Um dia antes da morte de Jonas Pinheiro, um dos maiores defensores do setor agro-pecuário, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) criticou a posição da Ministério da Agricultura com o embargo da carne bovina brasileira, promovido pela União Européia (UE). O embargo foi anunciado no último dia 30 de janeiro e, conforme sustentou o senador, foi uma decisão política para proteger a carne européia do avanço das exportações brasileiras sobre o setor naquele continente. Demóstenes disse que a decisão prejudica diretamente os produtores de Goiás, estado responsável por 15% das exportações brasileiras, assim como todos os pecuaristas do país. A reação do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, ao embargo, no entanto, foi o maior alvo das críticas que o senador fez em Plenário.
Para Demóstenes, ao concordar com as exigências de rastreamento das propriedades brasileiras produtoras de carne por parte da União Européia, que reduziu de 12 mil para 300 as propriedades habilitadas à exportação de carne para a Europa, o ministro demonstrou submissão às regras protecionistas do primeiro mundo. "O ministro inclusive fez escárnio com os produtores brasileiros ao afirmar que as sanções da UE tinham procedência, simplesmente porque os produtores brasileiros não cumpriam as regras sanitárias exigidas. Isso não é atitude de ministro", protestou Demóstenes, recordando que o ex-ministro Pratini de Morais enfrentou o monitoramento da doença da vaca louca no Brasil, em 2000, visitando técnicos europeus para explicar as providências que o país havia tomado.
A União Européia suspendeu a importação de carne brasileira (clique aqui). O Brasil exportava 327 mil toneladas de carne bovina para os países da União Européia. O fazendeiro e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Luiz Hafers, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim, que o embargo da União Européia "é uma boa desculpa para uma má situação" (clique aqui para ouvir o áudio). Hafers disse que a pecuária brasileira vai arrasar a pecuária européia. "Os Irlandeses estão liquidados. A agricultura brasileira vai arrasar a agricultura subsidiada dos outros", disse Hafers.Luiz Hafers lembrou que "até o pessoal do champagne está reclamando porque o nosso espumante é bom". Por isso, Hafers acha que o brasileiro não vai ser bem quisto em Reims (clique aqui para saber mais sobre Reims, a capital do Champagne).Hafers disse que não adianta o pecuarista brigar e entrar no conflito. Ele acredita que a dona de casa européia será a grande aliada dos pecuaristas brasileiros. "Nós temos que ganhar as paradas. E o nosso grande aliado é a dona de casa européia", disse Hafers.
Leia a íntegra da entrevista de Luiz Hafers:
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/476001-476500/476448/476448_1.html
MEU COMENTÁRIO: Demóstenes Torres está certo quanto à redução do número de produtores brasileiros que poderão exportar para a Europa. É realmente um absurdo. É uma tentativa de reduzir as vantagens comparativas que temos (e aí uma delas é exatamente o tamanho continental do Brasil e sol abundante todo o ano) para que eles possam beneficiar e proteger os seus próprios produtores. Na verdade, está na hora de refletirmos um pouco aquela conversa imbecil de que devemos abrir nossa economia. Pois, como se vê, quando se trata de nossos produtos terem vantagens comparativas, eles tracam a porta. Quando a vantagem é deles, quando os produtos vêm de lá, exigem que abramos nosso mercado. Se nossa carne não pode entar lá, está na hora de colocarmos para fora as telefônicas da vida, protegendo nosso mercado, afinal. Por outro lado, o ministro Renhold é homem sério e competente. Demóstenes só o está atacando por que é de um estado com agro-negócio poderoso. Mas, o ministro da Agricultura está certíssimo quanto à submissão do governo anterior. Coisa de quem pensa o Brasil com os olhos não de brasileiros, mas dos outros. Mas... cá entre nós: a verdade é que, se o mercado não fosse tão voltado para a exportação, num país continental como o nosso, teríamos um produto mais barato e de melhor qualidade que seria muito bem consumido no mercado interno. Cláro! se nossos salários também fossem menos ruins (é bom lembrar que, teoricamente, o conjunto de salários de todos os brasileiros forma o "Mercado" brasileiro). O que seria ótimo para os todos os brasileiros. Proteína bem consumida para um maior número de pessoas. Mas, não, aplicam o dumping (sacrifício do mercado interno em proveito das exportações para destruir a concorrência de lá, típico de colônias de exportação) porque beneficia um grupo restrito de exportadores (geralmente transnacionais) e porque as exportações são em dólar e, assim, teoricamente, engordam a balança de pagamentos do Brasil, fazendo com que o governo tenha mais recursos para pagar a famigerada e ilusória "Dívida Pública". HÁ!HÁ!,HÁ!
Repito: pagar a dívida pública, não a dívida social, não a dívida em infra-estrutura, não a dívida em energia, não a dívida em educação... e por aí vai. Assim, a melhor carne, a mais saborosa (mas, por incrível que pareça, proporcionamente a mais barata) vai para os europeus e norte-americanos e, nós, reles brasileirinhos, somos obrigados a ficar com uma carne de menor qualidade e mais cara, repito, proporcionalmente. Beleza!!! É isso que dá sermos uma imensa "plantation", um quintalzão, uma gigantesca horta, que vive em função não de nós mesmos, mas daqueles que nos dominam. É isso aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário