domingo, 10 de fevereiro de 2008

Coluna do mestre Helio Fernandes


Em vez de vir jantar com o "DONO" da Vale Lula devia ter reestatizado a empresa

Depois de absurdamente vir ao Rio jantar com o presidente da monopolizada e privatizada Vale (que era monopolizada mas pertencia ao povo), Lula afirmou: "Ficarei neutro no caso da venda da Xstrata à Vale".
Um presidente da República não pode ficar "neutro" em coisa alguma, principalmente quando a Vale, privatizada-doada com dinheiro do BNDES, se volta para investimentos no exterior, onde está sua "inspiração".
No jantar o executivo tentou o assunto, mas Lula "desencaminhou" a conversa. O dono da casa não teve mais oportunidade.
Mas a Vale está no centro de todas as discussões. Agora está na moda dizer: "O Estado tem que cuidar de Saúde, Educação, Segurança, Habitação e mais nada". E os bancos e as multinacionais quando querem crescer podem recorrer a esse Estado?
Poderoso dono de minérios (que Deus destinou a ele), Eike Batista, filho de Eliezer, vende uma empresa por mais de 5 bilhões de dólares.
Em entrevista ao jornal Valor, bilíngüe (uma parte do Globo outra da Folha), garantiu: "Dentro de 5 anos serei o homem mais rico do Brasil. E em 10 anos, o mais rico do mundo". É um "adivinho", desde mocinho foi comprando terras baratas, com montanhas de minérios.
Estão badalando excentricamente a chegada (fuga) de Dom João VI ao Brasil, esquecido que os portugueses levaram centenas de anos roubando nosso minério, explorando nossas riquezas, levando-transportando-as para a Europa, e assassinando os heróis, como Tiradentes, que resistiam a essa roubalheira.
Nem é despropositado imaginar que, se tivesse vivido naquela época, Lula teria ido jantar com Dom João VI no Palácio de São Cristóvão, embora frango não fosse da predileção do futuro torneiro-mecânico.
Há anos, quando negociavam a DOAÇÃO da Vale, escrevi o que transcrevo abaixo, a-t-u-a-l-í-s-s-i-m-o, c-r-i-m-i-n-o-s-í-s-s-i-m-o.
Não há argumento que justifique a transferência de seu controle acionário, conforme confessa o próprio presidente do BNDES, ao anunciar o propósito de aliená-la. "É uma usina integrada, líder no mercado brasileiro. É competitiva no mercado internacional. Não dá prejuízo. Tem um nível de atividade excelente. É moderna e atualizada tecnologicamente".
A Vale do Rio Doce é conquista política e técnica dos brasileiros. Seu patrimônio maior são suas jazidas que não podem, dentro dos recursos técnicos de medição de hoje, ser avaliadas com exatidão, a par da inteligência operacional, construída pelos seus engenheiros e administradores.
A Vale do Rio Doce conquistou a posição que tem no mundo, sem quaisquer privilégios, como os do monopólio, de subsídios ou de isenções fiscais.
A empresa tem sido também, ao longo de sua existência, e pelo fato de ser controlada pelo Estado, importante agência do desenvolvimento econômico, social e cultural nas regiões em que atua. Além dos dividendos que distribui a seus acionistas, e dos reinvestimentos que realiza, a Vale emprega grande parte de seus lucros na promoção da saúde, da educação, da cultura e das atividades produtivas em vastas áreas do País.
Segundo a avaliação disponível, pretendem transferir o controle acionário da empresa por menos de 4 bilhões de dólares. Isso é muito menos do que valem as suas instalações portuárias e suas duas grandes ferrovias.
Não procede o argumento de que a privatização da Vale é necessária para resolver o problema do Tesouro. O déficit público tem registrado somas mensais equivalentes à prevista na alienação da empresa. Não temos uma Vale do Rio Doce para ser privatizada todos os meses. Por tudo isso, cidadãos-contribuintes-eleitores conscientes de sua responsabilidade política na defesa do interesse do povo brasileiro, convocam a sociedade a fim de que manifeste sua firme oposição à transferência do controle acionário da Vale do Rio Doce a grupos privados.
Dirigem-se principalmente aos senadores e deputados federais, representantes da vontade nacional, a fim de que, no exercício de seus deveres constitucionais, que são os de fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, impeçam o imenso prejuízo econômico e o irreparável erro político que seria a privatização do controle acionário da companhia Vale do Rio Doce.

PS - Não haverá mudança alguma da Vale. Continuará DOADA como fez FHC, não será recuperada por Lula, mesmo que obtenha o terceiro ou quarto mandato.
Leia o Helio Fernandes na íntegra:

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