N'DJAMENA (Chade) – Os rebeldes que no fim de semana pareciam capazes de destituir o presidente chadiano, Idriss Deby, antes que a relação de forças se inclinasse a favor do exército, aceitaram nesta terça-feira, sob fortes pressões diplomáticas, o princípio de um "cessar-fogo imediato". Deby, que permaneceu entrincheirado em seu palácio de N'Djamena durante os combates, recebeu nesta segunda-feira o apoio categórico das Nações Unidas, dos Estados Unidos e da França, sua principal aliada. Diante da situação, a Casa Branca se declarou nesta terça-feira preocupada pela crise no Chade, advertindo que a comunidade internacional tem "muito a fazer para ajudar a resolver a situação". "Nesta manhã nós soubemos que mais gente estava escapando da violência, mas nós não sabemos quanto tempo isso ainda vai durar e, por isso, continuamos muito preocupados", disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade uma declaração que condena a ofensiva rebelde e pede que se respeite a soberania do país africano, abrindo a porta a uma intervenção direta francesa. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou na terça-feira que "se a França deve fazer seu dever no Chade, o fará". "Agora que existe uma decisão jurídica do Conselho de Segurança adotada por unanimidade, se o Chade for vítima de uma agressão, a França teria, utilizando o condicional, meios para se opor a esta ação contrária às regras do direito internacional", acrescentou Sarkozy.
O conflito
O Chade acusa o Sudão de apoiar aos rebeldes que realizaram um sangrento ataque contra a capital N'Djamena no fim de semana passado. Os Estados Unidos fizeram contato nesta segunda-feira com as autoridades sudanesas, para exigir que elas ponham fim imediatamente a qualquer apoio aos rebeldes do Chade, informou o porta-voz do departamento de Estado, Sean McCormack. O Sudão, que patrocina os grupos armados hostis a Deby, se opõe ao envio de uma força de 3.700 homens da União Européia (UE) do lado chadiano o centro-africano de sua fronteira, que tem o objetivo de proteger os refugiados da província sudanesa de Darfur. Segundo os guerrilheiros, a França já interveio. No comunicado em que os rebeldes aceitavam o princípio de um "cessar-fogo imediato", os insurgentes acusaram a França de ter "causado muitas vítimas civis" em uma "intervenção direta" em N'Djamena. "Conscientes do sofrimento da população chadiana e reconhecendo as iniciativas de paz de países irmãos, Líbia e Burkina Fasso, as forças de resistência nacional aceitam um cessar-fogo imediato", declarou o porta-voz da aliança rebelde Abderaman Kulamalá no comunicado, lido para a AFP por telefone. Entre 15.000 e 20.000 chadianos se refugiaram nos Camarões para escapar dos combates en N'Djamena que, segundo a Cruz vermelha, já teriam causado 1.000 feridos. As ruas de N'Djamena estavam cheias de corpos e os prédios mostravam inúmeras perfurações de bala. Durante o fim de semana, foram registrados saques em casas dos bairros mais prósperos da cidade. (Correio Braziliense)
O Globo Online
Público.pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário