que seguirá presente na pauta de nossas discussões.


• Água e transporte – E os bairros seguem aguardando as promessas do sonhado prefeito H2O, para o abastecimento constante e decente do serviço de água, apesar das medidas mitigador as do prefeito Serafim Correa. E os transportes coletivos...? Que tristeza, inaudita tragédia! Até quando a sociedade em seus segmentos mais humildes seguirá açoitada por essa demonstração de incúria e amadorismo do poder público?

• Erramos – Na votação que brecou a ampliação nacional do número de vereadores, foi a Câmara dos Deputados e não o Senado Federal, como dissdemos, a instituição legislativa que decidiu por esta medida de bom senso. O Senado voltou atrás em sua decisão e alegou a necessidade de maior discussão da matéria com o principal interessado: o cidadão.

Belmiro Vianez Filho
é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
belmirofilho@belmiros.com.br

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