quinta-feira, 8 de maio de 2008

Na Mira do Belmiro

Lula e o Amazonas
Belmiro Vianez Filho (*)
belmirofilho@belmiros.com.br

A visita de Lula a Manaus, a sétima como presidente, merece uma reflexão à parte. Não apenas porque se trata, disparado, da maior presença e atenção recebida pelo Estado em toda sua História desde os tempos provinciais. É mais do que isso e nós precisamos admitir que tais visitas refletem sentimentos e atitudes: intimidade, compromisso, especial apreço... de quem experimentou e se apaixonou pelo jaraqui como diz o cidadão comum. Os discursos do presidente da República sugerem um conhecimento aprofundado sobre as agruras, as demandas e necessidades do Amazonas. Um discurso grudado e estribado em atitudes. Sua prosa, aparentemente descontraída, é de quem presta atenção aos dilemas de nosso processo de desenvolvimento. É de se supor que se houvesse maior coesão da bancada, mais aprofundamento na problemática local, maior afinidade entre parlamentares e poder executivo, incluindo a Suframa, muito mais já teríamos alcançado no enfrentamento e equacionamento dos problemas energéticos, de transporte, logística estrutural e demais arcabouços operacionais para alavancar essa equação promissora e instigante entre patrimônio natural e prosperidade social.
Dessa vez o presidente, em lugar dos anúncios de euforia com o gás de Urucu, manifestou sua inquietação com o andamento das obras. Informado e atento às demandas regionais de energia, Lula sabe dos estragos que os atrasos tem provocado no processo de interiorização do desenvolvimento. O gás de Urucu para Manaus e Porto Velho, com todos os municípios destes traçados, como também o gás de Silves, alterariam a paisagem sócio-econômica de penúria e marginalidade, que tem incentivado, por exemplo, prostituição e tráfico de drogas pelo beiradão. A Polícia Federal tem um relatório sinistro sobre prostituição de crianças e adolescentes e plantio de coca em território nacional amazônico. A energia de Tucuruí e/ou do Madeira permitiriam alavancar projetos e programas de desenvolvimento social e ambiental sustentável para conter e combater essas anomalias.
A propósito, Lula pôs o dedo na ferida do preservacionismo burro e ao mesmo tempo oportunista que só interessa às corporações estrangeiras e as organizações não-governamentais que as representam e que invadiram as repartições sócio-ambientais da União e de alguns Estados. “Eles destruíram as próprias florestas e querem dar palpites no modo como nós cuidamos das nossas. O Brasil não topa fazer da Amazônia um santuário ecológico. Nós vamos aproveitar com racionalidade e inteligência nossos recursos naturais”. O recado não poderia ser mais direto para a ministra Marina Silva, e também para alguns “iluminados” que passaram por aqui e tentaram nos convencer de tombar quase toda a floresta para contemplação.
O manejo inteligente, entre outras vantagens, renova a floresta, seleciona as espécies, depura e incentiva o plantio e crescimento de embriões qualificados, priorizando a fase inicial do crescimento em que as árvores mais absorvem gás carbônico da atmosfera. Desde os anos 60, o caboclo Gilberto Mestrinho era chamado de anti-ambientalista por conta dessas mesmas teses que hoje a Ciência considera avançadas. Quem leu o programa de Lula para a Amazônia na campanha de 2002 sabe que está quase tudo ali. Trata-se do mais consistente conjunto de propostas e programas para a região que uma agremiação política jamais produziu. E o presidente tem levado à risca seus compromissos e suas promessas para a Hiléia. Cabe a todos nós, especialmente aos nossos representantes, aprofundar e aprimorar os respectivos conhecimentos e proposições de nossa gente, para distribuir e interiorizar a prosperidade geral. Suponho que não há outro caminho...

Zoom-zoom

· Isa Assef – Recebi a propósito da Mira uma delicada e gratificante apreciação da doutora Isa Assef, dirigente da Fucapi, nossa Fundação e academia que se tornou uma verdadeira agência campeã nacional de inovação tecnológica. Gostaria de registrar que “sensata, técnica e coerente” é a visão que tem marcado a gestão da Fucapi e que colocou o Amazonas na dianteira da pesquisa e desenvolvimento tecnológico nacional.
· Qualificação e prosperidade – Estou convencido que o investimento na qualificação dos recursos humanos que originaram e consolidaram a Fucapi é a via, senão única, principal de consolidação do desenvolvimento social, econômico e ambiental integrado de nossa região. Não há outra saída para eliminar a penúria e exclusão social das populações ribeirinhas.
· Naufrágios – Corremos sério risco de banalização da barbárie representada pela morte de dezenas de pessoas como as que ocorreram no naufrágio do último fim de semana. Embarcações autuadas e liberadas pela Capitania dos Portos sem cumprimento das exigências mínimas de segurança. São milhares que navegam pelos rios em frontal desrespeito às normas de proteção das pessoas. Algo precisa ser feito, de imediato, doa a quem doer.
· Dia das Mães – Nunca é demais suspender a rotina desvairada da sobrevivência para curvar-se à divina e justa homenagem às Mães. Por isso gostaria de, em nome da Dona Bozi – a forma mais gratificante do amor de Deus na minha vida - prestar um tributo de louvor e gratidão às mães. Ao seu amor ilimitado e sem juízo a nos provocar e convocar ao bem comum, à fraternidade universal e à alegria geral. Muito obrigado, minha querida Mãe, e às Mães de todo o mundo, neste Domingo e em todos os dias para todo o sempre!

(*) Belmiro é empresário e ocupa atualmente a presidência do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.

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