Requião propõe medidas anticrise e novo projeto de desenvolvimento
A crise financeira global oferece ao Brasil uma grande oportunidade para discutir e formular alternativas para um novo modelo de Estado e um novo projeto nacional de desenvolvimento desatrelado dos destinos da "globalização neoliberal". A proposta é do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB). "Acredito que a crise fortaleça os nossos pontos de vista, o ponto de vista daqueles que estão comprometidos com a vida e o destino de nossa gente, com as pessoas. Se não temos a pretensão de eliminar as desigualdades, nas quadras deste sistema, podemos reduzir essas desigualdades, fazer com o mundo seja menos áspero, menos brutal", disse ele, em um seminário no Rio de Janeiro, na terça-feira 2 de dezembro.
O governador paranaense propôs quatro linhas de ação para um plano emergencial anticrise:
1) Estatização do crédito: "Em vez de ficar repassando dinheiro para os bancos investirem em Letras do Tesouro, o Estado deve assumir a condução de uma política de financiamento extremamente agressiva, forçando também os bancos a abrirem linhas de crédito para o empresariado brasileiro, especialmente para a indústria. Cadê a famosa política industrial que nunca sai do papel? É possível fazâ-la deixar de ser letra morta, com o direcionamento do crédito, com o seu controle. Afinal, sem industrialização não há desenvolvimento, como é óbvio. É a encruzilhada de nosso destino como nação. Fortes, maciços investimentos industriais, criando com isso condições para o desenvolvimento real ou selamos a nossa história como meros produtores de commodities agrícolas, consolidando a nossa augusta presença no mundo subdesenvolvido, do atraso, da periferia. O Brasil reduzido a espaço para as plantations das multinacionais."
2) Desenvolvimento industrial e investimentos em infra-estrutura: "Há quantos séculos clamam-se por investimentos em infra-estrutura, em nosso país? É uma dessas ladainhas que se repetem enfadonhamente há tanto tempo. Pois bem, ainda hoje, 60 por cento de nosso território não são acessados por estrada de ferro, rodovia ou avião. E não têm energia elétrica ou telefone. Não existe nenhuma chance de construirmos uma economia forte, um país plenamente desenvolvido, socialmente equilibrado com deficiências de infra-estrutura tão grandes."
3) Centralização e controle do câmbio: "Um país que pretenda ser zeloso de sua soberania, senhor de suas decisões na área econômica não pode deixar o câmbio solto, sem vigilância, submetido aos azares da sorte. Como propõe o professor [Carlos] Lessa: todas as operações cambiais deveriam ser centralizadas no Banco do Brasil, cabendo ao Banco Central esclarecer as circunstâncias dos fluxos. O país precisa saber, sua soberania exige que saiba, as condições de todas as operações de câmbio."
4) Desoneração do consumo: "Uma reforma tributária que diminua os impostos sobre os bens de consumo que o salário compra. Estou fazendo isso no Paraná. Estou reduzindo de 25 e 18 para l2 por cento o ICMS sobre 95 mil produtos de consumo dos assalariados. Ao mesmo tempo, para equilibrar a arrecadação, elevo alíquotas de produtos que não influam diretamente sobre os preços do que os assalariados consomem. Numa circunstância como essa, é fundamental manter e estimular o consumo, o que significa manter a produção, manter os empregos."
Requião falou na abertura do seminário "As alternativas para o Brasil enfrentar a crise", promovido pelo jornal Monitor Mercantil, com o apoio de várias entidades, como a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES), Conselho Regional de Economia (Corecon-RJ), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa) e outras.
Na próxima semana, o Governo do Paraná promove o seminário internacional "Crise: rumos & verdades", o qual contará com a presença de importantes conferencistas brasileiros e estrangeiros, com o intuito de discutir a presente crise sistêmica global e propostas para a sua superação. Entre os conferencistas convidados, estarão o jornalista Lorenzo Carrasco, membro do conselho editorial desta Resenha, os nossos correspondentes europeus, Michael Liebig e Paolo Raimondi, e o economista italiano Mario Lettieri, colaborador eventual deste boletim. Outras informações sobre o evento podem ser encontradas no sítio do seminário.
A crise financeira global oferece ao Brasil uma grande oportunidade para discutir e formular alternativas para um novo modelo de Estado e um novo projeto nacional de desenvolvimento desatrelado dos destinos da "globalização neoliberal". A proposta é do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB). "Acredito que a crise fortaleça os nossos pontos de vista, o ponto de vista daqueles que estão comprometidos com a vida e o destino de nossa gente, com as pessoas. Se não temos a pretensão de eliminar as desigualdades, nas quadras deste sistema, podemos reduzir essas desigualdades, fazer com o mundo seja menos áspero, menos brutal", disse ele, em um seminário no Rio de Janeiro, na terça-feira 2 de dezembro.
O governador paranaense propôs quatro linhas de ação para um plano emergencial anticrise:
1) Estatização do crédito: "Em vez de ficar repassando dinheiro para os bancos investirem em Letras do Tesouro, o Estado deve assumir a condução de uma política de financiamento extremamente agressiva, forçando também os bancos a abrirem linhas de crédito para o empresariado brasileiro, especialmente para a indústria. Cadê a famosa política industrial que nunca sai do papel? É possível fazâ-la deixar de ser letra morta, com o direcionamento do crédito, com o seu controle. Afinal, sem industrialização não há desenvolvimento, como é óbvio. É a encruzilhada de nosso destino como nação. Fortes, maciços investimentos industriais, criando com isso condições para o desenvolvimento real ou selamos a nossa história como meros produtores de commodities agrícolas, consolidando a nossa augusta presença no mundo subdesenvolvido, do atraso, da periferia. O Brasil reduzido a espaço para as plantations das multinacionais."
2) Desenvolvimento industrial e investimentos em infra-estrutura: "Há quantos séculos clamam-se por investimentos em infra-estrutura, em nosso país? É uma dessas ladainhas que se repetem enfadonhamente há tanto tempo. Pois bem, ainda hoje, 60 por cento de nosso território não são acessados por estrada de ferro, rodovia ou avião. E não têm energia elétrica ou telefone. Não existe nenhuma chance de construirmos uma economia forte, um país plenamente desenvolvido, socialmente equilibrado com deficiências de infra-estrutura tão grandes."
3) Centralização e controle do câmbio: "Um país que pretenda ser zeloso de sua soberania, senhor de suas decisões na área econômica não pode deixar o câmbio solto, sem vigilância, submetido aos azares da sorte. Como propõe o professor [Carlos] Lessa: todas as operações cambiais deveriam ser centralizadas no Banco do Brasil, cabendo ao Banco Central esclarecer as circunstâncias dos fluxos. O país precisa saber, sua soberania exige que saiba, as condições de todas as operações de câmbio."
4) Desoneração do consumo: "Uma reforma tributária que diminua os impostos sobre os bens de consumo que o salário compra. Estou fazendo isso no Paraná. Estou reduzindo de 25 e 18 para l2 por cento o ICMS sobre 95 mil produtos de consumo dos assalariados. Ao mesmo tempo, para equilibrar a arrecadação, elevo alíquotas de produtos que não influam diretamente sobre os preços do que os assalariados consomem. Numa circunstância como essa, é fundamental manter e estimular o consumo, o que significa manter a produção, manter os empregos."
Requião falou na abertura do seminário "As alternativas para o Brasil enfrentar a crise", promovido pelo jornal Monitor Mercantil, com o apoio de várias entidades, como a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES), Conselho Regional de Economia (Corecon-RJ), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa) e outras.
Na próxima semana, o Governo do Paraná promove o seminário internacional "Crise: rumos & verdades", o qual contará com a presença de importantes conferencistas brasileiros e estrangeiros, com o intuito de discutir a presente crise sistêmica global e propostas para a sua superação. Entre os conferencistas convidados, estarão o jornalista Lorenzo Carrasco, membro do conselho editorial desta Resenha, os nossos correspondentes europeus, Michael Liebig e Paolo Raimondi, e o economista italiano Mario Lettieri, colaborador eventual deste boletim. Outras informações sobre o evento podem ser encontradas no sítio do seminário.
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