Ou decola ou vai para o hangar
Este semestre é crucial para a sorte da candidatura Dilma Rousseff à presidência da República. Ou decola, crescendo nas pesquisas, ou será afastada como inviável, por decisão do próprio presidente Lula. Claro que certas pesquisas poderão ser manipuladas, mas os institutos sérios, aqueles que não faturam os números, estarão vigilantes para transmitir à opinião pública o seu próprio reflexo. A pergunta que se faz é simples: e aí, acontecerá o quê? Na teoria surgem várias hipóteses. Os companheiros poderão buscar outro nome em seus quadros, ainda que até agora pareça inexistente. Se Dilma não decolar, quem garante que Patrus Ananias, Tarso Genro ou outro líder possa substituí-la?
Uma segunda alternativa seria o presidente Lula buscar o candidato junto a seus aliados. Ciro Gomes, do PSB, para começar. Cristovam Buarque, do PDT. Ou Aécio Neves, se trocar o ninho tucano pelo PMDB. Garantia, porém, inexiste para qualquer dessas projeções. O PT rejeita liminarmente todos e mais alguns, menos por desconfiar deles, mais por perceber a fragilidade partidária de cada um.
Então... Então, restará uma única solução para os atuais detentores do poder deixar de entregá-lo na bandeja para José Serra: a continuação do presidente Lula. Oferecer o ouro ao bandido, não admitem. Deixar que a revoada tucana aterrisse no palácio do Planalto, de jeito nenhum.
Uma crise real ou fictícia, pré-fabricada ou espontânea, tanto faz, levaria à reforma da Constituição para permitir o terceiro mandato ou a prorrogação dos mandatos. Quantas vezes aconteceram em nossa História mudança nas regras do jogo depois dele começado? Nem é preciso descer às profundezas do regime militar. Ainda há pouco, Fernando Henrique Cardoso foi eleito para um mandato e ficou dois. Com a maior desfaçatez, o PSDB comandou a reeleição, aprovada conforme as mais abomináveis regras institucionais, permitindo aos mandatários executivos disputar um segundo período de governo no exercício do primeiro, sem desincompatibilização. Por enquanto ouve-se que o terceiro mandato seria inadmissível, inviável até por conta das sucessivas declarações do presidente Lula de que não aceita. No segundo semestre pode ser diferente, com o companheiro-mor cedendo ao império das circunstâncias. Porque uma evidência sobressai sem qualquer dúvida: só ele teria condições de derrotar José Serra nas urnas eletrônicas. Venceria no primeiro turno, ou até sua candidatura poderia levar o governador paulista a ficar onde está, ou seja, disputar o segundo mandato no palácio dos Bandeirantes. Quem viver, verá, apesar do ceticismo com que estas considerações são recebidas. Faz parte do jogo negar a lambança em gestação.
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