quinta-feira, 15 de maio de 2008

CINEMA





Bodas de Papel


Embora Nossa Vida Não Cabe num Opala (com estréia prevista para junho) tenha faturado o troféu de melhor filme no recente festival Cine PE, do Recife, foi Bodas de Papel que levou o prêmio do júri popular. A vitória indica o caminho a ser trilhado pelo segundo longa-metragem do diretor paulistano André Sturm – parte da crítica deve torcer o nariz, enquanto a platéia vai recebê-lo de braços abertos. Há falhas na realização, contornadas, porém, com uma comovente história de amor protagonizada por um casal de atores em perfeita sintonia.
A trama reúne na fictícia cidade de Candeias, no interior paulista, Nina (Helena Ranaldi) e Miguel (Darío Grandinetti). Ela volta ao vilarejo, desabitado por causa da frustrada construção de uma hidrelétrica, para reabrir o hotel do avô (Sérgio Mamberti). Numa noite de chuva, dá abrigo ao arquiteto Miguel, que está à espera de uma cliente (Cleyde Yáconis). Um olhar enviesado aqui, um sorrisinho maroto ali... E brota nos quarentões uma paixão típica de folhetim. Sturm não economiza nos clichês visuais e verbais para dar vida a personagens críveis. Cerca-se, contudo, de atores tarimbados, entre eles Walmor Chagas, e extrai uma simpática atuação em bom português do argentino Darío Grandinetti, que fez o marido da toureira de Fale com Ela, fita de Almodóvar. Descuidos na direção de arte e nos enquadramentos são amenizados por uma elegante trilha sonora, com temas de Gardel, Albinoni e Vivaldi, e por um singelo romance capaz de tocar fundo os corações apaixonados.
Bodas de Papel, de André Sturm (Brasil, 2008, 102min).

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