segunda-feira, 2 de março de 2009

Cassação de Jackson no TSE

"Não" também é resposta. A protelação vem alimentando lucro da mídia serrista
Por Said Barbosa Dib

Amanhã começa mais um capítulo dessa novela romanesca e ridícula: o julgamento sobre a cassação do pilantra Jackson Lago, que, na certeza da impunidade, atentou contra a vontade popular ao cometer abuso de poder econômico e compra de votos na eleição de 2006. O relator do processo, ministro Eros Grau, já se pronunciou sobejamente favorável à cassação. Juristas de peso, como Sepúlveda Pertence, já se manifestaram no mesmo sentido. O povo maranhense já não agüenta mais ser estigmatizado como alienado por todo o Brasil por causa da linha de defesa do governador “sub judice”.


Adiamentos e factóides

O julgamento havia sido, mais uma vez, adiado na semana retrasada, devido ao que seria um problema de saúde do ministro Fernando Gonçalves. Antes, o problema tinha sido com o ministro Joaquim Barbosa – sempre ele -, que esperou a última hora para dizer que era suspeito e pediu afastamento do caso. Foi substituído por Ricardo Lewandowski. Mas, o curioso dessa palhaçada toda é que, necessariamente, em toda véspera desses “julgamentos sempre adiados”, surgem factóides na imprensa amestrada contra José Sarney, o eterno alvo das grandes transnacionais sediadas no Eixo Sul/Sudeste que jamais admitirão o desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste. A coisa já virou piada. Primeiro foi o jornal inglês em decadência, “The Economist”, que, como tudo indica, pago pelo Erário maranhense, resolveu virar “Small Newspapers”(Jornal Pequeno) nas vésperas de um dos julgamentos no TSE. Depois foi o mascote de José Serra, o senadorzinho “bola murcha” eleitoral de Pernambuco, Jarbas Varconcelos, que se prestou a fazer o jogo sujo do tucanato serrista - e da “Sujissima Veja”- para tentar desagregar o PMDB, partido vitorioso nas eleições municipais do ano passado e base fundamental do governo Lula.

Ligações perigosas (e lucrativas...)

A verdade é que José 'Bart" Serra e a "Sujíssima Veja" têm relações muito lucrativas... (não deixe de ler a matéria do link). Pouco depois do papelão de Jarbas, a revistinha conseguiu do governador mala de São Paulo um ótimo contrato (quase 4 milhões de reais) para a revista “Nova Educação”, também da Editora Abril. Curioso, não? É sempre este triângulo da morte, pago a peso de ouro por Serra e Jackson: “The Economist”, “Veja” e a já tradicional serrista-tucanóide, o “Folhetim de São Paulo”. Este, como nunca consegue nada que manche a reputação de Sarney, tenta agora desesperadamente atingir as pessoas próximas do Presidente do Senado. Como amanhã tem mais uma tentativa de julgamento no TSE, não deu outra: tentaram atingir Agaciel Maia, diretor-geral do Senado e, como todos sabem, ligado ao senador Sarney.
Se deram mal. Hoje mesmo, Sarney, com a elegência de sempre, não se rebaixou em ficar de bate-boca com meões, mas deu logo uma lapada nessa gente: simplesmente pediu ao TCU que apure a “denúncia pré-julgamento” da vez. Enviou hoje cedo ao Tribunal ofício solicitando, “com a urgência possível, a apuração de denúncia publicada pelo jornal Folha de S.Paulo sobre a evolução patrimonial do diretor-geral da Casa, Agaciel Maia”.

Linha de defesa infantil de Rezek

Mas, o julgamento ad aeternum de amanhã será realizado menos de um mês após a cassação de outro governador pelo TSE. No dia 17 de janeiro, Cássio Cunha Lima (PSDB) perdeu o mandato de governador da Paraíba pelo mesmo pecado de Jackson. As cabeças de outros seis governadores também estão prestes a serem decepadas pela Justiça. E o que se comenta no TSE é que o destino de todos eles é mesmo o que aconteceu com Cássio: a cassação. Quer dizer, só o PMDB, partido do próprio Sarney, corre o risco de perder dois governadores: Luiz Henrique da Silveira e Marcelo Miranda (TO). E ninguém fala disso. Outros quatro governadores estão na mira do TSE por irregularidades na campanha de 2006: Marcelo Deda (PT-SE), Ivo Cassol (RO), Jose de Anchieta Júnior (PSDB-RR) e Waldez Góes (PDT-AP), este último grande e produtivo aliado de Sarney no Amapá. Quer dizer: o argumento tolo de Francisco Rezek, “defensor” de Jackson, de que Sarney está preparando um golpe, utilizando-se do Poder Judiciário, é no mínimo um contra-senso. Para não dizer ridículo. Na verdade, uma idiotice cavalar de quem acha que o povo é imbecil. Isto porque, dizer que todos os ministros do TSE são comprados por Sarney é, além de um desrespeito para com a Corte, considerar que o ex-presidente seja mais poderoso que Deus. É, no mínimo, crer que o ex-presidente tenha um poder tão onipresente, tão onisciente e tão onipotente que não haveria como reagir. Deveríamos, então, fazê-lo logo imperador do Brasil.

Justiça com a "faca no pescoço" é perigo para o Estado Democrático de Direito

Mas, esta ladainha que procura desprestigiar a Justiça guarda algo mais sério: o caminho sempre tortuoso dos totalitarismos. Na última tentativa de julgamento de Jackson, houve ameaças do líder dos terroristas do MST (entidade paga pela Fundação Ford), João Pedro Stédile, contra a democracia. Dentro do Palácio dos Leões, Stédile ameaçou o Estado brasileiro. Ameaçou, sem papas na língua, tornar o Maranhão um caos caso o TSE confirmasse a cassação do governador Jackson Lago (PDT). “Na hipótese de se confirmar o golpe de estado via o judiciário, os bravos maranhenses e brasileiros não poderão entregar de mão beijada o governo. Da nossa parte os ’sem terra’ do Brasil inteiro irão participar dessa luta de braços dados com vocês. Faremos barricadas na porta do palácio, interditaremos ferrovias, portos, aeroportos, comunicação… Haverá uma crise institucional, cabendo ao Governo Federal negociar uma saída para a institucionalidade instável (...)”.

Raspando o tacho: Jackson abusa do poder econômico até hoje (e com dinheiro público?)

Enquanto o MST ameaçava o Estado de Direito dentro dos Palácio dos Leões, no Sudeste, na véspera da última tentativa de julgamento, numa terça-feira, a Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo publicavam diariamente anúncios coloridos de meia página com autopromoção do governo de Jackson. Segundo o Radar online, do Lauro Jardim, da “Veja” (possivelmente magoada por não ter recebido os anúncios...): “e não dá nem para alegar que são para promover o turismo no Estado. É só promoção pessoal mesmo. Basta ver os títulos. O de hoje: `Está provado por A mais B: o Maranhão foi o estado onde a educação básica mais avançou nos dois últimos anos`. O de quarta: `Durante muito tempo, o desenvolvimento do Maranhão foi apenas uma promessa. Hoje é feito de ações concretas`. E o de terça-feira: `Essas pessoas (da foto) não são modelos. São moradores de palafitas, que o Governo do Maranhão está ajudando a mudar de vida`.Todos os anúncios são assinados pela agência Opendoor”.

Moral de tudo isso: se amanhã não houver logo uma definição, o dinheiro dos estados de São Paulo e Maranhão será todo gasto em publicidade canalha contra Sarney. Não creio que maranhenses e paulistas estejam felizes com isso.

Leia o que já foi publicado neste Blog sobre a palhaçada toda:

Governo "sub judice" de Jackson Lago tem ojeriza a licitações? Será?

Com ajuda de Joaquim Barbosa, cassação de Jackson Lago é adiada para o dia 19

Armação ou incompetência?

Exclusivo: Parecer de Sepúlveda Pertence pede cassação de Jackson Lago

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