Por Said B. Dib*
De lá para cá, em quase todos os anos Sarney vem apresentando emendas, sejam individuais, sejam coletivas (junto com a bancada), para o projeto, independente de quem estava no governo do estado. Durante o governo Capiberibe, deu todo apoio ao governador, inclusive recebendo-o por diversas vezes em seu gabinete em Brasília. Porém, Capiberibe, por intrigas partidárias, não soube aproveitar o momento político e a ponte foi sendo deixada de lado. Mas, memso assim, Sarney insistia. Em janeiro de 1996, por seus esforços, o acordo Brasil-França volta à pauta dos dois países. Em maio daquele mesmo ano é assinado o Acordo-Quadro de cooperação entre os dois países durante encontro entre o então presidente da, França Jacques Chirac, e o então presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, em Paris. Já em 1997 aconteceu na fronteira entre o Brasil e a Guiana um encontro inédito: os presidentes dos dois países estiveram na fronteira. O encontro foi resultado da ação do senador Sarney, então na base de sustentação do governo Fernando Henrique. Ele que soube também se utilizar de sua autoridade de ex-presidente junto às autoridades francesas. No encontro foram firmadas grandes decisões. Pelo lado francês, de construir e pavimentar o trecho entre Regina e Saint Georges, e, pelo lado brasileiro, de pavimentar a BR-156. Esta estrada passou a ser prioridade do Governo Federal e, em 1999, a pedido de Sarney, ela passou a integrar o Programa Avança Brasil, no qual estavam definidos, pelo Governo Federal, os principais eixos de desenvolvimento do Brasil. Os dois presidentes, também, anunciaram a construção da ponte sobre o Rio Oiapoque, uma sugestão de Sarney.
Mais tarde, já como um dos maiores líderes políticos de sustentação do novo governo petista no Congresso Nacional, Sarney participou também do encontro de Lula com Chirac, em janeiro de 2003, quando foi reafirmada a vontade dos dois países de construir a ponte. O acordo seria assinado em Paris, em 15 de julho de 2005, promulgado pelo governo brasileiro em novembro de 2007 e aprovado pelo Parlamento francês em março de 2007. De lá para cá, o governo Waldez Góes e a União vêm cumprindo todos os programas. Alguns empecilhos de ordem ambiental foram todos sanados e os recursos orçamentários estão garantidos pelo ótimo trabalho da atual bancada federal do Amapá, liderada pelo senador Gilvam Borges.
Portanto, hoje, os impedimentos que ainda existem para tornar a ponte uma realidade, dependem mais do lado francês. Existem setores militares e de algumas autoridades francesas que não vêm com bons olhos a integração de um departamento ultramarino com um país de dimensões continentais como o Brasil. Com a saída de Chirac e a subida ao poder de Sarkozy, mais conservador, estes setores se fortaleceram e vêm criando todo tipo de dificuldade para que a integração seja uma realidade. Na presente fase, com a vida de Lula à Guiana francesa, estão sendo discutidos os termos da licitação internacional para a ponte e realizadas sondagens geológicas e ajustes de impacto ambiental. Apenas detalhes. A verdade é que a ponte é exemplo da prioridade que o Brasil tem atribuído à integração física da América do Sul, mas é também uma grande preocupação do governo francês. Já foram gastos mais de R$5 milhões, somente pelo DNIT (Departamento Nacional de infra-estrutura), exclusivamente para a realização de estudos de impacto ambiental. Até 2010 deverão estar concluídas as obras de asfaltamento da BR-156 e das pontes interligando Oiapoque à Guiana - e Laranjal do Jari a Monte Dourado - sonho antigo do senador Sarney que está se tornando realidade no governo atual, com méritos para a visão estratégica, o espírito empreendedor e a coragem do governador Waldez Góes. Além dos cinco milhões para a ponte ligando Oiapoque à Guiana, já estão assegurados, pelo PAC, 71 milhões de reais para as obras da BR-156 até Oiapoque.
Quanto à obra de asfaltamento da BR-156 até Laranjal do Jari, atendendo pedido do senador Sarney, o presidente Lula já bateu o martelo: “obras serão iniciadas assim que o asfaltamento até Oiapoque estiver concluído”. Falta apenas que o encontro de Lula com Sarkozy tenha repercussões nas resistências dos franceses que não vêm com bons olhos a integração de um país de “Primeiro Mundo” com um em fase de desenvolvimento. É esperar para ver.
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