terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

OSCAR 2008

"Katyn" não ganhou o Oscar, mas revelou verdades inconvenientes

Concorrendo com "12" (Rússia), Beaufort (Israel), Katyn (Polônia) e Mongol (Cazaquistão), o filme austríaco "Os Falsários" (The Counterfeiteres) ganhou a estatueta de melhor filme estrangeiro, do “Oscar 2008”. Como eu não me interesso pelas nuances envolvendo fofocas sobre artistas, não acompanho os detalhes acerca de produção cinematográfica e não sei mais do que “comer pipoca”, quando o assunto é cinema hollyhoodiano, pego carona no mote para levantar algumas poucas reflexões sobre um dos filmes estrangeiros derrotados: o “Katyn”. Já em 2003, quando quase todos da grande mídia nem imaginavam que houve a tragédia que dá nome ao filme de Andrzej Wajda, eu escrevia sobre o assunto. Confiram no fórum abaixo:

Polonia pede a Rússia que condene o genocidio de Katyn - 40 ... Texto de Said Barbosa Dib, professor de História em Brasília. Um texto interessante. O massacre de Katyn por Carlos I.S. Azambuja em 27 de setembro de 2003 ...

Cumprindo-se o famoso Pacto Nazi-Soviético (Pacto Molotov-Ribbentrop), em setembro de 1939 a Polônia foi derrotada, depois de ter sido invadida simultaneamente pelos nazistas, a Oeste, e pelos aliados destes, os comunistas, a Leste. O interessante é que, logo, as potências ocidentais declarariam guerra aos nazistas, mas nada fizeram contra os soviéticos que, somente em 1941 entrariam na guerra ao lado dos Aliados. Como recompensa aos amigos soviéticos pela preciosa ajuda, Hitler lhes outorgou então uma zona de ocupação de duzentos mil quilômetros quadrados. A partir da derrota da Polônia, os soviéticos massacraram nessa zona, sob as ordens escritas de Stálin, alguns milhares de oficiais poloneses prisioneiros de guerra - mais de 4 mil só em Katyn (perto de Smolensk), local onde foi descoberto posteriormente um dos mais famosos ossários, além de outros 21 mil em vários outros locais. Deve-se adicionar a essas vítimas cerca de 15 mil prisioneiros, soldados comuns, provavelmente mortos por afogamento no Mar Branco. Perpetrados em poucos dias segundo um plano preestabelecido, esses assassinatos em massa de poloneses vencidos, exterminados pelo simples fato de serem poloneses, constituem indiscutíveis crimes contra a Humanidade, e não apenas crimes de guerra, já que a guerra, para a Polônia, havia terminado. Segundo a Convenção de Genebra, a execução de prisioneiros de um exército regular, que combateram uniformizados, constitui crime contra a Humanidade, sobretudo depois que o conflito já terminou. A ordem de Moscou era para suprimir todas as elites polonesas: estudantes, juízes, proprietários de terras, funcionários públicos, engenheiros, professores, advogados e, certamente, oficiais. Quando esses ossários poloneses foram descobertos, o Kremlin imputou os crimes aos nazistas. A esquerda ocidental naturalmente se apressou em obedecer aos ditames do mestre. Durante 45 anos, afirmar em voz alta que era possível que os soviéticos fossem culpados - pela simples razão de que os crimes haviam sido cometidos na zona de ocupação soviética e não alemã - classificaria o autor da afirmação imediatamente entre os obsessivos "viscerais" do anticomunismo "primário". Em 1989, no entanto, o dirigente soviético Gorbachev teve que admitir pública e oficialmente que o regime de Stalin foi responsável por estes assassínios em massa de polacos. O Kremlin reconheceu sem rodeios atenuantes, em um comunicado da Agência Tass, que "Katyn foi um grave crime do período stalinista". Em 1992, em conseqüência de um princípio de inventário nos arquivos de Moscou, divulgou-se um relatório secreto datado de 1959, de Chelepin, então chefe da KGB. Ele dá conta de "21.857 poloneses de elite, fuzilados em 1939 sob as ordens de Stalin". Muitos alemães foram acusados em Nuremberg de “terem matado 15.000 oficiais polacos e membros da elite polaca” em Katyn. Sete oficiais e soldados alemães foram executados pelos soviéticos após um julgamento no qual mais de 4.000 declarações sob juramento e dúzias de "especialistas" e "testemunhas" foram oferecidos pelos acusadores stalinistas. Mas, o que importa nisso tudo é que não foram os alemães, como Nuremberg decidiu, sem questionamentos, que tinham cometido o crime. Muito do que ocorreu na parte que ficou com as forças ocidentais, liderados pelos EUA, também teve características parecidas. Muitas das mortes atribuídas aos nazistas nos campos de concentração, foram causadas muito mais pelos bombardeios, pela destruição em larga escala de uma sociedade que já não tinha como resistir - e aos embargos ocidentais -, ao final da guerra, do que pela ação de fanáticos nazistas. Isto não quer dizer que os nazistas fossem bonzinhos e vítimas desta sujeira toda; quer dizer apenas que quando há guerra, não há inocentes. A bestialidade humana vem de todos os lados, sempre. O negócio é simplesmente que, no final, quem escreve a História e faz os filmes, são sempre os vencedores. E aí, como é que fica? Será que os demais massacres atribuídos aos nazistas - tema de nove entre dez filmes sobre os Anos 30 e 40 - também foram construções ideológicas? E quais foram as atrocidades cometidas pelos ocidentais? Isto virá a tona algum dia? Por que os alemães são ainda estigmatizados coletivamente pelo que ocorreu na Segunda Guerra? Será que os sionistas vão exigir também da Rússia as milionárias indenizações de guerra que a Alemanha ainda é obrigada a pagar? A indústria do Holocautro será voltada agora para as ex-Repúblicas Soviéticas? A verdade de Katyn veio à tona apenas porque o Império Soviético ruiu. Quando o Império Ianque também cair (e está mais próximo do que se imagina), muita desgraça será revelada pelo Ocidente. Com certeza. E o “Oscar” estrangeiro jamais iria para um filme como “Katyn”. Os milionários judeus norte-americanos não deixariam jamais.
Sobre a tragédia, o diretor Andrzej Wajda comentou: "Os poloneses estavam totalmente desorientados e não reagiram. Não sabiam sobre o pacto entre Hitler e Stalin. Enquanto os soviéticos capturavam os oficiais e os matavam um a um, os nazistas enviavam os intelectuais poloneses aos campos de extermínio. É a história de mulheres como minha mãe, que durante anos confiaram no retorno do marido, enquanto os soviéticos apagavam provas de seu massacre".

Assistamos ao trailer do filme:

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