Palpites ociosos para o Dia do Trabalho
Enquanto as questões da Reforma Tributária davam sinal das primeiras labaredas do acirramento entre os Estados, e o Planalto se mobilizava para evitar que o Congresso fizesse justiça com o reajuste dos proventos dos trabalhadores aposentados, dois parlamentares federais do Amazonas disputavam quem tinha maior intimidade ou influência com um traficante que seqüestrou duas mulheres na terça-feira passada. Lá, no bairro da Santa Etelvina, ora pro nobis, onde a polícia militar já havia assumido o controle da situação, os deputados não faziam jus à generosa verba que o contribuinte lhes repassa religiosamente todo santo mês. Santo para eles, não para os trabalhadores que remuneram essa representação marota, improvisada e distorcida que descuida os reais interesses de quem constrói o país com o suor do próprio rosto. Não é à-toa que a opinião pública se defende com doses cada vez mais cavalares de desconfiança com relação à classe política.
Na mesma semana, a Polícia Federal se deslocou ao Baixo Amazonas, na lendária Itacoatiara da família Mendonça Furtado - onde um dia o empreendedorismo da família Pombal começou a fincar as vigas da influência lusitana - para flagrar a promiscuidade do comércio sexual de crianças e adolescentes. Uma rede organizada de prostituição que coloca o Amazonas no topo nacional do constrangimento e horror. Além da mercantilização do sexo prematuro, o beiradão padece as seqüelas de seu maior contraponto, o tráfico de drogas. E a causa principal é de todos conhecida: a absoluta falta de alternativas de emprego e renda para os jovens que encerram o Ensino Fundamental e Médio sem a perspectiva de ingresso no mercado de trabalho. A capital avança a passos largos na consolidação da economia. O interior agoniza.
E com todos os avanços das comunicações e do discurso dos direitos humanos, há duas semanas, nove trabalhadores rurais foram resgatados de uma fazenda no município de Boca do Acre (a 1.038 de Manaus) onde trabalhavam em regime de escravidão. O resgate se deu durante uma operação conjunta entre a Delegacia Regional do Trabalho do Acre, a Polícia Federal e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. E o flagrante não é um caso isolado. Sugere, sobretudo, a fragilidade do aparato institucional e legal de defesa e proteção da pessoa. Há muito o que caminhar nessa viagem cívica de um estado de proporções colossais com uma economia concentrada na capital.
O modelo ZFM fechou 2007 e os indicadores divulgados pela Suframa mostram um faturamento pelas empresas do pólo industrial de Manaus superior a 23 bilhões de dólares no ano que passou, que representam um crescimento de cerca de 20% na contabilidade das empresas. Não é esse, com certeza, o percentual de aumento do poder de compra dos trabalhadores. A absoluta maioria dos colaboradores – como são chamados pela linguagem estratégica – aufere pouco mais que o salário mínimo. Um fato que perpetua as defasagens crescentes na distribuição de renda e discrimina cada vez mais os comensais dessa festa imodesta. Pelo visto, há muito mais coisa a ser feita pelo trabalhador eleitor do que disputar holofote de promoção pessoal com seqüestro doméstico de traficante pé-de-chinelo. Oxalá sejam mais auspiciosas as próximas celebrações do companheiro trabalhador.
Zoom-zoom
Enquanto as questões da Reforma Tributária davam sinal das primeiras labaredas do acirramento entre os Estados, e o Planalto se mobilizava para evitar que o Congresso fizesse justiça com o reajuste dos proventos dos trabalhadores aposentados, dois parlamentares federais do Amazonas disputavam quem tinha maior intimidade ou influência com um traficante que seqüestrou duas mulheres na terça-feira passada. Lá, no bairro da Santa Etelvina, ora pro nobis, onde a polícia militar já havia assumido o controle da situação, os deputados não faziam jus à generosa verba que o contribuinte lhes repassa religiosamente todo santo mês. Santo para eles, não para os trabalhadores que remuneram essa representação marota, improvisada e distorcida que descuida os reais interesses de quem constrói o país com o suor do próprio rosto. Não é à-toa que a opinião pública se defende com doses cada vez mais cavalares de desconfiança com relação à classe política.
Na mesma semana, a Polícia Federal se deslocou ao Baixo Amazonas, na lendária Itacoatiara da família Mendonça Furtado - onde um dia o empreendedorismo da família Pombal começou a fincar as vigas da influência lusitana - para flagrar a promiscuidade do comércio sexual de crianças e adolescentes. Uma rede organizada de prostituição que coloca o Amazonas no topo nacional do constrangimento e horror. Além da mercantilização do sexo prematuro, o beiradão padece as seqüelas de seu maior contraponto, o tráfico de drogas. E a causa principal é de todos conhecida: a absoluta falta de alternativas de emprego e renda para os jovens que encerram o Ensino Fundamental e Médio sem a perspectiva de ingresso no mercado de trabalho. A capital avança a passos largos na consolidação da economia. O interior agoniza.
E com todos os avanços das comunicações e do discurso dos direitos humanos, há duas semanas, nove trabalhadores rurais foram resgatados de uma fazenda no município de Boca do Acre (a 1.038 de Manaus) onde trabalhavam em regime de escravidão. O resgate se deu durante uma operação conjunta entre a Delegacia Regional do Trabalho do Acre, a Polícia Federal e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. E o flagrante não é um caso isolado. Sugere, sobretudo, a fragilidade do aparato institucional e legal de defesa e proteção da pessoa. Há muito o que caminhar nessa viagem cívica de um estado de proporções colossais com uma economia concentrada na capital.
O modelo ZFM fechou 2007 e os indicadores divulgados pela Suframa mostram um faturamento pelas empresas do pólo industrial de Manaus superior a 23 bilhões de dólares no ano que passou, que representam um crescimento de cerca de 20% na contabilidade das empresas. Não é esse, com certeza, o percentual de aumento do poder de compra dos trabalhadores. A absoluta maioria dos colaboradores – como são chamados pela linguagem estratégica – aufere pouco mais que o salário mínimo. Um fato que perpetua as defasagens crescentes na distribuição de renda e discrimina cada vez mais os comensais dessa festa imodesta. Pelo visto, há muito mais coisa a ser feita pelo trabalhador eleitor do que disputar holofote de promoção pessoal com seqüestro doméstico de traficante pé-de-chinelo. Oxalá sejam mais auspiciosas as próximas celebrações do companheiro trabalhador.
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· Governador João Walter - O falecimento do coronel João Walter de Andrade, que governou o Amazonas no período de março de 1971 a março de 1975, é lembrado por seu compromisso com Educação e a qualificação dos recursos humanos. Fundador da Utam, a Universidade de Tecnologia da Amazônia, que o Ministério de Educação fez questão de reduzir à categoria de Instituto, o governador João Walter compreendeu que não daria para avançar o modelo ZFM e consolidar os empreendimentos que aqui aportassem, sem a qualificação da mão-de-obra local.
· UTAM e CODEAMA – Preocupado em apropriar e ajustar a inovação tecnológica aos interesses e peculiaridades locais, além da UTAM, João Walter buscou consolidar o CODEAMA, um organismo de Coordenação social e econômica do processo de desenvolvimento do Estado. Seus acertos de governantes, obviamente, estão relacionados ao papel de destaque que esta repartição ocupou em seu governo. Era um tempo em que o Amazonas dispunha do monitoramento dos indicadores de sua economia e sociologia. O CODEAMA formou quadros e uma mentalidade de conhecimento e planejamento necessários e anteriores às ações de governo.
· Visita oportuna – O presidente Lula virá a Manaus na segunda-feira. E há razões de sobra – com a força de seu prestígio que não pára de crescer – para acreditar que ele pode contribuir para apaziguar os ânimos entre prefeitura e governo do Estado. Uma querela que interessa a todo mundo que quer vê-la suspensa, de imediato, em nome do interesse do Estado, da capital e do cidadão.
· Observatório cívico – Não escapa aos olhos aborrecidos do eleitor a constatação da partidarização eleitoreira do interesse coletivo. As questões estão na ordem do dia e os políticos na priorização eleitoral. A cidade destroçada em seus parâmetros ambientais, viários, e nos equipamentos públicos. E a absoluta maioria de seus representantes a contemplar o narcisismo eleitoral do próprio umbigo. Um horror!
(*) Belmiro Vianez Filho é empresário e dirige atualmente o Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
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