sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

SARNEY

ENTREVISTA

Sarney atinge a incrível marca de 50 anos no Congresso Nacional, tendo passado por todos os outros cargos políticos eletivos, de vereador a Presidente da República.
Leandro Cavalcante

O senador José Sarney disse ontem em entrevista no programa radiofônico Luiz Melo Entrevista, que como pre-sidente do Congresso Nacional terá mais condições de ajudar efetivamente o Amapá na participação dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, sobretudo no que diz respeito à habitação. Ele confessou que quando tomou a decisão de concorrer à presidência do Senado, pesou muito o fato de querer ajudar ainda mais o Estado do Amapá.

“A reforma política já foi retardada há quase cem anos”


Diário do Amapá - A revoada dos tucanos, considerada por alguns como inesperada, estava ou não nas suas previsões?

José Sarney - Eu teria muito prazer e muitas felicidades se tivesse apoio dos tucanos, uma vez que foram eles que me procuraram para que fosse candidato, não só pelo número de votos como também pelas figuras expressivas que existem dentro do PSDB que auxiliam muito dentro da casa. Tivemos um voto que valeu a bancada do PSDB, o do senador Papaleo que mostrou sua dignidade, independência e sua formação, no interesse do Amapá, sofrendo represália, sendo excluído da mesa, teve uma atitude muito digna da qual valeu por toda a bancada do PSDB ao meu lado.

Diário do Amapá - Presidente, seu concorrente, Tião Viana, chegou a invocar o escritor José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura da Língua Portuguesa, segundo o qual “Nada valia a experiência, se não tivesse compromisso com mudança". O senador Viana queria provocá-lo com isso?

José Sarney - Não sei, mas posso afirmar que ninguém mais do que eu dentro da vida no Congresso Nacional tenha feito tantas mudanças; na última vez em que fui presidente da casa implantei a TV senado, criei o instituto de reciclagem de funcionários; a universidade que hoje funciona com base no Instituto Brasileiro Le-gislativo; levei a Fundação Getúlio Vargas para uma reforma administrativa. Por onde passei tenho procurado ter sido sempre um inovador e que por isso ninguém pode dizer que tive os olhos voltados pra trás.

Diário do Amapá - O que o senhor pretende fazer para restringir o uso das famosas medidas provisórias pelo Poder Executivo?

José Sarney -
Ontem eu tive a oportunidade de conversar com o presidente em uma visita protocolar para dizer-lhe que era inaceitável a continuidade das medidas provisórias porque o abuso já estava se estendendo aos estados da federação e faríamos agora tudo para resolver de uma vez por toda esse pro-blema; pretendo reunir todos os projetos na casa sobre isso e encontrar um denominador comum e votar o quanto antes.

Diário do Amapá -
O senhor ingressa pela terceira vez na presidência do Senado com a marca histórica de 50 anos no Congresso, contando com um espírito inovador que aliás sempre marcou a sua carreira política. Existe algum pensamento sobre a tão espe-rada reforma política e tributária, pre-sidente?

José Sarney - A reforma política já foi retardada há quase cem anos, porque as nossas instituições políticas com esse voto proporcional nos remontam ao século XIX, de maneira que até agora nunca conseguimos que a reforma política avançasse. No momento, isso é um cla-mor do povo brasileiro, não se pode ter mais uma eleição baseada em dinheiro ou na compra de votos. Essa quantidade de candidatos desnecessária junto com a destruição dos partidos que funcionam apenas para registrar candidatos e isso tem que acabar. A democracia moderna não funciona assim.

Diário do Amapá - O senhor acha que o governo federal já está adotando medidas de adaptação à atual crise feconômica no país, ou ainda acha que estamos vivendo uma “marola”, como disse o presidente Lula?

José Sarney - Acho que o Brasil está bem melhor preparado para enfrentar uma crise dessa natureza; ninguém sabe o tamanho que vai ter essa crise, ela apenas está começando. Entretanto, é quase unânime a constatação mundial de que nós estamos em uma fase em que ela está se desdobrando. Portanto, devemos estar preparados de todas as maneiras para tomar medidas no dia-a-dia. Por isso foi criado dentro do Senado uma comissão de acompanhamento da crise econômica mundial para que tenhamos condições de sugerir tomadas de decisões ao Poder Executivo. Esse é o nosso desejo.

Diário do Amapá - O que significa para o Amapá o senhor ter ascendido à condição de presidente do Senado em relação à liberação de recursos para o desenvolvimento do Estado?

José Sarney -
No Senado eu vou ter mais condições de ajudar efetivamente o Amapá na participação dos programas do PAC e novos programas nacionais, sobretudo de habitação. Essa é uma oportunidade que nós temos e gostaria de dizer que nas últimas horas de minha decisão de candidatura, tive como peso a lembrança de que com esse cargo eu poderia ajudar mais o Amapá. Então não tinha o direito de recusar, buscando assim um pouco de tranqüilidade.
Diário do Amapá

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