quinta-feira, 15 de maio de 2008

Dodecacine

Ciclo de estudos cinematográficos
Por Patrícia Castello Branco
A livraria Sebinho, da 406 Norte, está realizando, em seu novo centro cultural, um projeto chamado Dodecacine. São encontros semanais para discutir relações do cinema com outras 12 áreas do conhecimento humano: antropologia, arquitetura, artes visuais, educação, filosofia, história, literatura, música, política, psicanálise, sociologia e teatro. Em 12 quartas-feiras sucessivas, haverá palestras de professores e pesquisadores de uma área, seguidas de debates. Cineasta e coordenador do projeto, Renato Cunha conta que o objetivo das reuniões é discutir um filme e relacioná-lo com outras áreas significativas. E explica o porquê da escolha do nome Dodecacine. "Além de indicar o número de encontros, alude ao conceito do dodecafonismo musical, técnica de composição que valoriza a individualidade de cada som. É exatamente assim que vamos trabalhar: analisando a individualidade de cada área e suas diferenças e semelhanças com o cinema." O filme “Deus e o diabo na terra do sol”, de Glauber Rocha, foi o escolhido para rodar na quarta-feira, 14 de maio, pelo especialista em música e professor da UPIS Eufrásio Prates. A discussão foi feita a partir da análise entre o cinema e a música. "O cinema é igual a imagem visual mais movimento, ou seja, o som e a imagem separados não fazem o menor sentido. Basta experimentar assistir a um filme sem o som ou ouvir um som sem a imagem", opinou Eufrásio. O longa de Glauber Rocha, de 1964, é considerado um marco na cinematografia nacional, mais real, com mais conteúdo e menos custo. Ele conta a típica história da luta nordestina do coronel com o sertanejo. "O que mais admiro e que me fez escolher esse filme para analisar foi justamente por ele ter sido um marco do Cinema Novo. Glauber Rocha substituiu a falta de verba pela sua criatividade", disse Eufrásio. Na reunião, o professor ainda falou das diferenças entre a música e o cinema. Para ele, é muito mais fácil a tentativa de fazer um som do que experimentar fazer um filme. "A produção musical traz muito menos complexidade do que a criação de um filme hollywoodiano." A programação dos filmes nacionais e internacionais e a área a que eles se relacionam já está fechada: O Bebê Santo de Mâcon, de Peter Greenaway e o teatro foi o tema do primeiro encontro, e Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha e a música, o segundo. Nas próximas semanas serão apresentados Amarelo Manga, de Cláudio Assis e a sociologia; Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas, de Tim Burton e a filosofia; Desejo e reparação, de Joe Wright e a literatura, La Jetée, de Chris Maker e a psicanálise, Asas do Desejo, de Wim Wenders e a educação, The Fountainhead, de King Vidor e a arquitetura, Adeus, Lênin!, de Wolfgang Becker e a história, Identidade de Nós Mesmos, de Wim Wenders e artes visuais, Nanook of the North, de Robert Flaherty e a antropologia e Z, de Costa Gravas e a política. Renato Cunha pretende lançar um livro ao final do projeto com todas as discussões e depoimentos de professores e especialistas

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